terça-feira, 17 de maio de 2022

Santarém: veias abertas

A revisão do Plano Direitor representou o azeitamento para a territorialização do capital no município. 


Orla de Santarém, Av. Tapajós. 


Maio. Mês de Maria. Quadra das noivas. Chove diariamente. O rio alcançou o asfalto. As águas do Tapajós encontraram o esgoto na avenida homônima. Tudo agora é pura merda no cartão postal da Pérola do Tapajós. Um mundo de buracos por todas as latitudes. Queijo suíço dos trópicos. A realidade das ruas contraria os reclames da prefeitura. Poças d´água dominam a cidadela de um hotel e restaurante, que possui no nome um apelo de brasilidade: Mistura Brasileira. Marombas acodem o transeunte. Todavia, o fedor impregna tudo ao redor. Bombas insistem em um trabalho de Sísifo na retirada das águas do rio sobre o asfalto. 



Pontes improvisadas (marombas) e uma bomba a executar o trabalho de Sísifo na retirada da água. Av. Tapajós. 

A céu aberto o esgoto faz festa mesmo nos beirais do hospital municipal, em sua parte que dá para a Av. Pres. Vargas. Mato, parte do muro caído, pintura em frangalhos.  Quadro de abandono. O atendimento é terceirizado. Trabalho precário. Precarizado, espelha a gestão do alcaide. Mancomunação capital. A revisão do Plano Diretor que o diga. A tudo explicita.

O esgoto brota do muro dos fundos do Hospital Municipal. Av. Pres. Vargas. 


É médico o prefeito da urbe, que vez em quando, com a sua trupe, se refastela em butecos. Com a desenvoltura de craque de futebol, impõe a agenda musical. Duvidoso gosto. Costura tramas com edis. Vis. Face a face. Baronato de bufões a celebrar a estupidez. Com a mesma desenvoltura beija pés de adversários políticos em ritos religiosos. Cerra fileiras no Círio, congregações fundamentalistas e Çairé. Como diria Tim Maia: vale tudo!

O mato afronta o muro e a calçada do Hospital Municipal. 

Um dos escudeiros conclama a presença do chefe do Executivo da cidade à mesa. Desprovido de qualquer constrangimento, um assessor em alto tom, assim o convoca: “oh prefeito, libera logo a verba para está criatura”.  Até o surdo escutou.

Alta, esguia e clara, uma secretária é alvo de assédio dos homens.  Era um tal de passa mão aqui, passa mão ali e acolá, aperta, apalpa e chafurda.   Vexame nenhum.  O que ocorrerá no privado?

Cedo do dia, a rádio executa o Guarany de Carlos Gomes. Apesar de todo o descaso com a cidade, a horda de comunicadores baba a bajular o médico que “comanda” pela segunda legislatura a cidade polo do Baixo Amazonas.

Boca de rio. Boca de forno. Calada da noite. Chuva na taba. Águas sem fim. Jacaré Açú a caçar turistas em Alter. Ah, minha Nossa Senhora de Nazaré, ah meus tambores do candomblé. . Várzea encharcada por abismos de abandonos. O rio que mata a fome, morre envenenado: grilo, cimento e mercúrio.

Quem nos ajudará a não ser a própria gente? Chove na taba. Calada da noite. Boca de rio. Bajara ao riomar....esgoto por todos os cantos..cuieiras ...terras caídas...vidas sem abrigo..veias abertas...

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