terça-feira, 5 de setembro de 2017

Negros, mulheres, cultura e periferia em Belém constituem a coluna dorsal do primeiro volume da série Arenas Amazônicas



O primeiro volume da série Arenas Amazônicas é assinada pelo professor Rogerio Almeida e os ex alunos, hoje jornalistas, Lilian Campelo e Daniel Leite 




O professor Rogerio Almeida, do curso de Gestão Pública e Desenvolvimento Regional, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) assina a cria, juntamente com ex alunos, hoje jornalistas, Daniel Leite e Lilian Campelo. Sete narrativas dão corpo ao livro. A maior parte foi publicada no renomado site paulista Agência Carta Maior. 

Os textos foram produzidos quando o professor ainda era ligado ao setor privado, e morava em Belém. Na época Almeida era vinculado à Unama, Universidade da Amazônia. A ideia em produzir a coleção soma mais de seis anos, e só agora foi possível viabilizar.

O conjunto de textos sublinha ações coletivas de jovens e pessoas mais experientes em diferentes flancos: cultura, política, direitos humanos e cidadania. A obra em PDF pode ser baixada livremente.

As periferias da insular Belém, a exemplo da Pedreira, Icoaraci, Terra Firme e Guamá, e região metropolitana, caso do bairro da Guanabara são notados fora do esquadro comum dos meios de comunicação da cidade, que preferem o aspecto policialesco.

Grafiteiros, DJs, educadores, professores, estudantes, biscateiros, aposentados e desempregados são personagens da obra. Estes, a partir de inúmeros coletivos se impõem como protagonistas de sua própria História, onde afirmam suas identidades coletivas ou individuais como negros, artistas, cidadãos das “quebradas”, que em Belém são conhecidas como baixadas.

Rios serpenteiam a cidade cortada por canais. Num deles, o dos Mundurukus, à Rua dos Pretos, migrantes maranhenses oriundos do município de Cururupu, Baixada Maranhense a partir do Tambor do Crioula e da Escolinha do Reggae delimitam seus territórios como migrantes negros do vizinho estado. Assim, tambores de crioula, danças, canções, manifestações religiosas e ocupação de espaços públicos e ações em mídias digitais são alguns dos recursos usados.

Na Pedreira, bairro do amor e do samba, à Rua Álvaro Adolfo, o Coletivo Rádio Cipó germinou. O mesmo aglutinou gerações diferentes. O grupo hoje extinto, ganhou o mundo nos anos 2000. A vedete Dona Onete segue carreira com boa aceitação no país e fora dele. Os diferentes artífices continuam a atuar, a exemplo do DJ Montalvão, que segue em sua carreira autoral.

As mulheres ocupam lugar de destaque do volume um da série. Thiane Neves e Nega Suh são jovens ativistas do movimento negro, que em certa medida seguem os exemplos das pioneiras Zélia Amador e Nilma Bentes. Diferentes gerações ocupam a mesma trincheira.

Outra experiente ativista incensada no livro é a professora Hecilda Veiga. Histórica militante pela defesa dos direitos humanos do estado encerra a obra.  A professora da Universidade Federal do Pará (UFPA) e o seu companheiro, o advogado Paulo Fontelles, assassinado na década de 1980 por defender camponeses na luta pela reforma agrária foram fundadores da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH).


Arenas Amazônicas – o projeto da coleção é a publicação de três volumes. O segundo volume enfocará a peleja das populações locais e suas formas de enfrentamento aos grandes projetos. 


No conjunto de oito textos constam as disputas territoriais na região do Jari, fronteira do Pará com o Amapá entre extrativistas e a Jari Celulose, hoje controlada pelo grupo paulista Orsa. Outro trabalho aborda crimes ambientais no município de Barcarena, como os transbordos das bacias de rejeitos das grandes empresas e os impactos econômicos, sociais e ambientais junto às populações locais.

Outro tema delicado tratado no segundo volume do Arenas diz respeito à situação de vulnerabilidade de crianças e adolescentes na Estrada de Ferro de Carajás.  Setores de direitos humanos do Maranhão e do Pará travam uma luta que dura mais de dez anos contra a Vale. Além de documentos e coleta de relatos, os autores acompanharam audiências públicas em São Luís, no Maranhão, e em Marabá, sudeste do Pará.

A cadeia ilegal da exploração madeireira também consta na coletânea de textos. Os autores além de dados oficiais, ouviram vários setores envolvidos no processo. O texto inédito foi uma encomenda de um grande site por conta da COP 21, Conferência Climática ocorrida em 2015.  Por conta da crise, texto não foi publicado.

A comunicação popular é o tema do terceiro e último volume da coleção. Nele, parte da experiência de jornais e rádios do campo democrático do estado será recuperada. O plano é lançar somente em 2018.

Colaboração e parceria conformam a iniciativa, onde o autor contou com o apoio de revisores, diagramadores, gente que fez cessão de fotos, e por aí vai. Antes de qualquer coisa a série Arenas Amazônicas é uma iniciativa coletiva, que apesar dos ventos contrários segue em resistência.

CAMPANHA – Os autores estão fazendo uma campanha com vistas a bancar o trabalho de diagramadores e revisores do segundo volume.  As pessoas que apoiarem terão nome publicado numa seção especial da obra.  

Faça a sua doação!
Caixa Econômica Federal/ Conta Poupança
Rogerio Henrique Almeida
Agência - 3229
Conta – 15920-0

A campanha segue até o dia 10 de outubro.

Os apoiadores devem enviar email para araguaia_tocantins@hotmail.com para a inclusão do nome na lista. 

Baixe o volume I AQUI