quinta-feira, 20 de maio de 2010

Vale/Norsk Hidro- militante analisa prática anti-sindical no Pará

Gilvandro Santa Brigida (esquerda) Reinaldo Damasceno (centtro) e Manoel Paiva (à direita) durante lançamento do livro Alumínio na Amazônia em Belém/PA

O município de Barcarena abriga um dos maiores pólos de produção de alumínio do mundo. A Albras e a Alunorte eram empresas do portifólio da Vale. E recentemente passaram a ser controladas pela norueguesa Norsk Hidro. O rito de passagem tem provocado incerteza entre os operários.

Até o instante ninguém sabe se vai haver reengenharia. A alteração do controle das empresas coincidiu com o processo eleitoral do Sindicato dos Químicos. A oposição sindical acusa a direção da Alunorte de prática anti-sindical.

A mesma reclamação recai sobre a atual direção do Sindicato, que desligou a entidade da CUT e a filiou a UGT. As acusações foram encaminhadas para a Justiça do Trabalho e comum, conforme notas da Oposição Sindical. Gilvandro Santa Brígida, um dos fundadores do Sindicato e membro da Oposição Sindical, avalia o processo.

FURO - Qual o clima depois que a Vale negociou as empresas com a Norsk Hidro, há receio de demissão?

Gilvandro Santa Brígida – O clima é de incerteza. Não houve nenhuma conversa com os trabalhadores. Corre o boato que as duas empresas (Albras e Alunorte) irão se fundir em uma. Isso tem deixado os funcionários inquietos.

FURO - Qual a situação no processo eleitoral dos Químicos de Barcarena?

GS - Ta tudo bem enrolado. Foram inscritas três chapas. Mas, a comissão eleitoral na pessoa do presidente Alessandro Cristo, em uma atitude unilateral, indeferiu duas chapas. Ele manteve inscrita apenas a chapa da situação. A comissão exigiu das chapas documentos que só podiam ser repassados pelo Sindicato. Como o comprovante de quitação com a tesouraria, e tempo de associado ao Sindicato. Eles negaram estes documentos. E a comissão ao invés de exigir da entidade os mesmos documentos, indeferiu as duas chapas. A alegação foi que não apresentamos os documentos necessários para inscrição da chapa

FURO - A oposição sindical acusa a Alunorte de prática anti-sindical. Que práticas são essas?

GS - Durante a 1º eleição (2007) houve pressão sobre os trabalhadores para votarem contra a gente. O grupo que faço parte ajudou a fundar o Sindicato. Um dos exemplos gritantes foi uma coordenadora de turno quente, que passou uma mensagem pelo rádio dizendo para quem fosse sócio do Sindicato que deixasse o que estava fazendo e fosse votar. Alguém deu a ordem para ela. Foi uma tentativa de impedir membros da oposição de permanecer fora do horário de trabalho no interior da fábrica. E autorizar a entrada de membros da UGT na fábrica, mesmo sabendo que nenhum trabalha na Alunorte. O presidente da comissão eleitoral é da linha de comando da empresa. É líder de turma. A mudança do local da votação da chapeira, onde é comum a presença de muitos operários, acontece somente na entrada e saída para a área de lazer da empresa. O local é passagem de muitas pessoas durante o almoço. Inclusive a urna ficou ao lado da televisão. Fomos expulsos do Sindicato. E depois reintegrados judicialmente.

FURO - O que motiva a empresa a controlar o Sindicato?

GS - Acredito que a postura classista da antiga direção. E principalmente a relação com outras entidades de classe em escala regional, nacional e internacional. E ainda a participação em vários fóruns, onde sempre denunciamos os passivos sociais e ambientais dos empreendimentos. Acumulamos muito conhecimento nesses espaços e com contatos com inúmeros pesquisadores. Os problemas daqui são conhecidos hoje em todo o mundo. Já a atual direção não tem preparo, e fica mais fácil de enrolar.


FURO O que mudou desde a eleição do grupo que desfilou o Sindicato da CUT e o atrelou a UGT?
GS - Acabou a articulação com os outros movimentos e debate que era constante com a empresa a respeito das questões sociais, ambientais e corporativos.

FURO - Ocorreram perdas da categoria? Quais?

GS – Muitas. A principal foi o respeito que a empresa perdeu para com o Sindicato. Perdemos também o subsídio da universidade, o tíquete de natal e a ceia da madrugada, que era de graça para os trabalhadores. E ainda o programa imóvel na planta e as mudanças no programa de PR (participação nos resultados), que agora é discutido junto com o acordo coletivo, que é mais um fator de barganha para a empresa. Antigamente a PR era fechada no primeiro semestre.

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