segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A relação Amazônia, mídia e meio ambiente será debatida em encontro internacional na UFPA


No dia 19, 4ª feira, a partir das 9h ocorre no Auditório do Centro de Eventos Benedito Nunes da UFPA a mesa que debate a relação da Mídia e Meio Ambiente. A coordenação será da Dra Neusa Pressler, professora da Universidade da Amazônia (UNAMA). Os debatedores serão Isaltina Araújo (Universidade Federal de Pernambuco – UFPE), Antonio Almeida (Universidade de São Paulo – USP) e Luciana Miranda (Universidade Federal do Pará – UFPA). A mesa integra a programação do Mídia Cidadã e da Associação Latinoamericana de Investigadores em Comunicação  (Alaic). 

A relação da mídia com a região a partir do viés ambiental tem sido pauta de investigação em inúmeros trabalhos de pesquisa. Dentre eles podemos nomear os tratados do professor Manuel Dutra, Otacílio do Amaral e da Luciana Miranda, todos da UFPA.

E recentemente a pesquisa para obtenção de título de doutoramento na Universidade Federal Fluminense (UFF) da professora Ivana Torres da Universidade da Amazônia (UNAMA).

Em comum em algumas investigações sobre a construção de sentidos sobre a (s) Amazônia (s) ocorrem pontos como a perspectiva homogênea sobre as diversas realidades que integram a região. Os horizontes do exótico, do exuberante ou do estranho são recorrentes.

O professor Dutra adverte que o processo colonial que a região experimentou explica algumas construções sobre a Amazônia. Em particular as visões sobre os  modos de vida locais. Neste sentido as populações consideradas tradicionais são consideradas representações do atraso, e que por isso devem sucumbir ao discurso do progresso e do desenvolvimentismo.  

As populações indígenas, quilombolas, as várias modalidades de extrativistas são enquadradas como incompetentes em gerir as riquezas locais. Perspectiva que vem sendo sedimentada desde os relatos de naturalistas, viajantes, religiosos e mesmo na literatura. E que a mídia atual revigora nos mais diversos suportes.

O antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida ao tratar das principais disputas  que  envolvem os megas projetos que regem a agenda desenvolvimentista e as populações tradicionais, sublinha o cenário conservador da mídia local.
Como o nacional, a contextualização regional é marcada pelo controle dos meios de comunicação em mãos de interesses politico partidário e de grupos familiares. O que acaba redundando numa cobertura parcial sobre o interesse público.  

Um exemplo já considerado clássico é a cobertura sobre os conflitos de terra, marcados pela execução de dirigentes da reforma agrária, os que defendem o meio ambiente e camponeses que lutam pela terra. Tais conflitos costumam ocupar as páginas dos cadernos policiais, sem a devida contextualização da complexa situação do assunto. 

Apesar da Amazônia ser uma pauta internacional em múltiplos fóruns, os jornais locais não possuem um espaço que privilegie a reflexão séria sobre a região. É neste vazio que o nanico Jornal Pessoal, um quinzenário editado pelo jornalista Lúcio Flávio Pinto se consolidou como a principal referência no jornalismo sobre os temas que ele considera históricos, e que nunca estão nas páginas dos principais diários do estado.

Registre-se que a produção do mesmo é tema de pelo menos uns três trabalhos que serão apresentados no encontro de Mídia Cidadã e da Alaic. O reconhecimento no espaço acadêmico de Lúcio pode ainda ser observado na participação do mesmo numa das mesas do evento.  

Saiba mais sobre o encontro AQUI

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