sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Amazônia - Grandes projetos em questão



Indígenas, movimentos sociais, pesquisadores de ponta e outros nem tanto assim estiveram em Belém entre os dias 30 de novembro a 03 de dezembro participando do III Encontro Latinoamericano de Ciências Sociais e Barragens. Papel do estado, disputa pelo território, mitos sobre a produção de energia a partir de hidrelétricas constaram na pauta.

Os debates foram viabilizados em rodadas de mesas a partir de temas centrais, trabalhos de grupo e conversas ao livre à beira do rio num aconchegante tapíri. Na tarde de ontem indígenas da região de Carajás organizados pelo cacique Paiare trocavam informações sobre o projeto da usina hidrelétrica de Marabá.

A região tem a maior hidrelétrica originalmente brasileira, a UHE de Tucuruí. Faz 26 anos que a hidrelétrica foi erguida no rio Tocantins, no sudeste do Pará. Alguns povos indígenas colecionam até os dias de hoje passivos sociais e ambientais do empreendimento que opera com a capacidade de 8 mil MW. E teve as eclusas inauguradas pelo presidente Lula nesta semana.  Assim o rio ficará navegável.      

A região, Tocantins Araguaia, se configura como um eixo de integração no planejamento do governo federal.  Além de cerca de 80 hidrelétricas entre grandes e pequenas, pretende-se a viabilização de transporte multi-modal (rodovia, hidrovia e ferrovia) para viabilizar a circulação de mercadorias, geração de energia e incremento das telecomunicações.  

Ajudam a agudizar a disputa pelo território e as riquezas lá existentes um pólo de soja e um pólo de produção de ferro gusa, que dinamizam uma cadeia de desastres ambientais e sociais que passam: destruição da floresta amazônica e do cerrado, assoreamento das nascentes e dos rios, poluição do ar, trabalho escravo, assassinatos de trabalhadores rurais, entre outros.

A assimetria entre as forças envolvidas, grandes corporações e comunidades consideradas tradicionais conforma a realidade. Entre as megas corporações de diferentes setores, temos: Vale, Alcoa, Cargil Suez-Tractebel e Camargo Correa. Interessadas em projetos de mineração, monoculturas e construção de barragens.  

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