A exibição do filme Capitães de Areia, assinado pela neta do escritor, Cecília Amado, abre a homenagem a Jorge Amado no dia 06 de março de 2012, no Campus da Alcindo Cacela da Universidade da Amazônia (Unama), no auditório David Murrafej.
As seções ocorrem às 17h.30 e outra às 21h com a exibição do filme, lançado no fim do ano passado. O longa que envolveu mais de 1.200 jovens tem o roteiro assinado por Cecília e Hilton Lacerda a partir do livro homônimo escrito em 1937.
Trata-se de obra denúncia sobre a realidade de jovens pobres de Salvador. O romance da primeira fase do escritor baiano já foi adaptado para o teatro em inúmeras ocasiões. Em 1971 o estadunidense Hall Bartllett o formatou pela primeira vez para o cinema. Em 1980 foi a vez da TV.
Pedro Bala lidera um grupo de meninos e meninas de rua que sobrevive de pequenos furtos no universo nordestino marcado pela vivência coletiva nas praias, nas rodas de capoeira e em cultos religiosos de matriz africana. A obra escrita no começo do século passado traça o perfil dos meninos negros e pobres da capital da Bahia, no início do processo de industrialização do Brasil. O drama da infância e da adolescência não é novo na realidade brasileira.
Na década de 1980 o livro do maranhense José Louzeiro, Infância dos Mortos volta a iluminar a situação das crianças e adolescentes. Desta feita, dos internados na Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem -uma espécie de presídio\reformatório da época). Trata-se de um romance-reportagem, que ganhou as telonas no ano de 1981 a partir das mãos do argentino Hector Babenco, que o rebatizou de Pixote – A Lei do Mais Fraco.
Pixote é um menino de 11 anos, semianalfabeto, que vive na metrópole de São Paulo. O romance, como o filme, não doura a pílula. É cru e vigoroso, e descortina o árido cotidiano do submundo do menino de rua, que viveu num universo marcado pela violência em infinitas faces: entre celas, prostibulos e cortiços. Não lembra Cidade de Deus? O livro de Paulo Lins, um negro da favela carioca chegou ao mundo em 1997. O filme do diretor Fernando Meirelles em 2002.
Babenco ganhou notoriedade internacional por conta do filme que recrutou parte do elenco nas favelas paulistanas. O menino ator que protagonista Pixote, Fernando Ramos da Silva, após o sucesso do filme não conseguiu se firmar no mercado.
Chegou a ser contratado pela Globo por conta da mediação de Louzeiro, mas, como não conseguia decorar os textos por ser semianalfabeto, voltou ao universo do crime. E em seguida foi assassinado. Celebrado no mundo, o filme foi exibido e debatido em todos os rincões do Brasil no período de redemocratização do Brasil, de universidades a clubes de mães, passando por associações de bairros.
A morte de Fernando inquietou o cineasta José Joffily a produzir o filme Quem matou Pixote? No ano de 1996. As várias dimensões do universo da criança e do adolescente também ganharam atenção do jornalista paulista Gilberto Dimenstein no início dos anos 1990 no livro Cidadão de Papel – a infância e adolescência e os direitos humanos no Brasil.
O jornalista aproxima os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da realidade sócio econômico em que sobrevive a maioria das crianças e adolescentes no país. O livro laureado com o Prêmio Jabuti em 1993 reflete sobre as desigualdades sociais que persistem no Brasil, tendo como pano de fundo os meninos e meninas marginalizados.
Os\as meninos\as continuam em situação delicada. Uma visita às páginas diárias dos jornais são pobres, negros ou não que povoam os cadernos de polícia. Maioria deles estão como protagonistas de pequenos assaltos, envolvendo ou não situação de sequestro.
A quem interprete tal predominância como a criminalização da pobreza, onde o Estado, que não lhes garante os mínimos direitos, deve atuar de forma firme. Tal agenda na cobertura sobre a situação não atenta para o contexto socioeconômico do país.
O presente viés tem agendado em parte da sociedade a pauta de redução da idade penal, que atualmente é de 18 anos.
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