domingo, 7 de dezembro de 2025

Ditadura empresarial militar: general ameaça professor da UFRJ por posição crítica ao regime

Historiador e professor titular da UFRJ, Francisco Carlos Teixeira publicou uma nota em que denuncia intimações judiciais por parte de um general da reserva e ameaças anônimas contra sua vida e integridade física recebidas após criticar figuras da extrema direita.

Ele foi acionado na Justiça pelo general da reserva Álvaro Pinheiro, que acusa Teixeira de calúnia, difamação e falsificação da história. O trabalho do pesquisador é abertamente crítico ao regime militar. O general pede indenização e cassação dos títulos acadêmicos do professor. "Volto ao combate certo de que escreverei mais livros e artigos sobre tempos tão sombrios. Nada me deterá ou me amedrontará", diz o docente em nota publicada na última quarta-feira (3).
Francisco Carlos Teixeira será mediador num dos debates promovidos pela ADUFRJ com o historiador norteamericano Omer Bartov, professor da Brown University. Os encontros tratarão justamente das ameaças da extrema direita para o mundo e para as universidades. Os eventos acontecem nos dias 9 e 10 de dezembro.
Veja a íntegra da nota publicada pelo professor Francisco Carlos Teixeira:
"Rio de Janeiro, 03/12/2025
Um passado que não passa…
Conforme a famosa frase do historiador alemão Ernst Nolte, vivo hoje um triste reviver de tempos que imaginava superados. Hoje fui intimado por um oficial de justiça em um processo no qual sou acusado de calúnia, difamação e falsificação da História (sic!!!) pelo conhecido general Álvaro Pinheiro, que exige indenização e a cassação de meus títulos universitários. Desde algumas semanas, venho também recebendo grosseiras ameaças contra minha vida e minha integridade física, de origens desconhecidas. Agora, meu trabalho livre de cinco décadas como historiador está sob risco de ser silenciado por meio de ameaças e lawfare.
O fato de a transição democrática brasileira ter sido estranha ao conceito de justiça de transição permite, pela terceira vez, que eu e meu trabalho sejamos colocados sob risco de mordaça. Trata-se de um caso único, em uma democracia moderna, de um historiador ser ameaçado por um membro ativo de um regime ditatorial já encerrado.
Aos 71 anos de idade, tenho, entretanto, a mesma força dos 18 ou 19 anos, quando lutei, com milhares de outros brasileiros, pela democracia e pela liberdade do Brasil. Mais que julgar um professor, prometo àqueles que querem calar a História que tal processo será levado adiante como um processo daqueles anos sombrios. Tais ameaças antidemocráticas serão transformadas, de uma ameaça pessoal, em um julgamento da própria ditadura e de seus agentes.
Os anos que passei no Ministério da Defesa e em suas organizações militares — onde fiz verdadeiros amigos — servirão de base para expor um mundo sobre o qual ainda não se fez luz. Estou velho e cansado e, no entanto, com o coração batendo forte do lado certo do peito, orgulhoso de ter lutado o bom combate, o que meus acusadores, com certeza, não podem dizer de suas carreiras. Volto ao combate certo de que escreverei mais livros e artigos sobre tempos tão sombrios. Nada me deterá ou me amedrontará.
Sou historiador da mesma matéria, talvez de menor gênio, que Marc Bloch. Historiadores, como elefantes, não esquecem e não se amedrontam.
Francisco Carlos Teixeira da Silva
Professor Titular de História Moderna e Contemporânea / UFRJ
Professor Emérito de Teoria da Guerra / Eceme / Exército Brasileiro
Doutor Honoris Causa — UFS.

Fonte: redes sociais da Adurj

sábado, 6 de dezembro de 2025

Fórum Permanente sobre Igualdade Racial no município comemorou o avanço e definiu ações de combate à violência contra a juventude negra 

A inclusão formal da perspectiva racial no Plano Plurianual (PPA) de Marabá foi celebrada como o principal resultado concreto do trabalho conjunto entre o Ministério Público Federal (MPF) e os coletivos sociais que este ano lançaram o Fórum Permanente sobre Igualdade Racial no município. A conquista foi destacada nesta quinta-feira (4), durante a reunião pública que marcou o encerramento do ciclo anual de atividades do fórum, consolidando a atuação da entidade no combate ao racismo estrutural e à vulnerabilidade da população negra na região. Além do avanço orçamentário, o encontro definiu uma ampla agenda de fiscalização em saúde, educação e segurança pública, como forma de combate à violência contra a juventude negra. Leia a íntegra no MPF


sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

MPF recomenda ao Iphan proteção urgente e tombamento de sítios arqueológicos em Santarém (PA)

Recomendação cita riscos da expansão urbana e portuária aos sítios Porto e Aldeia e cobra mapeamento e fiscalização do órgão em 30 dias

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou à presidência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) que sejam adotadas medidas urgentes para a proteção e o tombamento dos sítios arqueológicos Porto e Aldeia, localizados na zona urbana de Santarém (PA). A ação visa reduzir os danos causados pelo avanço imobiliário e pela expansão de atividades portuárias sobre o que é considerado o maior complexo arqueológico urbano da Amazônia.  Leia mais AQUI

Territórios Quilombolas Murumuru e Tiningu recebem o “Auto da Nascença”

Espetáculo gratuito será apresentado nos dias 6 e 7 de dezembro.


No terceiro fim de semana seguido de circulação do espetáculo de rua “Auto da Nascença”, o Teatro Iurupari da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) realizará mais duas apresentações, desta vez em territórios quilombolas do município de Santarém, situados na região da Rodovia Curuá-Una (PA-370). A primeira ocorrerá neste sábado, 6 de dezembro, às 19 horas, na comunidade Murumuru; e a segunda apresentação no domingo, dia 7, às 17h30, na comunidade Tiningu. O espetáculo é gratuito, sendo classificado como “livre para todos os públicos”. Leia a íntegra AQUI


MANIFESTO CRITICA AUSÊNCIA DA LITERATURA NA COP30 E PROPÕE CRIAÇÃO DO FÓRUM PERMANENTE

Em nenhum momento a agenda da COP possibilitou um diálogo sobre o tema


Escritores e agentes culturais reunidos em Belém, no dia 19 de novembro, no seminário Palavras da Amazônia, lançaram nesta quarta-feira, 3 de dezembro, um manifesto em defesa da literatura amazônica. O documento pontua que foi um "erro crasso" não ter sido programado nenhum evento sobre literatura durante a COP30, realizada em Belém em novembro.


O evento Palavras da Amazônia foi promovido pela Federação das Academias de Letras do Pará (FALPA), na Casa da Linguagem, reunindo mais de 150 participantes entre escritores, educadores, alunos, pesquisadores, ativistas culturais e outros trabalhadores do cenário literário. Leia a íntegra da matéria e o manifesto AQUI

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

NOTA PÚBLICA DE REPÚDIO PRISÃO ILEGAL DRA. LENIR (CEBRASPO/ABRAPO)



O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (CEBRASPO) e a Associação Brasileira dos Advogados do Povo Gabriel Pimenta (ABRAPO) vêm a público denunciar, com veemência, a violenta escalada da repressão e da perseguição política contra o movimento camponês no Estado de Rondônia, materializada na infame “Operação Godos”. Leia a íntegra AQUI

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

COP 30 em Belém deixou algum legado ? O professor Gutemberg Armando Diniz Guerra analisa

Que eu saiba, nenhuma Conferência entre as Partes foi tão comentada entre nós, brasileiros, quanto essa trigésima que o mundo presenciou, tendo como palco a maior floresta tropical do mundo, a cidade de Belém do Pará com todas as suas virtudes e mazelas e, como protagonistas, antagonistas e coadjuvantes, os governantes, a sociedade civil compreendida por povos tradicionais, nativos, imigrantes, estrangeiros, movimentos sociais organizados e oportunistas de todo o planeta.  Leia a íntegra AQUI

 Ministério Público Federal (MPF) entrou na Justiça, na terça-feira (25), com uma ação em que pede decisão urgente para obrigar a remoção definitiva da carcaça do navio Haidar e o esgotamento completo dos resíduos oleosos ainda contidos na embarcação, naufragada no Porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA), há 10 anos. O MPF também pede indenização de pelo menos R$5 milhões por dano moral coletivo, além de R$91,4 mil referentes aos prejuízos ambientais já calculados. Leia a íntegra no site do MPF

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Marabá – Fábio Oliveira Lima, sociólogo, diretor e produtor realiza I Edição do Festival de Cinema ‘Clima em Cena’

 

Dialogo na escola Liberdade, Marabá/PA. Foto: T. Cruz

O Festival realizado entre os dias 27 de outubro e 03 de novembro, teve como horizonte a promoção de um espaço cultural e educativo de troca, onde o cinema atua como ferramenta de diálogo e mobilização frente aos desafios das mudanças climáticas. As escolas EEEM (Escola de Ensino Municipal) Liberdade e no CMRIO (Colégio com supervisão militar)-Tocantins foram os palcos das sessões.
 

A iniciativa do sociólogo diretor e produtor Fábio Oliveira Lima foi selecionada no Edital de Chamamento Público Nº 002/2025 - Fomento à Criação de Projetos Culturais, da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do município de Marabá.

Momento de troca com os discentes da CMRIO-Tocantins. Foto: F. Lima

Além de exibições de filmes, a iniciativa promoveu a Oficina de Produção Audiovisual: Juventude e Clima, voltada especialmente para os estudantes da EEEM Liberdade e produções audiovisuais a partir de aparelhos celulares.

Exibição de filmes na escola Liberdade. Foto; T. Cruz

 Durante a oficina, realizada em 26 de agosto, os jovens foram incentivados a desenvolverem vídeos autorais  sobre questões ambientais que afetam diretamente suas realidades, a exemplo do desmatamento, da poluição, da escassez de água e a relação entre clima e desigualdade social, além do histórico da escola que completa 40 anos.

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Comuna Cepasp/Marabá: debate sobre a liberdade de cátedra marca lançamento do livro do professor Rogerio Almeida, da UFOPA

 

Mesa de debate sobre a liberdade de cátedra. Foto; Thiago Cruz 

Na tarde do dia 22, um sábado, a Comuna Cepasp, com sede em Marabá,  acolheu o lançamento do livro Arenas amazônicas: economia, natureza e sociedade, autoria de Rogerio Almeida, professor do curso de Gestão Pública, da UFOPA, campus Santarém. O livro foi selecionado no edital de Política Nacional Aldir Blanc, do município de Santarém.

Entre ensaios e reportagens o livro é composto de 13 trabalhos. O conjunto reflete sobre a implantação de grandes projetos no Pará e no vizinho estado do Maranhão. Alguns trabalhos são mais robustos, outros nem tanto. Alguns foram atualizados.  A maioria é autoral. Todavia, a jornalista Lilian Campelo divide uma reportagem sobre mineração com o pesquisador. 

Além de ensaios autorais, Almeida conta com a contribuição  de Júlia Iara, militante do MST. Em texto de verve poética, a militante  empreende reflexão sobre o temor em ser ativista em terras amazônicas. O escrito foi gestado quando da passagem do Massacre de Eldorado, que em 2026, soma 30 anos.

A advogada e poeta Wanda Monteiro, filha do escritor, advogado, gestor público e político Benedicto Monteiro, cedeu uma  loa lírica escrita em homenagem ao pai. O texto foi produzido para ser lido quando da entrega da comenda de doutor honoris (pós morte) conferido pela UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará) em 2025.

A Comuna existe há 40 anos. É um espaço dedicado à pesquisa e assessoria sindical e movimentos sociais. Fez parte de inúmeros fóruns nacionais e internacionais. Na região, tem um papel de vanguarda no debate ambiental, na comunicação popular, na luta pela terra e pela defesa dos direitos humanos.

Celebração e bate papo pós lançamento do livro do professor Rogerio Almeida. Foto: redes sociais

Liberdade de cátedra- uma reflexão sobre a liberdade de cátedra precedeu o lançamento do livro.  Os professores Armando Tafner (Unifesspa), Marcelo Melo (IFPA) e dirigente sindical, Amailson Lima (UEPA), campus de Conceição do Araguaia e representante sindical,Raimundo Gomes da Cruz Neto, educador popular e dirigente da Comuna Cepasp, José Batista Afonso, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Marabá compuseram a mesa.

A seção foi organizada por conta de processos movidos por empresários do Mato Grosso contra o professor Almeida.  O motivo é um artigo acadêmico publicado na revista da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em dezembro do ano passado.

O trabalho versa sobre o projeto que pretende erguer um complexo portuário na cidade de Santarém, oeste paraense. Um território de incidência de aldeias indígenas territórios quilombolas e campesinos.

Marcelo Melo recuperou que desde o começo da década a educação pública tem sido um alvo sistemático de setores reacionários do país. Tanto no ponto vista jurídico, com a proposição de uma série de leis que atacam a liberdade e a autonomia universitária, quanto na elaboração de narrativas que visam desqualificar a educação. Como exemplo, o professor relembrou a proposta da “escola sem partido”. 

Lima, dirigente da UEPA, enfileirou inúmeros casos ocorridos em todo o estado do Pará e no país.  No caso do Pará, recordou o ataque recente por uma professora da Unifesspa, por conta de sua intervenção em audiência que debatia a remoção do Pedral do Lourenço, localizado ente os municípios de Itupiranga e Nova Ipixuna.   

A antiga demanda pela remoção do Pedral é estratégica para viabilizar a a hidrovia do rio Tocantins. O projeto integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.

 Por sua vez, o professor Tafner, que já foi alvo de processos por conta de sua produção alinhada a setores populares no Mato Grosso, esclarece que a situação de ataque à universidade pública consiste em uma estratégia de intimidar e silenciar as vozes críticas da instituição.

 “Ocorre que estamos em um cenário que a atuação do grande capital é escala planetária. E, nós atuamos em uma escala que em certa medida é local e mais frágil”, avaliou o pesquisador.

O experimentado educador popular, Raimundo Gomes, segue vereda semelhante ao professor Tafner, e contempla o aspecto macro das disputas políticas e ideológicas sobre o desenvolvimento para a Amazônia. “Estamos diante de um cenário marcado por inúmeras encruzilhadas, onde temos a democracia em jogo , a civilizatória, a ambiental e a humana”, considera Gomes, que realça que a universidade não escapa aos interesses do capital.

Batista Afonso, advogado da CPT, manifestou solidariedade e apoio ao professor Almeida.  “A agente acredita que a universidade também integra os espaços de disputas nas arenas nacionais. Entendemos que as ações contra o pesquisador da UFOPA, assim como tantas outras país afora, tem como objetivo principal o silenciamento de vozes críticas da universidade. Em particular as alinhadas aos movimentos sociais”, encerrou o defensor da CPT.  

sábado, 22 de novembro de 2025

Assassinatos e impunidade no campo do Pará: site paulista Repórter Brasil repercute livro da CPT de Marabá/PA

O livro foi lançado no último dia 20, durante a COP 30

DE BELÉM (PA) — Dos 1.003 assassinatos no campo registrados no Pará nos últimos 45 anos, apenas 61 chegaram a julgamento. Destes processos, houve denúncia de mandantes em 30 casos (metade deles acabou absolvida), enquanto 42 pistoleiros foram condenados como executores. A maior parte dos homicídios nunca teve inquérito concluído. As descobertas estão no livro “Assassinatos e Impunidade no Campo no Pará: 1980 a 2024” (Editora Dialética), lançado nesta quinta-feira (20) na COP do Povo, em Belém (PA). Leia a íntegra AQUI

REDD: movimentos sociais repudiam experiência em territórios ancestrais

 No território indígena de Alto Turiaçu - Aldeia Ararorenda do povo Ka'apor, no estado do Maranhão, Brasil, de 9 a 11 de julho, realizamos nosso primeiro encontro como povos indígenas, camponeses, comunidades tradicionais, quilombolas, organizações de defesa dos direitos indígenas de diferentes países da região Pan-Amazônica e de territórios da América Central, onde chegaram os projetos conhecidos como REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal). para facilitar, quando nos referirmos ao REDD adiante, estamos, incluindo também outros nomes que foram criados seguindo a mesma lógica do REDD (por exemplo, quando se fala de projetos de carbono florestal, projetos de soluções baseadas na natureza ou programas jurisdicionais de REDD implementados por governos estaduais ou provinciais e governos nacionais, entre outros). Leia a íntegra do documento AQUI

COP 30: Carta da Cúpula dos Povos sinaliza para a necessidade de superação do modo de produção capitalista

 Depois de mais de dois anos de construção coletiva e de realizar a Cúpula dos Povos,

afirmamos:

1. O modo de produção capitalista é a causa principal da crise climática crescente. Os principais problemas ambientais do nosso tempo são consequência das relações de produção, circulação e descarte de mercadorias, sob a lógica e domínio do capital financeiro e das grandes corporações capitalistas.

2. As comunidades periféricas são as mais afetadas pelos eventos climáticos extremos e o racismo ambiental. Enfrentam, por um lado, a ausência de políticas de infraestrutura e de adaptação. Por outro, a falta de ações de justiça e reparação, em especial às mulheres, jovens, pessoas empobrecidas e não brancas.  Leia a íntegra do documento AQUI

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Assassinatos e impunidade no campo do Pará: lançamento do livro/dossiê lota espaço da Casa do Povo da COP


No dia dedicado à memória do povo negro e seus lutadores, que ainda hoje padecem sob uma estrutura racista, houve luta. Fazia sol na manhã do dia 20, na Casa do Povo da COP, em Belém. O espaço dedicado a debates durante à COP fica no Centro, próximo à Praça da República, que abriga o Teatro da Paz.

Uma territorialidade ao padrão do colonizador, que sufocou entre outros povos, o Tupinambá. Em cada monumento erguido no que se convencionou denominar de belle époque há sangue dos povos da floresta e dos que para cá vieram. Como referencia o samba da Mangueira de 2019, “há sangue retinto, pisado, atrás do herói emoldurado”.  Há sangue e a tentativa de apagamento dos que tombaram nestas jornadas “civilizatórias”.


José Batista e Airton Pereira, Foto: enviada por Airton 

Ainda hoje o padrão colonial se impõe: violência, saque e pilhagem. Os grandes projetos espelham tal realidade. Os saqueadores também estiveram na COP, a vender uma estampa de “bom mocismo” verde. 

Na contracorrente da ordem hegemônica, o livro/dossiê Assassinatos e impunidade no campo do Pará: 1980-2024, autoria do advogado e defensor dos direitos humanos, José Batista Afonso e do professor, Airton Pereira, do curso de História da Universidade do Estado do Pará (UEPA), no município de Marabá, sudeste paraense alerta para a pulsão pela morte que as experiências desenvolvimentistas impuseram para a região. Uma terra encharcada de sangue e impunidade.  A mais letal na luta pela terra do país.

Batista e Pereira são migrantes. Assim como boa parte dos casos que o livro alumeia. Os autores são parceiros por entre as veredas e perigos da bacia do Araguaia-Tocantins de velha data. A obra de cerca de 900 páginas passa a contrapelo e registra as execuções de lideranças, assassinatos e chacinas. São mais de mil casos.  “Não são meros números. São os nossos companheiros/as”, ratificaram os autores e colaboradores em vários momentos do evento.


O acanhado espaço da Casa do Povo ficou lotado para o dedo de prosa. Havia gente de  pé. O procurador Felício Pontes, o histórico militante da reforma padre Paulinho, Luzia Canuto, Elias Sacramento, filhos de lideranças assassinadas na década, a ex deputada Sandra Batista, viúva do deputado João Batista, defensor de posseiros igualmente executado na década 1980, o deputado estadual Elias Santiago (PT), Carlinhos, presidente da Federação dos Trabalhadores/es na Agricultura do Pará (Fetagri), o advogado e defensor dos direitos humanos, Marco Polo, da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), professores de várias universidades testemunharam a apresentação dos autores.

Como se em uma missa estivessem, todos estavam atentos às explicações dos autores.  A peleja até materializar durou perto de uma década, conta Batista, que explica que tudo começou no período antes da pandemia. Os arquivos da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Marabá, Xinguara e Goiás são as principais fontes primárias, todavia, não a única.

Para a gira os autores convidaram notórios lutadores pela reforma agrária e os direitos humanos no estado, entre eles, Pe, Paulinho, a professora de História Luzia Canuto, o advogado e professor da UFPA, Girolamo Trecanni, entre outros.

“A ideia é apresentar o documento às instituições públicas do estado e da União que tenham relação com o tema, para que se estabeleça um diálogo sobre reparação” vaticinou o advogado Batista.  Ao longo dos anos, inúmeros trabalhos acadêmicos e não acadêmicos têm empenhado esforços em recuperar aquilo que a oficialidade tentou apagar. 

O livro/dossiê pode ser adquirido no site da Editora Dialética.  Trata-se de um trabalho urgente e necessário sobre os processos que engendraram a violência como padrão de desenvolvimento, assim com a naturalização.

Mais uma vez, invoquemos o samba da Mangueira/2019: “Salve os caboclos de julho/Quem foi de aço nos anos de chumbo/Brasil chegou a vez/ De ouvir as Maria, Mahins, Marielles, malês”. Os/as sem terra, os/as posseiros/as, indígenas, quilombolas....os povos da floresta...


terça-feira, 18 de novembro de 2025

Professor da UFOPA lança livro sobre temas amazônicos, onde discute a relação entre economia, natureza e sociedade

 O lançamento será seguido de ato pela liberdade de cátedra 




13 trabalhos dão corpo ao livro Arenas Amazônicas: economia, natureza e sociedade, do professor Rogerio Almeida, do curso de Gestão Pública, da UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará). O projeto foi selecionado no edital da Política Nacional Aldir Blanc, da cidade de Santarém, Pará. O professor pretende lançar o livro em várias cidades, a começar pelo município de Marabá, no próximo dia 22, na sede da Comuna Cepasp, a partir das 17h.    

O segundo lançamento, no primeiro momento, ocorrerá na unidade Rondon da Ufopa, na noite do dia 11/12, a partir das 19h, na agenda do curso de Geografia, denominada de Quinta Geográfica. Na oportunidade haverá um ato pela liberdade de cátedra, posto o professor estar sendo alvo de processos por conta da publicação de artigo acadêmico em que reflete sobre grandes projetos na região.  O pesquisador tem promovido diálogos com vistas a apresentar a obra em cidades vizinhas, a exemplo de Belterra e Alenquer.

Ensaios e reportagens refletem sobre a implantação de grandes projetos no Pará e no vizinho estado do Maranhão. Alguns trabalhos são mais robustos, outros nem tanto. Alguns foram atualizados.  A maioria é autoral. Todavia, a jornalista Lilian Campelo divide uma reportagem sobre mineração com o pesquisador. 

Além de ensaios autorais, Almeida conta com a contribuição  de Júlia Iara, militante do MST. Em texto de verve poética, a militante  empreende reflexão sobre o temor em ser ativista em terras amazônicas. O escrito foi gestado quando da passagem do Massacre de Eldorado, que em 2026, soma 30 anos.

A advogada e poeta Wanda Monteiro, filha do escritor, advogado, gestor público e político Benedicto Monteiro, cedeu uma  loa lírica escrita em homenagem ao pai. O texto foi produzido para ser lido quando da entrega da comenda de doutor honoris (pós morte) conferido pela UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará) em 2025.

As primeiras versões dos ensaios autorais de Almeida foram acatadas em publicações dentro e fora do Pará, a exemplo do Encruzas amazônica, que teve a  primeira versão do ensaio  publicada no livro As  GEOGRAFIAS agrárias a partir da Panamazônia: lutas socioambientais e fronteiras do capital no Brasil/2023 (livro aberto).

No mesmo ano a missiva recebeu menção honrosa no Concurso de ensaísmo Serrote, considerado o principal do país. O pleito é promovido pelo Instituto Moreira Salles (IMS). O IMS edita revista homônima, que publicou uma versão do trabalho na edição de nº 47, em 2024. Ainda em 2023, a mesma comunicação foi finalista do Prêmio da Fundação Res República, sediada em Lisboa, Portugal.

Sobre as reportagens, Agência Pública, Ecodebate, Brasil de Fato/RS, site Racismo Ambiental e a extinta Agência Carta Maior foram alguns dos espaços que publicaram o material.  Os trabalhos resultam de atividades de campo, vivências, convivências e observações junto aos sujeitos expropriados pelos grandes projetos,  fontes secundárias e entrevistas com diferentes sujeitos. O conjunto da obra sinaliza para a manutenção da condição colonial da região, marcada pelo aprofundamento da sua economia de base extrativa, onde possuem destaque o saque e a pilhagem.

Vale, Consórcio Norte Energia, responsável pela hidrelétrica de Belo Monte, empresas exportadoras de gado em pé (vivo), Jari Celulose, Belo Sun, madeireiras, políticos são alguns dos sujeitos que concorrem na disputa por terra e as riquezas aqui existentes. Xingu, Marajó, Carajás e o Baixo Amazonas são algumas das regiões tratadas neste percurso.

O autor esclarece que nenhuma fração desta obra foi realizada com uso do que se convencionou denominar de IA.

Sobre o autor

É graduado em comunicação social (UFMA), possui mestrado em planejamento do desenvolvimento (NAEA/UFPA), com dissertação laureado com o Prêmio NAEA/2008, e doutorado em Geografia Humana/USP. É professor do curso de Gestão Pública e Desenvolvimento Regional, na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). É pós -doutorando na UFSC, no curso de Pós Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, na linha de pesquisa Desenvolvimento, Conflitos e Políticas Públicas, sob a orientação do professor Marcos Montysuma.  Desde a década de 1990 escreve sobre temas amazônicos. Ao longo de suas jornadas tem organizado obras autorais e coletivas, produzido artigos acadêmicos e jornalísticos, ensaios e crônicas.

Lançamentos

Marabá/PA

Dia: 22 de novembro

Local: Comuna Cepasp

Horário: 17h

 

Santarém/PA

Dia: 11 de dezembro

Local: Unidade Rondon da Ufopa

Horário: 19h

O livro pode ser baixado AQUI

A quem interessar o livro físico, o custo é de R$70,00 (frete incluso).

Entregamos para todo o Brasil, inclusive para as regiões Sul e Sudeste.

Contato: (93) 99228 1379

Professor da UFOPA lança livro em Marabá sobre grandes projetos na Amazônia

Ato pela liberdade de cátedra marcará o lançamento do livro

A Biblioteca Popular Ademir Martins dos Reis, do CEPASP tem a honra de convidá-lo para o lançamento do livro ARENAS AMAZÕNICAS: economia, natureza e sociedade, autoria.do companheiro Rogério Almeida, professor da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). O evento ocorrerá no dia 22, a partir das 17h, na sede da instituição.

A obra emerge diante de um cenário de arbitrariedades e violências desencadeadas pelos destruidores da Amazônia contra professores (as)/pesquisadores (as) no exercício de sua profissão.  Em todo o Brasil professores do espectro do campo popular têm sido alvo de processos ou ataques em redes sociais e afins ao produzirem e publicarem estudos com viés crítico ao processo econômico hegemônico, que tem condenado há séculos a Amazônia à condição colonial. O lançamento também será um ato em defesa da liberdade de cátedra e de expressão.

Por conta de artigo publicado pelo professor Almeida no fim de 2024, na revista Estudos Sociedade e Agricultura, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o professor vem sendo alvo de processos de empresários do Mato Grosso, que pretendem erguer um complexo portuário em Santarém, no oeste do Pará, em território onde prepondera a presença de indígenas, quilombolas e campesinos.

 

SERVIÇO:

Evento: Lançamento do livro Arenas Amazônicas: economia, natureza e sociedade.

Local: Espaço de multiuso Albertina Sandra Moreira dos Reis, Comuna CEPASP, Rua Sororó, 129, Novo Horizonte.

Hora: 17:00 horas

Preço do livro: R$40,00

 

Enviado pela assessoria da Comuna Cepasp




Perseguição jurídica contra professor Rogerio Almeida/UFOPA: Justiça rejeita queixa crime da família Riva, que pretende construir um complexo portuário na região do Maicá

 

O juiz titular da 2ª Vara de Justiça de Santarém, Rômulo Nogueira de Brito decidiu pelo arquivamento de queixa crime que imputa ao professor da UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará), Rogerio Almeida ter caluniado os senhores Pedro, Wagner e Ronaldo  Riva. A família de empresários do Mato Grosso pretende construir um complexo portuário na região do Maicá, no município de Santarém, território marcado pela presença de indígenas, quilombolas e campesinos. 

O motivo foi a publicação de um artigo científico publicado na revista Estudos Sociedade e Agricultura, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em dezembro do ano passado.  O trabalho reflete sobre as disputas territoriais na região, onde o autor sublinha as assimetrias entre os diferentes sujeitos que disputam tanto o território, quanto a construção de sentidos sobre a Amazônia. 

O juiz considera que em nenhum momento o trabalho do professor tipifica caso de calúnia. Em sua fundamentação, o doutor Brito realça que “jurisprudência do STJ estabelece que, para a configuração do crime de calúnia, é necessária a imputação falsa de fato determinado e definido como crime, o que não se verifica no caso em análise”.

O juiz  mobiliza a Ação Direta de Inconstitucionalidade, nº 4451, assinada por Alexandre de Moraes, do Superior Tribunal Federal (STF), que trata da liberdade de expressão, em que realça o item como “viga mestra da democracia e protege não apenas as opiniões simpáticas, mas também as "duvidosas, exageradas, condenáveis, satíricas, humorísticas".

Amparado no artigo 395, inciso III, do Código de Processo Penal, o doutor Brito sustenta que “A análise percuciente dos autos revela que a queixa-crime não merece prosperar. Posto o artigo estabelecer que a denúncia ou queixa será rejeitada quando faltar justa causa para o exercício da ação penal. A justa causa, enquanto condição da ação, exige a presença de elementos probatórios mínimos que demonstrem a materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria, além da própria tipicidade da conduta narrada”.  

Ainda cabe recurso sobre a decisão.

COP dos lobbies: De olho nos ruralistas e ONG FASE apresentam a trama de lobbistas "verdes"

O observatório De Olho nos Ruralistas e a FASE – Solidariedade e Educação lançam o relatório “A COP dos Lobbies”, no dia 10 de novembro, primeiro dia de COP30. O estudo mapeia a influência crescente de grandes corporações brasileiras e de multinacionais nas negociações e nos espaços de deliberação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que começa hoje em Belém (PA). A lista de empresas analisadas inclui as mineradoras Vale e Hydro, o frigorífico MBRF (Marfrig e BRF), a sucroalcooleira Cosan, a gigante do papel e celulose Suzano, a fabricante de agrotóxicos e sementes transgênicas Bayer e os bancos Itaú e BTG Pactual. Baixe o documento no site da FASE

Em tempos de COP 30, descaso do Governo brasileiro prejudica familiares de vítimas de chacina da Fazenda Princesa, ocorrida no Pará há 40 anos 17 de novembro de 2025

 Diante da demora e o descaso do governo brasileiro em punir os responsáveis pelos crimes, a CPT, a SDDH e o CEJIL levaram o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da CIDH/OEA, que recomendou ao Estado Brasileiro a reparar integralmente as violações de direitos humanos ocorridas e indenizar os familiares das vítimas pelos danos suportados, sob o risco de uma nova condenação do Brasil, que já acumula outras sentenças condenatórias sobre violência no campo, como no caso Gabriel Sales Pimenta.

Somente em abril de 2025, o fazendeiro foi preso pela Polícia Federal após ser encontrado em São Paulo, utilizando um nome falso. Contudo, ainda restam incertezas desta indenização para as famílias, especialmente as viúvas, algumas delas com mais de 80 anos: há cerca de um mês, o governo federal tentou voltar atrás e negociar um acordo que já estava encaminhado, desrespeitando a dor e prolongando um sofrimento que já dura quatro décadas. Leia a íntegra da nota no site da CPT

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

COP 30: Sindicato dos Químicos de Barcarena/PA realizam seminário em sua sede

 A  COP 30 e a Cúpula dos Povos trazem à tona a urgência do tema sobre a crise climática e das medidas de enfrentamento ao aquecimento global. 


Visando contribuir com esse  debate o Sindicato dos Químicos de Barcarena realiza mais um importante seminário para tratar de um tema decisivo para o presente e o futuro: a transição energética justa na perspectiva do fortalecimento da ação sindical e da negociação coletiva.  O evento ocorre no dia 19, a partir das  8h30, na sede do SINDQUIMICOS, localizada na  Av. Dom Rômulo Coelho, Qd.377 Lt. 32 e 33 - Vila dos Cabanos. 

Em um momento em que mudanças tecnológicas e ambientais transformam profundamente a indústria, é fundamental garantir que não fiquemos de fora deste debate. 

Durante o Seminário, vamos discutir como a mineração e a química podem avançar rumo a modelos mais sustentáveis, assegurando direitos, proteção social, segurança no trabalho e participação efetiva dos trabalhadores nas decisões. A transição só será justa se incluir quem move a produção todos os dias. O futuro da energia começa agora — e precisa ser construído com justiça, democracia e trabalho digno.

Por conta de inúmeros problemas ambientais provocados pelas megas corporações que operam no município, a cidade já teve a alcunha de Cubatão. Nos dias recentes, por conta da continuação dos problemas, o município foi rebatizado de Chernobyl. 

Por  ironia, entre os patrocinadores da COP consta a  Nork Hydro. A empresa norueguesa controla as plantas da cadeia de alumínio em Barcarena.  As indústrias colecionam problemas ambientais na cidade. 

Enviado pelo Sindicato dos Químicos de Barcarena