sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Ensaio de professor da UFOPA sobre a Calha Norte é finalista em prêmio na Europa

 O ensaio trata das tramas/dramas  que conformam a região  



A  5º edição do Prêmio Res Publica, organizada por fundação homônima, tem como tema central alterações climáticas e políticas públicas. E como subtemas orientadores, a conciliação entre a liberdade e a democracia com as limitações dos recursos naturais; o papel da tecnologia como mitigadora das alterações climáticas; a sustentabilidade como meta para o desenvolvimento; conflito entre as trocas comerciais e as relações internacionais; e, as grandes cidades na sua capacidade de autoabastecimento.  O certame distribuirá aos primeiros colocados cinco mil euros.

Segundo o site da fundação com sede em Lisboa, a instituição possui como missão o fomento ao pensamento político e às políticas públicas, sob a inspiração dos valores e princípios da liberdade, da igualdade, da justiça, da fraternidade, da dignidade e dos direitos humanos.

Rogerio Almeida, professor do curso de Gestão Pública, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), assina o ensaio a primeira versão do Amazônia - Entre Juruti-Santarém:  rebojos sobre um passado que não passa, que foi selecionada para o exame final do concurso junto com mais 34 concorrentes.

 

Em seu resumo o trabalha explicita que o ensaio emergiu como mero relato de viagem, e foi ganhando corpo, adensamento, inflexões, licenças poéticas. Nas entrelinhas sublinha sobre a acumulação primitiva como elemento estruturante da integração tardia e subordinada da Amazônia aos circuitos mundiais de economia, bem como sobre a permanência da condição colonial da região como exportadora de produtos primários.

 

Trata ainda das r-existências dos sujeitos colocados em condições de subordinação a partir de uma totalidade contraditória, em arenas econômicas e políticas marcadas por abissais assimetrias.  

 

O professor explica que o trabalho continua passando por incrementos, e contou com a colaboração da sua versão derradeira da professora Thulla Esteves, com quem realizou atividade de campo na cidade de Juruti, no mês de setembro.

 

Os professores consideram que o relevante do processo é a visibilidade internacional da instituição Ufopa como importante produtora de reflexões e de conhecimento.

Em outro ensaio sobre os dilemas da Amazônia foi laureado com menção honrosa no concurso do Instituto Moreira Salles


domingo, 10 de dezembro de 2023

Solidariedade ao MST Pará



O IALA Amazônico está organizando uma campanha de solidariedade ao Acampamento Terra e Liberdade, onde na noite do dia 9 de dezembro aconteceu uma tragédia que vitimou 9 pessoas.


Aquelas/es que queiram prestar apoio, solicitamos que as transferências ocorram para o pix abaixo.


Caixa Econômica Federal 

Pix: iala.amazonia@gmail.com


Doações de alimentos, roupas e calçados estão sendo recebidas nas escolas do Assentamento Palmares II e no próprio acampamento.

Parauapebas/PA: pelo menos nove sem terra morrem em possível acidente

 Tragédia ocorreu na noite de ontem, no acampamento Terra e Liberdade





O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, informa que na noite deste sábado (09/12), houve um acidente, a princípio provocado em um transformador próximo ao acampamento Terra e Liberdade em Parauapebas (PA). 

Relato do dirigente Jorge Neri, MST/PA. 

Os primeiros relatos das famílias dizem que havia técnicos trabalhando na rede de internet próximo ao acampamento que houve uma explosão que provocou fogo na rede de energia atingindo também os primeiros barracos no acampamento, dois barracos pegaram fogo e foram totalmente destruídos pelas chamas.

A tragédia provocou a morte de trabalhadores e vários feridos, ainda não se sabe ao todo a quantidade de pessoas atingidas.

Rapidamente a coordenação do acampamento conseguiu acionar o corpo de bombeiros e o SAMU que já se encontram no local prestando atendimento as vítimas.

O Fogo foi contido, a coordenação do acampamento acompanha a situação junto com a Secretaria Municipal de Segurança Institucional e Defesa do Cidadão (Semsi), por meio da Defesa Civil do munícipio, o Instituto Médico Legal (IML), Corpo de Bombeiros e as polícias Militar e Civil.

Ainda estamos apurando os fatos ocorrido no local e contabilizando as perdas nessa tragédia.

Saiba mais AQUI

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - Pará

09 de Dezembro de 2023

sábado, 18 de novembro de 2023

Crônica sobre a PA 150 fica em 2º lugar no Concurso do Selo Off Flip, Paraty/RJ, dedicado à Amazônia

Rogerio Almeida, maranhense de São Luís, radicado no Pará desde 1998, assina a crônica, que integrará uma antologia sobre a Amazônia. Ela registra as dinâmicas da rodovia estadual, marcada por queimadas, terras griladas, monocultivos, resistências campesinas e um clima árido. 

A crônica concorreu com 192 trabalhos. Ambientada em uma viagem de fim ano, quando do tempo de estiagem e queimadas, o trabalho entrecortado por excetos de canções, busca realçar as dinâmicas socioeconômicas que conformam a PA 150.

A rodovia estadual fez parte de pacote de obras de integração do século passado. Em particular representa um relevante eixo para se alcançar o sudeste do estado. Um território prenhe em histórias sobre a luta pela terra.

Almeida é professor do curso de Gestão Pública e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), campus Santarém.  Já morou em Marabá, Belém e região metropolitana. Em 2022 o professor teve crônica, conto e poesia selecionadas para publicações em antologias pelo mesmo selo.

Em suas andanças pelas amazônias cultivou o hábito em fazer pequenas crônicas, que devem ser reunidas em um livro em 2024, provisoriamente batizado de Crônicas sobre o trecho, bulinações e alguns afetos.

O Selo Off Flip é da cidade de Paraty, Rio de Janeiro, cidade que abriga importante evento do mercado editorial nacional. A antologia sobre a Amazônia teve a curadoria do escritor e editor Ovídio Poli Junior e seleção final feita pelo escritor paraense de Marabá, Airton Souza, recentemente agraciado com o Prêmio Sesc/SP de Literatura.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Encruzas Amazônicas, ensaio do professor do Curso de Gestão Pública da UFOPA, recebe menção honrosa em concurso nacional promovido pelo Instituto Moreira Salles.

Para o professor, o reconhecimento pelo trabalho funciona como um elemento motivador para continuar a se indispor com a palavra para além do cânones acadêmicos. 


O professor Rogerio Almeida, do curso de Gestão Pública e Desenvolvimento Regional, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), assina o ensaio Encruzas Amazônicas, que recebeu a menção honrosa no 6º Concursode Ensaísmo Serrote, promovido pelo Instituto Moreira Salles.

O ensaio versa sobre a condição colonial da Amazônia, bem como as ações de insubordinações forjadas pelos sujeitos colocados em desvantagem nas arenas de disputa em variados campos. O trabalho concorreu com 350 inscritos de todo o país.

Para além de referências acadêmicas, o autor mobilizou prosadores, poetas e filósofos do campo popular do Pará, onde constam Antônio Juraci Siqueira, Ceará do Pará (Francisco Gomes), Expedito Ribeiro, Charles Trocate, criado nas fileiras do MST e atual ativista do Movimento Pela Soberania na Mineração (MAM) e Júlia Iara (MST/MA).

O ensaio resulta da participação do professor em Encontro Nacional de Geografia Agrária (ENGA), ocorrido no ano passado em Belém, quando teve que substituir componentes de uma mesa de debate, ausentes por motivo de saúde, ao lado do professor Thomaz Junior (Unesp), Campus Presidente Prudente.

A paulista Fernanda Silva e Sousa, escritora, tradutora e crítica de arte alcançou o primeiro lugar.  

domingo, 5 de novembro de 2023

Rede de Notícias da Amazônia (RNA)celebra 15 anos

 A RNA conecta 19 emissoras em edição de jornal diário. 

Momento de formação da RNA, 2008, seminário em Santarém. Acervo da RNA


A ideia residia em criar uma rede a partir da Amazônia que possibilitasse a produção e circulação de informações a partir da região, com pautas de interesse popular e coletivo. E, assim, se passaram 15 anos da criação da Rede de Notícias da Amazônia (RNA), que possui com cabeça da rede a Rádio Rural de Santarém.

A data não passou em branco. No mês passado ocorreu um evento para refletir sobre a experiência. Pe Edilberto Sena, o procurador da República, Felício Pontes a jornalista Eliane Brum foram alguns dos debatedores. O religioso Sena foi o principal animador da criação da RNA.

A rede possui como como  meta  democratizar  a  comunicação  na  região  amazônica  priorizando  o ponto  de  vista  dos  lutadores  sociais,  através  da  divulgação  de  suas  ações políticas,   econômicas,   culturais   e   sociais.  

O   projeto   propõe ainda ser instrumento diferenciado de contato entre os povos da Amazônia, com notícias, programas  educacionais,  culturais,  ambientais  e  de  gênero  para  estimular  a formação  da  consciência  crítica  e  participativa  de  todos  os  ouvintes. Diariamente a RNA produz um jornal com 30 minutos de duração, com conecta 19 emissoras de rádio.

Joelma Viana, Rogerio Almeida e Raimundo Valdomiro assinam artigo acadêmico sobre a experiência. Acesse AQUI

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

A Pedagogia da Alternância: Marabá celebra 30 anos da experiência junto aos trabalhadores rurais


 

Uma ampla programação organizada pela Escola Família Rural (EFA) de Marabá, localizada na Rodovia Transamazônica, KM 23, inicia na manhã de hoje a celebração de 30 anos da experiência da Pedagogia da Alternância no Sudeste do Pará. 

A Fundação da FATA (Fundação Agrária do Tocantins-Araguaia), no ano de 1993 é considerado como um marco do processo. A Fata tinha como linha de frente no campo da pesquisa o professor Jean Hébette.

A Fata era encarnada pelos sindicatos dos trabalhadores rurais da época. Fazia parte de um programa maior denominado de CAT (Centro Agro-ambiental do Tocantins).   A promoção de dialogo entre os saberes era uma das ambições da iniciativa.

Nos processos de luta pela terra na região mais letal do país, a educação merece destaque. Talvez seja a que mais avançou em diferentes níveis, chegando até a pós-graduação.  Vários educandos/as e educadores/as que passaram pela Fata ocupam nos dias atuais lugar de destaque no campo da educação, na defesa dos direitos humanos e do meio ambiente na região e fora dela. A conferência de abertura será realizada pelo educador Emanuel Wambergue. Um testemunho vivo da luta pela terra no sudeste do Pará desde os anos de 1970. Foi um dos fundadores da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Pará. 

Informações da organização abaixo esclarecem o teor do evento que encerra no dia 22.

MEMÓRIAS, DIÁLOGOS e JUVENTUDES

Período:  20 a 22 de outubro de 2023 Local: Marabá - Pará

Objetivos:

·       Valorizar os aspectos históricos com ênfase nas Memórias das lutas, processos organizativos, experiências educativas e conquistas dos Movimentos Sociais no âmbito da Reforma Agrária e da Educação do Campo;

·       Fortalecer as instituições que utilizam os princípios filosóficos e metodológicos da Pedagogia da Alternância e da Educação do Campo.

 

Um pouco da História: as origens da Educação do Campo no Pará estão ligadas as experiências educativas de formação de jovens agricultores/as utilizando a Pedagogia da Alternância, situadas margens da Rodovia Transamazônica (BR 230), nas Regiões Sudeste e Oeste do estado, foram implantadas: em 1995 -  Medicilândia a primeira Casa Familiar Rural (CFR), e em 1996 -  Marabá a segunda Escola Família Agrícola (EFA). No Pará a primeira EFA funcionou no município de Afuá criada em 1992.

O francês Pierre Gilly - Assessor da Associação Regional das Casas Familiares Rurais (ARCAFAR Sul) realizou contatos e sessões de formações nas duas regiões acima citadas, apresentando os elementos pedagógicos das Casas Familiares Rurais (CFR´s). Depois foi criada ARCAFAR Norte e Nordeste, e posteriormente a ARCAFAR – Pará. As CFR´s se espalharam por todas as regiões do estado do Pará, atualmente são 22 centros educativos em funcionamento.

O marco inicial da Pedagogia da Alternância no Sudeste do Pará é o I Encontro de Jovens Camponeses, realizado em outubro de 1993, pela Fundação Agrária do Tocantins Araguaia (FATA) no âmbito do Programa Centro Agroambiental do Tocantins (CAT), em conjunto com seus Sindicatos dos/as Trabalhadores/as Rurais (STTR´s). Neste evento o educador Emmanuel Wambergue “Manu” relatou a experiência nascida na França em 1935 e no Brasil em 1969. O técnico agrícola Francisco Cruz de Lima Sobrinho “Francismar” deu um depoimento como egresso da EFA de Olivânia – Espírito Santo, e recomendou conhecer as experiências das EFA´s no Maranhão. Este evento é a referência para celebrar os 30 anos de surgimento da ideia de criar uma Escola Agrícola - Projeto Futuro do Jovem Camponês na Região.

A EFA Escola Família Agrícola (EFA) da Região de Marabá iniciou seu funcionamento em 18 de março de 1996, formou vários jovens em agricultores/as, colaborou com a construção da Educação do Campo na Região, serviu de base para o nascimento da Escola Agrotécnica de Marabá, posteriormente transformada no Instituto Federal do Pará (IFPA – Campus Marabá Rural).

 

PROGRAMAÇÃO

1º Dia: 20/10/2023 - Sexta-feira: início 18:00 horas - Auditório da Câmara Municipal de Marabá (CMM)

 

Solenidade de Abertura do Seminário

Mesa Institucional: Vice-Prefeito de Marabá Luciano Dias, Secretário Regional de Governo João Chamon Neto, , Vereador Ilker Moraes (autor do requerimento), Vereador Beto Miranda, Vereador Eloi Ribeiro, Diretora de Ensino do Campo da Secretaria Municipal de Educação de Marabá – SEMED Arley Novais, Coordenador da EFA da Região de Marabá Rafael Soares, Diretora do Campus Marabá Rural Maria Suely IFPA, Reitor da UNIFESSPA Francisco Ribeiro da Costa, Supervisor Regional de Marabá EMATER - PARÁ Fernando Araújo, Presidente ARCAFAR – PARÁ Edson Luis Azevedo Moura, Coordenadora da Educação do Campo, das Águas e das Florestas na SEDUC Joana Carmen do Nascimento Machado.

 

Conferência de Abertura:  Memórias dos 30 anos da Pedagogia da Alternância no Sudeste do Pará.

 

Prof. Msc. Emmanuel Wambergue “Manu” – Engenheiro agrônomo, franco-brasileiro com quase 50 anos de atuação no Pará e Amazônia.

Francisco de Assis Solidade da Costa “DiAssis” – Agricultor Familiar, Sindicalista com quase 40 anos de atuação em defesa dos agricultor@s e trabalhador@s rurais no sul e Sudeste do Para.

Prof. Msc. Damião Solidade dos Santos – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (EMATER – PARÁ).

Prof. Dr. João Paulo Reis Costa – Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC) Rio Grande do Sul.

Profa. Dra. Idelma Santiago da Silva - Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) vinculada a Faculdade de Educação do Campo (FECAMPO).

Prof. Esp. Aguiberto Rodrigues Alves “Zico” – Extensionista Rural da EMATER – Pará Escritório Local de Marabá.

Prof. Esp. Williamson do Brasil de Sousa Lima “Zuca” – Secretário Municipal de Educação de Nova Ipixuna.

Prof. Msc. Luiz Regason Bressan – Assessor Parlamentar na CMM, atuou na condição de educador popular  (assessor) na Federação de Órgãos para Assistência Educacional e Social – FASE (1991 – 2006), foi Secretário Municipal de Educação em Marabá (2013).

 

 

2º Dia: 21//10/2023 sábado: manhã e tarde  

Local: EFA Rodovia Transamazônica KM 23 (sentido Itupiranga)

 

2ª Mesa: A contribuição da Pedagogia da Alternância na construção do Cooperativismo, ATES/ATER e das experiências agroecológicas

Prof. Msc. Tiago Pereira da Costa – Coordenador do Programa Bahia Sem Fome do Governo do Estado do Bahia e da Rede das Escolas Famílias Agrícolas do Semi Árido (REFAISA).

Prof. Dr. João Paulo Reis Costa – Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC) Rio Grande do Sul.

Prof. Dr. Livio Claudino - Docente do PPG Dinâmicas Territoriais e Sociedade na Amazônia (PDTSA), é vinculado ao Instituto de Estudos em Desenvolvimento Agrário e Regional (IEDAR) da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA).

Prof. Dr. Marcos Antonio Leite da Silva atua na docência na área da Agroecologia no Instituto Federal do Pará (IFPA – Campus Marabá Rural).

Engenheiro Florestal Fernando Augusto Figueiredo Araújo Supervisor Regional em Marabá da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (EMATER – PARÁ).

Administrador Raimundo Nonato Santos da Silva - Pró-Reitor de Administração da UNIFESSPA, Mestre em Planejamento e Desenvolvimento Regional e Urbano na Amazônia.

Engenheiro Agrônomo Moysés Jefferson Ferreira Dias Especialista em Agricultura Familiar Camponesa e Educação do Campo pela UFPA/UFAC. Atualmente membro da Frente em Defesa dos Territórios e Articulação Paraense de Agroecologia.

 

Durante todo o dia 21 teremos Exposições de Trabalhos, Relatos de Experiências e Histórias de Vidas dos/as agricultores/as, educadores/as, educandos/as e egressos/as das EFA´s/CFR´s

 

Noite Cultural KM 21

 

3º Dia: 22/domingo:

Visitas de Estudos em pontos históricos e turísticos com os/as convidados/as externos/as.


Mais informações

Damião Soledade

(94) 99272-9237

 

 

 

sábado, 16 de setembro de 2023

Madeireiros ameaçam de morte Darlan Neres, jovem ambientalista do Baixo Amazonas/PA

Neres mora no Lago Grande, o projeto de assentamento tem sido palco de constantes tensões e ameaças contra defensores do meio ambiente, reforma agrária e direitos humanos.  

Darlan é o primeiro à esquerda. Foto: divulgação Psol/PA.  

Viver nas Amazônias é bicho arriscoso.  Aparecido em ser jovem preto em grande centro. É como carregar um alvo nas costas. Ser jovem indígena, preto, ribeirinho, camponês pelos beirais destas terras distantes dos centros de poder, e, ter ciência da defesa do chão, subsolo, floresta e rio é bicho pra lá de perigoso.  

Darlan Neres que o diga. O filho da comunidade Cabeceira do Marco, que integra o Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande, no município de Santarém, bandas do oeste do Pará, tem sido perseguido por um grupo de madeireiros.  

No derradeiro dia 12, um grupo de madeireiros andava em sua caça.  Ousaram até visitar a casa do jovem ambientalista, que faz parte do coletivo Guardiões do Bem Viver.  Os idosos da família ficaram temerosos pela integridade do rebento.

Lago Grande, assim como outros territórios das Amazônias, vive sob constante ameaça da cobiça de grileiros, madeireiros, garimpeiros e mineradoras. A terra se avizinha à cidade de Juruti, que abriga projeto de exploração de bauxita da empresa estadunidense Alcoa.  Ela é um dos sujeitos interessados em explorar o subsolo do PAE.  

Para os defensores do meio ambientes nestas paragens, sobreviver sob ameaças tem sido uma constante. Em março, desta feita na região de Arapiuns, um pastor ameaçou de morte várias lideranças parelhadas na defesa do meio ambiente, reforma agrária e direitos humanos.  Recentemente tem-se o registro de ameaças aos indígenas da área Maró, como reporta o site Tapajós de Fato.

Sobre a ameaça a Darlan, a assessoria jurídica dos movimentos sociais do Baixo Amazonas já tomou as providências cabíveis. Bem como fez uma carta de solidariedade e apoio ao universitário.  Leia AQUI

Neres é graduando em Pedagogia da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), e integrou as fileiras da chapa coletiva do Psol, denominada de Bem Viver, que concorreu na última eleição à uma cadeira no legislativo local. Leia AQUI

PAE Lago Grande

Lago Grande. Foto; Yuri Rodrigues. Fase/PA

O PAE Lago Grande foi criado em 2005, concomitante ao início de operação da mineradora Alcoa na região. 35 mil pessoas distribuídas em 144 comunidade em território de 250 mil hectares dão corpo ao assentamento, que sobrevive do extrativismo e outras atividades. Até o presente momento a população aguarda a titulação coletiva.

A população do PAE é maior que a maioria dos municípios do Brasil, que possui a média calculada em 20 mil pessoas.

A modalidade de PAE foi criada Portaria nº 268 no dia 23 de outubro de 1996, e os define como “um assentamento destinado à exploração de área dotada de riquezas extrativas, através de atividades economicamente viáveis, socialmente justas e ecologicamente sustentáveis, a serem executadas pelas populações que ocupem ou venham ocupar as mencionadas áreas.”

A Federação das Associações de Moradores e Comunidades do Assentamento Agroextrativista da Gleba do Lago Grande (Feagle) é a principal representação política. Nos últimos anos tem sido palco de constantes tensões em diferentes dimensões, que passa por grilagem, assédio de madeireiros, garimpeiros e mineradoras.  Trata-se de uma área de lagos sob a influência dos rios Amazonas, Tapajós e o Arapiuns.

Até a última eleição para a presidência da República, era recorrente a presença de veículo na cidade de Santarém envelopado com louvação aos setores que refutam a presença de territórios considerados como tradicionais. 

A estampa do carro festejava madeireiros, grileiros, garimpeiros e mineradoras. Desde o resultado das eleições, nunca mais foi visto por estas plagas.

Conheça o Plano de Utilização do PAE Lago Grande, AQUI

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Família Bengston toca o terror contra sem terra no Pará

A família controla a denominação religiosa Igreja Quandrangular. Assassinato, pistolagem, destruição de lavouras e casas de farinha são alguns expedientes usados contra os sem terra. 

 

Marcos e Josué Bengston. Fonte: redes sociais. 

Ataque com agrotóxicos, assassinato, ameaças com pistolagem e destruição de lavouras e de casas de farinha são alguns dos expedientes usados pela família Bengston contra sem terra no município de Santa Luzia do Pará, denuncia o MST e a Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos (SDDH), em documento encaminhado para o secretário Jarbas Vasconcelos, titular da pasta de Igualdade Racial e de Direitos Humanos.

Marcos Begnston, filho de Josué, tem sido o linha de frente das ações contra os sem terra, sinaliza o documento, datado do dia 14, quinta-feira.  Josué, tio da ex ministra Damares, recentemente condenada por propagar informações falsas sobre o Marajó, foi cassado por corrupção no crime que ficou conhecido como a “Máfia das Ambulâncias” em 2018.

Em 2010 a família matou o agricultor José Valmeristo Soares, conhecido como Caribé. A  morte foi precedida de sessões de tortura.  Um outro trabalhador rural, João Batista Galdino conseguiu escapar da morte. Na ocasião, Marcos Bengston chegou a ser preso pelos crimes.

Em maio, o avião da tendência neopentecostal foi preso pela Polícia Federal com 300 quilos de maconha.

A disputa pela terra envolvendo o MST se arrasta desde 2007.  O INCRA e o Instituto de Terras do Pará (Iterpa) fazem parte do processo. São longevas as pelejas pela terra pelas bandas de cá, onde grilagem, clientelismo, parcialidade do Judiciário e das polícias compõem o enredo.  Algumas das refregas chegam a durar mais de duas décadas.

Leia a nota da SDDH AQUI


sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Apanhados na fila da perícia médica


Logo cedo, 6h, corre para o outro lado da cidade. A missão é encarar um processo de perícia de deficiência. Já nem sabe qual é a fase e quantas vezes já foi ao soturno lugar.  Na espera, somente ele outro senhor de homens.

A maioria no corredor mal iluminado é composto por senhoras.  Elas falam de crises de depressão, coisas de desenlace, casa, útero, vagina e do coração. Ah, esse maltrato ente do peito.

Uma delas é muito grande. Como se em casa estivesse, deita em um dos bancos do corredor de espera. Há algo de filme de terror no ambiente. A senhora conta histórias de gravidez e abortos. Uns provocados, outros espontâneos. Para cada mal aventado, recomenda um tipo de garrafada. Diz que toma uns quatro tipos por dia. Foi a segunda a ser atendida. Ao levantar, a senha de atendimento despenca de uma de suas inúmeras dobrinhas. Anda com o apoio de uma bengala. Um esforço hercúleo, o apartamento do corpo da senhora do banco.

Uma outra, exímia contadora de causos, entre risos e expressões faciais tristes, roga aos colegas de fila uma ajuda para a passagem de volta para casa, apesar de ser passe livre. Diz que precisa de 20 contos para voltar paras a comunidade. Algumas pessoas ajudam. A solidariedade soa como se tática de sobrevivência fosse entre os despossuídos.

Ela dispara causos. Um no rabo do outro. “Meu irmão era feio mais que o cão. Tirava a vida na caça, ali na comunidade de Solimões. Fez filho mais que preá. Não fosse a diabete tombar ele, ainda hoje fazia menino. Vivo fosse somaria mês que vem 97. No Solimões é bom demais de viver. Tudo quieto”.

Noutro momento lembra do tempo de andanças pelo vasto mundo das águas do Amazonas, o rio. “Ponta do Cururu é lugar bonito, mas, é arriscoso. Periga de barco afundar. Maresia forte. Coisa de cobra gigante que tem por lá. Quando o barco afunda o jeito é ficar de bubuia. Como a gente perdeu farinha nesse desmantelo da vida”.

Meia vida. Meia morte. Meio dia. Resta esperançar. Sol de lascar. Antes do meio dia arrisca de ser atendido. Após o atendimento no ambulatório, precisa reapresentar o laudo à assistência social, e rogar que a carteira de passe livre chegue antes de 12 meses.

Carlos Walter Porto-Gonçalves, presente!

 

Um bamba no riscado das geo-grafias, que sempre deixou explicito em falas, escritas, prosas amistosas e em outras oportunidades, de que lado samba, ali, junto, colocado aos colocados em condições de subaltenização, em particular nas Amazônias e América Latina. 

Maracatu pesado, Carlos Walter Porto Gonçalves (CWPG) deixou este plano no dia 06. Todavia, os seus escrevinhamentos permanecem como marcas a serem seguidas, comentadas, criticadas e reinterpretadas neste mundo agoniado marcado pela gula capital, que a tudo fagocita.

No dia de sua partida/permanência proseávamos com jovens do curso de Engenharia Sanitária, da Ufopa, em Santarém, em quente tarde, a obra Amazônia: encruzilhada civilizatória, em uma disciplina ministrada pela professora Thulla Esteves.

Entusiasmados, os jovens empenharam esforços na construção de seminários sobre o livro. Um riscado estranho à grade em que são obrigados a cumprir para efeito de acesso a diploma.

Carlos Walter Porto-Gonçalves deixou este plano no dia 06. 

Para além das geo-grafias transborda os ensinamentos de CWPG. Sabença pra mais de metro, como se diz por estas paragens. Sabença ancestral é uma das balizas do ler/compreender/interpretar/escrevinhar de Walter.

Uma marcha junto a indígenas, quilombolas, camponeses e tantas gentes da vasta sociodiversidade das Amazônias. 

Nas quebradas do Acre, Xapuri, fez par com Chico, o Mendes, assassinado ao apagar das luzes do ano de 1988.

A Chico e às suas companheiras e companheiros de seringais e paragens mais é creditado a ideia de uma modalidade de reforma agrária para a floresta, onde o ser o humano não é apartado da natureza. Assim germinou a possibilidade das Resexs. Carlos falava com entusiasmado sobre o tema/ensinamento.

Bem, não tenho autoridade para falar de CWPG, apenas li algumas coisas de sua autoria e ouvi palestras.  Apenas sei um cadinho da sua relevante contribuição ao debate sobre a região e aos povos.

Aqui, apenas agradeço a sua generosidade em enviar um artigo para a composição de um Dossiê sobre o Baixo Amazonas, publicado em 2018.

O professor Bruno Malheiro (Unifesspa) foi o mediador da empreita.  

CWPG, agradecido! CWPG, presente!.

Acesse o Dossiê AQUI

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

No toca-fitas do carro nenhuma canção faz lembrar você

É o trecho uma longa estrada de corações despedaçados?

É o trecho uma longa estrada de corações despedaçados? Histórias de perdas abundam por todos os lados, como se oceano fosse. Seria o trecho uma supersafra de motes para riomares de melancolias? 

Trecho, solidão, conflito, aridez.  Trecho, demasiadamente árido. Um território de lonjuras. Longe de tudo: família, afeto ou ternura. Um aceno de carinho e o coração entrega-se enjaulado, submisso, de quatro.

Um coração partido no trecho é alerta de grave risco. Risco de vida. Risco de morte. Risco de peixeira cravada no pé do umbigo de quem o coração alheio despedaça. Mesmo que jovem. Inocente, puro e besta, com diria Raul.

Judiaria pior que Nero fez a moça ao motorista.  Aquele que guia o carro, nem sempre sabe para onde vai ou de onde veio. Não conhece todos os palmos do chão minado das lonjuras. Confunde tudo. Até mulher com parafuso.

O amor interrompido fez do motora cantor iniciante de música sertaneja em terra de garimpo e fogo, onde tudo é risco.

O amor interrompido o colocou no corner do ringue da dor de cotovelo. Dor acudida por comprimidos contra depressão e bebida. A judiação do amor apartado era turbinada com declarações de desprezo e retratos de devaneios com outros homens.  

Coração pisado por sandálias de arame. Um coturno de maldade de tropas a desfilar em 07 de setembro sobre o coração ferido de morte na encruza das distâncias. Morto de dor, morto de fome, morto de sede.

Uma bomba atômica de milhões de canções tristes. Vida no trecho não tem cabresto. Bezerro novo desembestado no pasto movediço da inexperiência.

A dor do amor rompido atravessou o coração do peão de meio a meio. O dia era dor. Acudida por comprimidos engolidos pela pujança da bebida. Ninguém ao redor.  Ao redor, solidão, lonjura, judiaria e morte.

Nada mais toca no toca-fitas do carro. 

 

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

O deficiente físico e a negligência da Sespa em Santarém/PA no atendimento do passe livre

URE/Sespa. Santarém/PA

O passe livre em transporte é um dos direitos da pessoa portadora de alguma deficiência. Consta em lei.  É direito constituído, e dever do Estado.  Para além da deficiência, existem obstáculos a perder de vista para conseguir alcançar os mesmos.

Creio que o primeiro resida em ter acesso à perícia médica.  A depender  da deficiência, a via crucis pode demorar mais de 12 meses. Em estimativa bem otimista.

Em seguida, percorrer as instituições para apresentação de vasta documentação, para além do laudo médico, que irão correr várias instâncias, até o cidadão receber a carteira.  No caso do passe livre para transporte intermunicipal, a mediação é realizada pela Secretaria de Saúde do Estado (Sespa).

Em Santarém, desde terça feira, 01 de agosto, inúmeras pessoas provenientes de inúmeros municípios da região, não conseguem atendimento na Sespa. No primeiro dia (01/08)  informaram que o atendimento ocorre somente no turno vespertino.   

As pessoas retornaram na quarta feira, 02/08, às 14h. Chegando no local (imediações da Av. Turiano), na porta da sala 40, dedica ao atendimento dos portadores de deficiência, um informe anunciava que o atendimento ocorreu pela manhã, até  13h.

Nova tentativa. 03/08. A porta do atendimento às pessoas deficientes estava fechada. Uma técnica aparece e informa que não haverá atendimento. E que as pessoas, mais uma vez, retornem no próximo dia, 04/08, às 14h. 

Segundo a técnica, que não se identificou, a assistente social responsável informou que estava na unidade regional em reunião com o governador para sanar demandas.  Ocorre que o governador Helder Barbalho retornou à Belém, na noite anterior, dia 02/08.

Entre as pessoas que realizaram a via crucis jovens, adultos e idosos de inúmeros municípios da região. Eis um pequeno retrato da negligência da Sespa em relação ao deficiente.

Canal de comunicação não existe. A sede da Sespa não conta com telefone fixo onde a pessoa possa tentar buscar informações. A informação é marcada pela precariedade. Ninguém indica um canal, nem mesmo de rede social. 

sexta-feira, 7 de julho de 2023

*Trecho, afinal, o que seria?

Fonte: livro 10 anos do CAT, organizado pelo professor Jean Hébette

O dito mundo culto compreende o trecho como um espaço entre dois pontos no tempo e no espaço. Triste ortodoxia. Todavia, no vasto universo amazônico, o trecho é o horizonte do despossuído. O não lugar. A vida em movimento. Mutação.

O trecho não é mãe. Nem pai. Soa mais como incerteza. Um penhasco desconhecido ao peão. Elevado trapézio do circo da vida, sem rede ou equipe de socorro. Socorro!!! Não entendo nada. Um rio raso para toda dor que há no mundo. Um rio fundo. Vastidão de violência em combustão. Fronteira capital em acumulação primitiva. Armadilha para animal.

O trecho é bruto. Encruza de estranhos. Mundo de desconfiados, ornado de solidariedade e traição. Vida em farrapos nos confins do humano conservado em calda de álcool.  No trecho, logo cedo, o primeiro carinho é dado pelo beiço da morte em cama de pensão entupida de pulgas.

O trecho, paixão. Desassossego. Privação. Privado de tudo, resta o peito mudo. Privado de tudo, resta a gota de suor a infernizar o olho cego. No trecho, ao que se agarrar senão à esperança?

Os desencontros constituem a família nas andanças do trecho. A boroca é a mala que acomoda tudo que a pobreza permitiu acumular durante toda uma jornada de errância. Passo em falso sobre mar em chamas. Lonjuras de tudo.

Tudo que queria era tirar você deste lugar. Carregar tu para o Círio em Belém, ou delírios em Macapá. Amor sobre a mesa de bilhar. Riqueza ligeira em garimpo da Guiana Francesa, mon amour.  

No trecho, a dor não possui fronteira. Amor de peão desconhece barreira. No toca fita do carro, uma canção me faz lembrar você. Acendo mais um cigarro, driblo a rua da delegacia de polícia, esbarro no puteiro. 

Barracão de zinco.  Barracão prisão. Escravo por dívida não tem salvação. Escorre água. Escorre sangue em um banquete de ossos. Bem sabe quem fez a seringa sangrar ou catou ouriço de castanha em Marabá.

Tudo tarda. A sorte escapa.  Menino sem calça, bainha sem faca na forquinha do somehome ou no cogó da onça em quatro bocas com fome. Trecho, seria uma masmorra sem cela?

O trecho não é mãe, nem pai. Menos ainda um amor ou parente distante...um rio raso. Um rio fundo...abismo de rosas em riomar de tempestades. Anotações realizadas entre Alenquer e Santarém. Choro sufocado pela fome em amar.

O trecho é o lugar onde a vida encarna o que é possível. Retalhos de gentes despedaçadas no caminho. Juntadas no caminho. Separadas...O trecho devora o humano. Mói, mastiga, judia, maltrata, cospe e descarta. Peixeira cravada em bucho de criança na Sexta-Feira Santa.

Trecho. Trincheira. Sem terra, sem lar, sem família...errante desposado pelo álcool e drogas em alguidar, onde a rede acomoda o corpo sem vida, e o rosto da morte não usa véu.  

No trecho, morre-se de trairagem, vingança, desamor, bala e malária. A cova não é funda em terra medida. Terra que querias ver dividida.

A educadora Rose Bezerra, peã do trecho desde tenra idade, assim, o espelha: “Trecho é mais sobre o presente. O passado guardado apenas na memória revivida nos detalhes soltos do caminho... o futuro é só esperança. Qualquer lugar, torna-se lugar...

Existirá vida para além da terceira margem do rio?

O trecho, afinal, afinal, afinal.......o que seria?

 

*O esboço do texto foi gerado na madrugada do dia 06 de julho de 2023, em travessia de rio entre Alenquer-Santarém/PA.  Para a presente versão contou com as observações da educadora e peã do trecho Rose Bezerra. 

sexta-feira, 9 de junho de 2023

Direitos Humanos e da Natureza: Ministério Público do Pará promove encontro em Marabá, a partir do dia 13



O objetivo do seminário é aproximar o MP da sociedade, em particular dos movimentos sociais. Além de especialistas em temas delicados à sociedade, a exemplo da questão da agrária, terão assento no evento que encerra no dia 14, representantes do MST, Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores e Agricultoras do Pará (Fetagri), Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), representantes indígenas e da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

 Pesquisadores da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Universidade Federal do Pará (Ufpa), Universidade do Estado do Pará (Uepa).

Na ocasião, ocorrerá o lançamento do livro Luta pela terra na Amazônia: mortos na luta pela terra! Vivos na luta pela terra!. A obra resulta de projeto de extensão da Ufopa em dialogo com a Fetagri, MST, Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos (SDDH) e CPT. 

Rogerio Almeida (Ufopa), Elias Sacramento (Ufpa), Airton Pereira (Uepa), Luzia Canuto, militante dos direitos humanos e professora em Rio Maria são alguns dos autores de artigos que estarão participando do seminário.

Saiba mais sobre inscrições e a programação AQUI


segunda-feira, 29 de maio de 2023

Faz 43 anos que o agente pastoral e dirigente sindical Gringo (Raimundo Ferreira Lima) foi assassinado no Araguaia

 Gringo, presente!!!






Em 29 de maio de 1980, sequestrado em Araguaína, Gringo foi assassinado. A última pessoa da equipe pastoral com quem Gringo falou foi com a Heloisa na varanda de nossa casa em Conceição do Araguaia, em 28 de maio de 1980.  Ele, antes de ir para a rodoviária, passou na casa.

Gringo era da equipe da CPT e da pastoral da paróquia de São Geraldo e também candidato a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município.

Me aguardava dois dias em Conceição do Araguaia, vindo de São Paulo e eu estava em Brasília onde, em coletiva de imprensa, defendia a equipe da paróquia de São Geraldo.

Alguns fazendeiros, inclusive o prefeito de Conceição do Araguaia,  Geovane Queiroz, afirmavam que a morte de Fernão Leitão Dinis tinha sido armada pela igreja que havia munido os posseiros com armas pesadas.

Na coletiva, contestei a informação e disse que algumas lideranças da paróquia de São Geraldo eram ameaçadas, inclusive o Gringo.

Na véspera do assassinato, seu nome era veiculado na imprensa como ameaçado.

Deixou como viúva  Oneide e, órfãos,  seis filhos pequenos.


Relato de Ricardo Rezende- padre e professor da UFRJ. 


Conheça mais sobre a História e outros ativistas AQUI

sábado, 13 de maio de 2023

Pistolagem no Pará: Justiça concede alvará de soltura a pistoleiro foragido desde 2007

No Pará, por entre as “frestas” da Lei e inépcia do estado, o crime compensa


O pistoleiro Wellington de Jesus Silva. Imagem de redes sociais

 

No dia 30 de abril do corrente ano o juiz da Vara de Execução de Pena Privativa da Comarca de Belém, Deomar Alexandre de Pinho Barroso expediu alvará de soltura ao pistoleiro Wellington de Jesus Silva, foragido de justiça desde 2007. O assassino  havia sido condenado por unanimidade a 29 anos de prisão em abril do mesmo ano.   

Silva somava 19 anos quando matou com três tiros de revólver calibre 38 o dirigente sindical José Dutra da Costa (Dezinho), em Rondon do Pará, sudeste do Pará, no dia 21 de novembro de 2000. Dezinho foi assassinado na porta de sua casa, diante da esposa e dos quatro filhos pequenos.

Wellington de Jesus Silva foi preso por populares na ocasião da execução de Dezinho, que apesar de baleado, entrou em luta corporal com o assassino, caindo sobre o corpo dele em uma vala na rua onde morava.  

Não é praxe a agilidade do setor de segurança pública e da justiça do estado alcançar pistoleiros e a cúpula desta modalidade de crime que desde os anos de 1980 impera no Pará sob o manto da impunidade.  

Quem financiou a fuga, a subsistência, o ocultamento e advogados do pistoleiro, que em 2019 impetraram novo processo com base em prescrição,  é um elemento que intriga a família.

Na véspera do Dia das Mães, o sentimento da família do sindicalista é de perplexidade, revolta e de tensão. Maria Joel, viúva de Dezinho, após a morte do sindicalista assumiu a direção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais em Rondon, e desde então é obrigada a andar com escolta policial por conta de ameaças de morte. 

O caso Dezinho – outros envolvidos



Por intermediar a morte do sindicalista, Rogerio Dias de Oliveira, irmão do pistoleiro, foi condenado a 16 de prisão em dezembro do ano passado.  22 anos após a execução do sindicalista, e 20 anos de foragido.  Oliveira foi preso em Minas Gerais, provável paradeiro de Wellington. Nestes casos, a morosidade impera.

Em 2013 o fazendeiro Lourival de Souza Costa e seu capataz Domício de Souza Neto foram absolvidos. Em 2019 o fazendeiro Décio José Barroso Nunes, conhecido pela alcunha de Delsão, uma espécie de “dono” da cidade de Rondon, foi condenado a 12 anos de prisão. Todavia, responde em liberdade. Igosmar Mariano, primo de Rogerio e Wellington encontra-se foragido.

Tulipa Negra, o grilo que motivou o crime

Dados sistematizados pela CPT de Marabá sinalizam que no mês de junho de 2000, 150 famílias organizadas por Dezinho ocuparam a Fazenda Tulipa Negra, uma área de 3 mil hectares, que pertenceria ao fazendeiro Kyume Mendes Lopes.

O título da fazenda teria sido expedido pelo governo do Pará em 1918. No entanto, o documento expedido pelo estado possuía uma área maior, 44 mil hectares. A Tulipa Negra seria uma espécie de desmembramento desta área.

Desde outubro Dezinho estava convencido da falsificação do título, posto que o estado do Pará não titulava terras no ano de 1918, em áreas no que hoje é o território de Rondon do Pará. Em resumo, a área em disputa e vizinhança foram/são terras griladas.

Como em outras casos de sindicalistas e pares, a morte de Dezinho poderia ter sido evitada. O estado do Pará tinha conhecimento das ameaças. Havia sido formalmente informado pelas instituições que mobilizam a luta pela reforma agrária no sudeste do estado.

O enredo das mortes sem fim em terras do Pará é conhecido, impera a morosidade, negligência em investigação, quando não conivência com os acusados em execuções e chacinas contra os defensores da reforma agrária, meio ambiente e direitos humanos.  

O livro sobre a luta pela terra na Amazônia lançado no ano passado, projeto de extensão da UFOPA, escrito por educadores, familiares, jornalistas e amigos de pessoas envolvidas nestes casos, evidencia isso. Baixe AQUI

Veja o documentário sobre Dezinho produzido pelo professor Evandro Medeiros AQUI