sexta-feira, 2 de julho de 2010

Gilmar Mendes suspende primeira inelegibilidade de político com ficha suja

O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu hoje (1º) a primeira inelegibilidade resultante da Lei da Ficha Limpa. O ministro Gilmar Mendes determinou que a Justiça Eleitoral não pode negar registro de candidatura do senador Heráclito Fortes (DEM-PI) para cargo eletivo com base nas restrições da Lei da Ficha Limpa. O senador pretende se reeleger ao Senado. Leia mais na EBC

Dunga e a arrogância histórica da Globo

artigo de Venício Lima
Embora tenha apoiado o golpe de 64, o regime militar e se consolidado como a mais poderosa rede de televisão do país durante a ditadura, houve períodos em que a percepção de boa parte da elite fardada era de que a Rede Globo de Televisão representava uma ameaça real de controle da opinião pública brasileira e precisava ser enfrentada. Leia a íntegra na Carta Maior

quinta-feira, 1 de julho de 2010

América Latina pode demorar para recuperar indicadores sociais pré-crise econômica, diz Graziano

Os países latino-americanos podem demorar muito para recuperar os indicadores sociais de antes da crise econômica mundial de 2008, afirmou hoje (1º) o representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para a América Latina e o Caribe, José Graziano da Silva. Ele ressaltou que existe uma relação profunda entre a economia e a fome. Leia na EBC

Nunca fomos tão brasileiros

Gilmar Matta

Caríssimas(os) vivemos em dias de festa!!! Afinal de contas, como diz a música de uma antiga banda de rock de Brasília chamada Plebe Rude: "nunca fomos tão brasileiros". Essa conotação nacionalista e até mesmo provocativa da banda revela a face de um Brasil em constante estado de transmutação marcado pela sua diversidade cultural e pela contradição de atos que atentam contra a dignidade da sociedade brasileira.

Vivemos em dias, ou melhor, em um mês de festa proporcionado pelo calendário judaico-cristão no qual comemorámos São João e com isso revelamos de Norte a Sul do país parte da riqueza de nossa cultura herdada dos colonizadores portugueses. Como o culto aos santos e manifestações associadas a esta prática: festas, danças, bebidas e comidas e que em solo brasileiro assumiu conotações particulares.

Ao lado disso, estamos vivênciando dias de festas com o evento da Copa do Mundo que de quatro em quatro anos transforma a Nação e no qual manifestamos com imenso vigor o nacionalismo exaltado nas cores verde e amarelo presentes nas ruas enfeitadas, casas, repartições públicas, lojas, camisas, bermudas entre outros espaços e com isso declaramos que "nunca fomos tão brasileiros" como neste atual momento.

Nunca fomos tão brasileiros quando muitos sofreram com o autoritarismo dos anos de chumbo, com o descaso dos palhaços que circulam no Planalto, no Congresso, na Câmara de Brasília e roubam a nação, com a educação presa num sarcófago, com a falta de políticas públicas que possam garantir dignidade às pessoas, com a crise da saúde, falta de emprego, com o Duciomar na prefeitura de Belém e a Ana Júlia no comando do Estado do Pará.

Nunca fomos tão brasileiros como nesses dias em que vislumbramos a arte do futebol e gritamos: Pra frente Brasil!!!, vai Kaká!!!. Vivemos dias de festa, vivemos dias de HORROR em que um evento mundial faz com que a Nação esqueça os problemas da dura realidade que vive. Vamos celebrar São João mais não podemos nos esquecer que até ele bateu de frente contra os poderosos que cometiam as injustiças com a população de sua época.

Vamos celebrar, exaltar o nacionalismo não apenas na Copa do Mundo, mais também nos simples gestos, na reivindicação de nossos direitos e na promoção de uma política comprometida com o povo, afinal outubro vai chegar com as eleições e com os bajuladores atrás de voto também. Somente tendo uma consciência crítica separando o jóio do trigo poderemos dizer que "nunca fomos tão brasileiros" quando outubro passar.

Um grande abraço.

Vice de Serra é da high society carioca

A vida política do deputado federal Antônio Pedro de Siqueira Indio da Costa (DEM-RJ), 39, sempre esteve ligada ao ex-prefeito do Rio e candidato do DEM ao Senado, Cesar Maia. Filho da família abastada e do high society carioca, o novo vice na chapa do candidato tucano à Presidência, José Serra, começou na vida pública no início dos anos 90. Leia mais no IHU

Belo Monte e a seca como presente

Serão dois anos de abundância e depois a fome. A lógica do índio José Carlos Arara desnuda a retórica que promete manter as condições de vida dos que serão afetados pela hidrelétrica de Belo Monte, a ser construída no Rio Xingu. A gigantesca obra, que consumirá cinco anos, inundará uma área 58% menor do que a prevista no projeto original, resguardando terras indígenas, afirma o governo brasileiro. Se limitará a 516 quilômetros quadrados, um quinto da superfície que inundou Tucuruí, hidrelétrica de potência similar que foi construída há 26 anos nesta mesma Amazônia oriental. Leia mais no IHU

Música: Tapajós inundou Belém



Pará Oklahoma batizou o show de cerca de duas horas protagonizado pelo violonista Sebastião Tapajós. O espetáculo ocorreu na noite do dia 30, no Teatro do Centro Cultural Brasil-Estados Unidos do CCBEU.



Uma pena verificar o teatro sem a lotação completa. No aconchegante local, Tapajós compartilhou o palco com jovens músicos. A simplicidade inundou o ambiente. Numa cidade marcada pela poluição sonora em todos os níveis, o espetáculo configurou uma pororoca de excelente música.



Entre os artistas locais participaram o percussionista Márcio Jardim, a cantora lírica Dione Colares e o pianista Leonardo Coelho. Ricardo de Souza, que estudou no conservatório Carlos Gomes e David Carter são oriundos da Universidade de Oklahoma.



Além de canções populares como sambas, choros e xotes integraram o repertório do show obras de Vila Lobos, Duke Ellington, Waldemar Henrique e Altino Pimenta.



Tapajós contabiliza mais de 80 CD´s em sua carreira. Desse total, apenas alguns foram lançados no Brasil. O violonista, filho de Santarém é celebrado em praças internacionais como um dos mais notáveis violonistas, em particular na Alemanha.



O mesmo espetáculo já foi apresentado nos Estados Unisdos.



Algumas de suas obras podem ser acessadas no site UM QUE TENHA.



Ao contrário de alguns entes da província, que se arvoram a grande coisa, sem o ser, Tapajós estava ali, humilde, em alma, trajes e riso.



Brincou, riu, provocou amigos da platéia. E tocou violão, que o levou para muito além das margens do belo Tapajós.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pátrio sentimento?




Qual o limite da propriedade da terra? Entrevista com Gilberto Fortes

Em setembro deste ano, será realizado o Plebiscito Popular pelo limite da terra que visa pressionar o Congresso Nacional para limitar o tamanho máximo da propriedade e uso dela por estrangeiros. Em entrevista à IHU On-Line, realizada por telefone, Gilberto Portes, do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, explica a iniciativa. “Um estrangeiro vem para o Brasil e pode comprar a quantia que quiser de terra. Enquanto isso, há quatro milhões e duzentas mil famílias que não têm acesso à terra, ou seja, mais de doze milhões de pessoas”, aponta. Portes fala também da importância da revisão dos índices de produtividade para a efetiva realização da Reforma Agrária no país. “Os índices de produtividade são fundamentais, principalmente nas regiões que teoricamente dizem que não têm terra para Reforma Agrária”, defendeu. Leia mais no IHU

Belo Monte: Paz de cemitério no Xingu, artigo de Rodolfo Salm

A eletricidade gerada nas hidrelétricas não é “limpa” porque os lagos resultantes são fábricas contínuas de metano

O economista e ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, publicou na edição de 31/05 um artigo com críticas ao setor elétrico brasileiro. Ele observou que os lucros anuais das concessionárias elétricas, predominantemente estrangeiras, cresceram 230% durante o governo Lula e que o consumidor brasileiro "é sangrado pelo custo de energia elétrica e subsidia as exportações de alumínio, aço, celulose de fibra curta, ferro-silício e ferro-manganês entre outros". Excelente. Ele poderia ter parado por aí em vez de entrar em detalhes sobre Belo Monte, que mostrou não conhecer.Leia mais no Ecodebate

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Peru- a busca pela unidade dos povos- um relato de Luiz Arnaldo








Nossa viagem ao Peru (eu e Dion) para participarmos dos Atos de Memória do Levantamento e Massacre de Bagua -na Amazônia Peruana- do Encontro Andino-Amazônico em Lima e da Marcha em direção à Quadragésima Reunião Geral da OEA foi para mim a prova mais contundente de que estamos no caminho certo e de que nosso esforço no sentido de construir a unidade dos povos pan-amazônicos começa a dar seus primeiros resultados.

Em Bagua se chega depois de uma viagem de 20 horas- desde Lima- subindo e descendo cordilheiras. Esta pequena cidade é uma das portas de entrada para a selva peruana e para as comunidades dos povos aguajuns e wampis que habitam a região.

Aí participamos de um rápido Seminário - pela parte da manhã- que tinha o objetivo de socializar experiências e debater um documento a ser entregue na 40ª Reunião Geral da OEA. O documento reivindica a imediata promulgação por parte do presidente da república -o nefando Alan Garcia- da lei aprovada pelo Congresso que condiciona a realização de obras e atividades exploradoras de recursos naturais em território indígenas, e à prévia autorização das comunidades, o início de uma campanha pela anistia aos militantes sociais presos, condenados ou processados e uma moratória nas obras do Iniciativa de Integração da Região Sul-Americana (IIRSA) até a realização dos processos de consentimento.

Apresentamos sugestões ao documento- que foram incorporadas ao texto e participamos das discussões sobre alianças entre os povos, destacando o Forum Social Pan-Amazonico e convidando os presentes a participarem do V FSPA em Santarém em novembro. Também falamos sobre o IIRSA, Belo Monte e criminalização dos movimentos sociais, pontos básicos de nossa pauta durante nossa visita às terras peruanas.

À noite participamos de uma emocionante vigília na Curva del Diablo - um ponto de estrada distante quase uma hora de Bagua , onde no ano passado as forças policiais iniciaram o ataque de helicópteros contra os indígenas que ocupavam a rodovia em protesto contra os Decreto-Leis promulgados pela Presidencia da República - que nos marcos do Tratado de Livre Comércio entre o Peru e os Estados Unidos abriam as terras indígenas para a exploração mineira e petrolífera. O Baguazo- como o conflito ficou conhecido- foi um confronto sangrento que se desenvolveu em diversos pontos da região com dezenas de mortos tanto da parte dos indígenas, como dos policiais. Pois os agauajuns e wampis -povos com tradição guerreira - reagiram com lanças aos fuzis e metralhadoras das forças repressivas.

Na manhã seguinte um vigoroso ato público com mais de cinco mil pessoas contou com a presença de Alberto Pizango, liderança máxima da AIDSEP - Agencia Inteétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana que, apesar do nome asséptico ( ela foi criada durante um período de ditadura militar) é a organização unitária dos povos da Amazônia do Peru, que possui bases em treze mil comunidades que se articulam em mais de uma dezena de federações e quatro Confederações.

Pizango e outros dois dirigentes estavam exilados na Nicarágua para não serem atingidos por uma ordem de captura determinada pelo governo. A pressão do movimento conseguiu que o mandato de prisão fosse transformado em um processo que pode ser respondido em liberdade - chamado ordem de comparecencia e Pizango pode compartilhar com seu povo as recordações dolorosas e os chamados à continuidade da luta. Foi um evento emocionante onde intervimos cercado pelo carinho dos compas peruanos, que a todo momento demonstravam e proclamavam a importância de nossa solidariedade. Nos chamou a atenção o fato que o movimento responsabiliza o Governo de Alan García não só pelas mortes dos indígenas, como também pelas perdas entre os policiais.

Neste sentido discursou o pai de um major que juntamente com muitos indígenas permanece desaparecido. Ele foi claro ao culpar o governo pela desaparição do seu filho, exigindo sua reaparição com vida.

Em Lima participamos durante dois dias do Encontro Andino-Amazonico que contou com a presença aproximada de cento e cinquenta participantes organizados em delegações oriundas de diversos pontos do território peruano que deu forma final ao documento entregue por uma comissão na reunião da OEA e aprofundou o temário discutido em Bagua.

Neste evento ficou claro a necessidade de articulação dos povos pan-amazonicos para fazer frente a processos já em marcha como os projetos de construção de duas hidrelétricas - Inambary e Paitzpatango que impactarão fortemente os ashanikas e outros povos indígenas peruanos.

Não por acaso estas represas serão construídas por consórcios liderados pela Eletrobrás e Furnas, as empreiteiras serão a Odebrecht e a OAS, o financiamento do BNDES e o destino da maior parte da energia a ser produzida serão os mercados do Sudeste brasileiro. O encerramento das atividades foi uma gigantesca marcha com milhares de participantes que percorreu uns seis quilômetros pelas ruas de Lima, em apoio às reivindicações entregues na OEA.

A polícia não permitiu que a passeata se aproximasse do Palácio, onde se realizava a reunião interamericana, mas isto não tirou a força e o brilho da manifestação, onde o destaque foram milhares de jovens - em sua maioria universitários - com seus rostos pintados com traços vermelhos como sinal de apoio à causa indígena.

O saldo da visita é muito positivo. Recebemos uma importante carga de informações, tivemos a palavra franqueada e ouvintes atentos em diversas intervenções, estreitamos laços, fizemos amigos e fortalecemos a consciência de que a unidade dos povos pan-amazônicos é decisiva para se enfrentar a ofensiva do capital.

Em particular ficou fortalecida a idéia de que o V FSPA deve ser um processo que articula resistências e um espaço onde estas forças se articulam para ações e campanhas conjuntas. Neste sentido foi importante a realização de uma reunião com a AIDSEP, CONACAMI e delegados das áreas que serão afetadas por Inambary e Paitzpatango onde ficou acertada a participação de delegações destas áreas no Encontro Sem Fronteiras do Rio Madeira, com o objetivo de se preparar um Plano Comum de Lutas contra a construção de hidrelétricas na Selva Amazônica.

Os companheiros peruanos depois seguirão no barco que sairá de Porto Velho para o V FSPA em Santarém, compartilhando os cinco dias de viagem até Santarém. Desde já penso que esta decisão avulta a importância do ESF do Madeira e torna imprescindível a presença no mesmo de delegados que participarão do Encontro Preparatório dos Três Rios (Madeira, Xngu e Tapajós) que discutirá a mesma temática. Uma outra idéia é a realização no V FSPA de um Seminário sobre Leis de Consentimento, tendo por base a experiência peruana, que apesar de limitações importantes pode ser base de um projeto mais amplo e de alcance continental do companheiro Henrique Laats do Ponte entre Culturas tivemos a alvissareira confirmação da presença da delegação de jovens lideranças indígenas do Peru, Equador, Bolívia e Colombia no V FSPA.

Henrique informou também que a viagem de barco porto Velho- Santarém terá a cobertura de importantes meios de comunicação independentes e se comprometeu a ajudar no contato com a ONIC - Organização Nacional dos Indígenas Colombianos e uma outra organização indígena da Bolívia com trabalho nas áreas de selva.

Além disto, tivemos um contato com Miguel Pallacín - coordenador geral da CAOI- Coordenação Andina de Organizações Indígenas que confirmou seu apoio ao V FSPA, reafirmando a CAOI na condição de organização promotora. Por último quero citar que o nome do Fórum Social Pan-Amazonico estava presente em todos os materiais de divulgação das atividades, e em todos os momento tivemos demonstrações claras de que o sentimento de unidade entre os povos pan-amazônicos começou a germinar.

Um passo foi dado. Vamos em frente.

Luiz Arnaldo