segunda-feira, 16 de maio de 2022

A maranhense Maria Firmina dos Reis, primeira romancista negra do Brasil, tem obra adaptada para História em Quadrinhos

“Úrsula” adaptado para os quadrinhos pelo roteirista e historiador Iramir Araujo sfoi lançado no dia 13 de maio, em São Luís em espaço cultural do MST que homenageia a escritora.

 


Úrsula, como qualquer jovem mulher, só queria viver intensamente seu grande amor com a pessoa que escolheu para seguir a vida. Porém, este direito, como tantos outros, lhe fora negado por um outro homem que julgava ser seu dono, levando às últimas consequências a sua insanidade. Este é o pano de fundo do romance “Úrsula”, escrito a exatos 163 anos por Maria Firmina dos Reis, adaptado aos quadrinhos pelos roteirista e historiador Iramir Araujo, que não por acaso escolheu a data de 13 de maio para o lançamento desta obra prima, no local que faz homenagem a escritora maranhense: Solar Maria Firmina dos Reis, localizado à Rua Rio Branco, no Centro de São Luís, às 19h, coordenado pelo MST.

O mais novo projeto de Iramir Araujo vai ao encontro do que se pode chamar de uma ode à literatura maranhense, tendo sido iniciado pela adaptação de “O Mulato”, publicado em 2019, a partir da obra do também escritor maranhense Aluisio Azevedo. Segundo Araujo, enquanto tiver fôlego e possibilidades de publicação, ele continuará trabalhando em obras literárias maranhenses, adaptando-as para os quadrinhos.

 “Úrsula em quadrinhos”, como o original de Maria Firmina dos Reis, narra a história de amor entre a protagonista homônima da história e um jovem branco rico, Tancredo. Úrsula uma pobre moça branca vive sozinha com sua mãe enferma, sob os cuidados de dois escravos: Túlio e Suzana, até que Tancredo, após sofrer grave acidente é resgatado por Túlio e também passa a ser cuidado pela jovem Úrsula. Com narrativa peculiar do estilo literário romântico da época oitocentista, a obra de Maria Firmina dos Reis sagra-se inovador por pelo menos dois fatores importantes: o primeiro, dar voz aos negros escravizados. Teria sido a primeira vez que os negros capturados e trazido do continente africano puderam, mesmo que por meio da ficção, falar sobre como era sua vida antes de terem sido feitos escravos; seus infortúnios, o medo e as violências sofridas em suas labutas, E o outro, é o fato de colocar a  violência sofrida a todo custo pelas mulheres, seja por seus pais, maridos, tios, numa sociedade escravocrata, machista, patriarcal e misógina.

Página da obra Ùrsula. Ilustração de Rom Freire. 
Segundo o Iramir Araujo, o leitor vai perceber nas páginas ilustrada de “Úrsula em Quadrinhos”, toda a firmeza encarada por Maria Firmina ao escrever seu romance, sendo ela mesma, uma mulher negra, descendente de mãe escrava, sem registro de pai, autodidata, pobre e moradora do interior do Estado do Maranhão. Ou seja, naquele tempo, quando ainda nem se pensava na Lei Áurea e na abolição da escravatura, sem nada a temer, Maria Firmina foi lá e fez, sem nada que impedisse sua força criativa, pulsante e a revolta sentida e transcrita por ela, para as páginas de seu romance.

 

O historiador e artista Iramir Araújo tem se especializado em adaptar obras da literatura para HQ

“’Úrsula’ é uma obra original e muito à frente do seu tempo, pois por meio dela, a autora dava voz e protagonismo a personagens negros, denunciava a escravidão, e, principalmente, marcava a escritora como a primeira mulher a publicar um romance no Brasil. Entretanto, após sua morte, toda a obra e biografia de Maria Firmina foram relegadas ao esquecimento. Uma lacuna na literatura maranhense se estendeu por mais de cem anos”, comenta Iramir.

Rom Freire, ilustrador da obra e parceiro de velha data do autor em outras iniciativas. 

 

“Úrsula em quadrinhos”, um projeto aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura, do Governo do Estado do Maranhão e patrocinado pela Equatorial Energia do Maranhão, é a adaptação da obra que marcou a carreira literária de Maria Firmina, e se junta à miríade de produções literárias e artísticas voltadas para homenagear a autora no bicentenário de seu nascimento.

 

Ronilson Freire na produção de páginas de Úrsula. 

Tem roteiro de Iramir Araujo, arte de Rom Freire e Ronilson Freire e será lançado em um encontro de, antes de tudo, celebração a essa mulher que demonstrou a imensa capacidade de criação de nosso povo, em uma época em que tudo conspirava contra: o fato de ser mulher, negra e residente no interior da província. “Úrsula em quadrinhos” mescla em livre adaptação, aspectos da biografia da autora, e seu romance.

Sobre os realizadores

O roteirista

Iramir Araujo - Maranhense, historiador, mestre em História Social pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA);

Artista gráfico e roteirista, colaborou com os jornais O Imparcial e O Estado do Maranhão, onde publicou tiras diárias e artigos sobre histórias em quadrinhos;

Entre suas produções, destacam-se quadrinhos com fins educacionais para ONG's e órgãos do governo, como ‘‘Gatos pingados’’, ‘‘Os viajantes do pião do tempo’’, ‘‘Turminha do esporte’’’, ‘‘O misterioso segredo’’, entre outros;

Contando com a participação de artistas locais e nacionais, lançou a revista ‘‘Corpo de Delito’’, com HQ's de ficção policial;

Publicou o álbum ‘‘Balaiada – a guerra do Maranhão’’, ilustrado por Beto Nicácio e Ronilson Freire;

Também com arte de Ronilson Freire, publicou o álbum ‘‘Ajurujuba – a fundação da cidade de São Luís’’;

Sua dissertação de mestrado ‘‘A Flecha, a pedra e a pena –João Affonso, Aluísio Azevedo e a primeira revista ilustrada do Maranhão’’, venceu o 35o Concurso Cidade de São Luís, na categoria ensaios, sendo publicada em livro;

Adaptou para quadrinhos o romance “O mulato”, de Aluísio Azevedo, ilustrado por Ronilson Freire;

Publicou Além das lendas, com cinco histórias sobre lendas maranhenses, ilustradas por Amanda Belo, Beto Nicácio, Marcos Caldas, Rom Freire e Ronilson Freire;

Escreveu e publicou o romance policial ambientado em São Luís-Ma, ‘‘Cartas rubras’’.

Os artistas

Rom Freire - Trabalha profissionalmente com quadrinhos desde 2009, tanto para autores independentes brasileiros, quanto para pequenas editoras dos EUA. Em 2016 lançou seu personagem ‘‘Grimorium’’, por meio  de seu selo Subverso HQ. Em 2013, quadrinizou a obra ‘‘Fausto’’, de Göethe, publicada na coleção Clássicos em HQ da Editora Peirópolis (SP). O álbum recebeu, em 2017, o ‘‘Selo Seleção Cátedra 10’’ da Unesco. Trabalhou nos projetos Asa Branca e Gatos Pingados, do editor Iramir Araujo. Atualmente, escreve seu primeiro livro de ficção.

www.facebook.com/rom.freire  www.deviantart.com/romfreire

instagram.com/romfreirehq/

Ronilson Freire - Ilustrador, já trabalhou para editoras dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Ásia. O artista já ilustrou roteiros de Mark Waid, Grant Morrison, Nancy A. Collins, Peter Milligan, Stephen Bissette, Cristophe Bec e Dan Watters.  No mercado editorial brasileiro especializou-se em ilustrar clássicos da literatura, como o romance O Mulato, de Aluísio Azevedo, e as graphic novels  baseadas em fatos históricos, Ajurujuba – A fundação da cidade de São Luís e Balaiada – A Guerra do Maranhão, roteirizados por Iramir Araujo. Atualmente, desenha a série steampunk Myopia, da Dynamite Entertaiment, e Promethée Alfa, para a editora francesa Soleil.

instagram: @ronilson.freire/

 

SERVIÇO:

ÚRSULA – EM QUADRINHOS

120 páginas em preto e branco

Roteiro: Iramir Araujo

Arte: Rom Freire e Ronilson Freire

Contato: Iramir Araujo (98) 98608 7121

Enviado pelo autor.

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