quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Carajás 30 anos depois - O Distrito Industrial de Marabá

O Polo Siderúrgico de Carajás foi um dos desdobramentos do Programa Grande Carajás.
Ele tem pernas no Maranhão, na cidade de Açailândia e no Pará, em Marabá.
Desde o começo dos anos 2000 ele passa por uma profunda crise.
O aumento das denúncias sociais e ambientais, e a fiscalização contra as carvoarias, aliadas à crise no mercado mundial, provocou o fechamento de várias empresas nas duas cidades.
A primeira a operar em siderurgia na cidade de Marabá, a Companhia Siderúrgica do Pará (Cosipar) teve um triste fim. Fechou há dois anos.
Demitiu o quadro por inteiro. E não honrou compromissos com fornecedores.   
A extração ilegal de madeira e o trabalho degradante integram a aquarela da produção de carvão na região.
Completa o quadro de crise do setor a suspensão do projeto da Vale em produzir aço laminado.
A reclamação comum por ocasião das operações de todas as empresas era a poluição do ar e da água da cidade, além da degradação dos rios Itacaiúnas e do Tocantins.
Os passivos ambientais recaem hoje sobre o frigorifico JBS. Um dos maiores do setor.
Há dias que a cidade fica impregnada pelo odor que exala da empresa.

O setor de indústria e comércio de Marabá tem em pauta  revigorar o Distrito.  

Marabá - greve da Educação entra no terceiro dia


Um telejornal nacional deu visibilidade ao movimento grevista da Educação do município de Marabá, que hoje entrou em seu terceiro dia.

Prédios e carteiras em condições precárias, relatos de professores sobre a pauta de reinvindicações foram as imagens exibidas.

Ocorre nesta tarde uma reunião entre o Sindicato dos Professores e o governo. O Ministério Público faz a mediação.

Luiz Bressan titular da pasta encontra-se numa sinuca.

Quadro do PT da tendência da ex governadora do estado, é conhecido em atuar como assessor de movimentos camponeses.

A primeira greve dos educadores é o batismo de sangue de Bressan como gestor.  
Conforme relatos de professores, o ponto central das reinvindicações é a manutenção dos direitos adquiridos, como o pagamento de horas empregadas no planejamento das aulas.

Marabá - Rede Celpa na berlinda

Celpa em Marabá – como em outras regiões do estado, a Rede Celpa lidera o ranking das queixas ao Procon.
A instituição de defesa do consumidor multou a empresa em mais de quatro milhões.  
A má qualidade do serviço e o aumento das tarifas são os principais motivos das queixas.
A sede da empresa no município de Tucuruí foi alvo de manifestação de segmentos organizados. Eles protestam em particular contra o aumento das tarifas.
Alguns usuários receberam o boleto de cobrança com um acréscimo em mais de 600%. Clientes que pagavam R$100,00 passaram a pagar R$700,00.
Ironia das ironias, o município de Tucuruí abriga a maior hidrelétrica genuinamente nacional.
A mesma foi erguida durante o regime da ditadura civil-militar para abastecer empresas controladas pela Vale, que transformam a bauxita em alumina, e a alumina em alumínio no município de Barcarena, próximo a Belém.
A energia é o principal insumo para a transformação da bauxita em alumina. A Albras e Alunorte, hoje controladas pela norueguesa Norsk Hidro, consomem energia superior a capital do estado, Belém.
Passados mais de 30 anos da construção da hidrelétrica de Tucuruí há registro de pessoas na cidade e proximidades que não contam com o serviço de energia elétrica.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Carajás - 30 anos - UFMA realiza seminário internacional

SÃO LUÍS – O Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais realizará, de 5 a 9 de maio de 2014, na Cidade Universitária, o I Seminário Internacional Carajás 30 anos, com o tema Resistências e mobilizações frente a projetos de desenvolvimento na Amazônia. O objetivo é de avaliar criticamente os 30 anos do Programa Grande Carajás. Para isso, a programação do evento contará com apresentações orais e pôsteres, mesas redondas e grupos de trabalhos (GTs), que tem como público alvo professores, pesquisadores, estudantes universitários, lideranças comunitárias e membros de povos indígenas e populações tradicionais. Leia mais na UFMA

domingo, 26 de janeiro de 2014

Carajás 30 anos depois

Marciano é um homem de meia idade filho da cidade de Baião, no Baixo Tocantins. Ele foi peão de empresa terceirizada no setor de mineração no sudeste do Pará na década de 70.

Atualmente é dirigente de uma associação de camponeses.  

O senhor conta que foi graças a um cozinheiro que procurava ouro num igarapé que  a Vale descobriu minério do projeto Salobo.

Geólogos e outros especialistas já haviam pesquisado a região e nada, conta Marciano. O cozinheiro misturou o que achou com outras coletas, e bingo.

Marciano hoje cursa licenciatura em Educação do Campo no programa do Parfor no Instituto Federal do Pará (IFPA), na cidade de Marabá.

O hoje estudante rememora a densidade da floresta repleta de castanhais e mognos. A fauna era rica. Vara de porcos do mato provocava medo nos peões.

“Era comum a gente passar até quatro dias andando de voadeiras até alcançar uma trilha. Paulistas grilavam terras e tomavam a madeira” rememora Marciano. .

Naquele momento o programa Grande Carajás dava os passos iniciais para a reconfiguração profunda da Amazônia Oriental.

O capital em aliança com a tecnologia contava com o endosso e financiamento do Estado para cimentar as rodovias para o saque numa das mais importantes reservas minerais do mundo, Serra Norte no município de Parauapebas.

Os especialistas das academiais avaliavam que os camponeses migrantes, a maioria composta de nordestinos iriam seguir o em itinerância, dando lugar a eficiência capitalista.

Aos trancos e barrancos os camponeses conseguiram uma territorialização. A produção continua sendo um gargalo. No entanto, a educação avança, a exemplo do Campus Rural do IFPA, fixado num antigo castanhal.

Marciano faz parte de uma turma do IFPA. Passados 30 anos dos passos iniciais de Carajás, a região tem mais de cinquenta por cento definida como projetos de assentamentos rurais.

Os indicadores socioeconômicos são os piores possíveis. Na mais recente lista de trabalho escravo do Ministério do Emprego e do Trabalho a pecuária do sudeste continua imbatível.

Desmatamento, malária, morte de camponeses e assessores e a impunidade não possuem par no país. Os passivos sociais e ambientais são as principais externalidades do  projeto Carajás.

A fronteira agromineral, como definiu o professor Jean Hébette , passa por uma abissal reagendamento, que aprofunda o saque ao coração da Amazônia.

Parte da ferrovia está sendo duplicada por conta da amplificação da exploração de minério de ferro na Serra Sul (S11D), no município de Canaã dos Carajás.

Pátios e o porto do Itaqui também passam por reforma e ampliação. Em breve as obras da hidrelétrica de Marabá, na fronteira dos municípios de Marabá e São João do Araguaia devem iniciar.

É como se a região vivesse um nova Carajazão, como os militares tratavam o projeto que seria a redenção para honrar o pagamento da dívida externa.  
 
Para tentar avaliar os 30 anos do projeto ativistas de direitos humanos e ambientalistas realizam seminários em Marabá, Belém e São Luís.