terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Marabá - Seminário debate os 30 anos do Programa Grande Carajás


 


 
 
Questões indígena, agrária, formas de resistências e lutas, meio ambiente e siderurgia são alguns dos temas que integram a agenda de debate sobre os 30 anos do Projeto Grande Carajás (PGC), no município de Marabá, sudeste do Pará, entre 14 a 16 de março. Setores populares são os responsáveis pelo evento, como a Comissão Pastoral da Terra, MST, MAB, Movimento Debate e Ação  e o Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular (Cepasp).
 
Tudo na Amazônia tem uma escala elástica. Quando o PCG foi criado durante a ditadura civil militar a expectativa era que o mesmo pagasse a dívida externa. O programa foi uma das estratégias de integração econômica da Amazônia. Pecuária e extrativismo foram os principais pilares do projeto.
 
O programa beneficiou grandes corporações nacionais e internacionais no processo de saque às riquezas da Amazônia oriental. Reconfigurou e continua a reconfigurar territórios da região. A intervenção do Estado na economia foi fundamental na indução dos projetos de construção da hidrelétrica de Tucuruí, Ferrovia de Carajás ao Porto do Itaqui e inúmeras rodovias.
 
A Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e o Banco da Amazônia (Basa) foram as instituições criadas no sentido de azeitar a vida do capital na fronteira amazônica.
 
O projeto consagrou a privatização dos lucros e a socialização dos passivos sociais e ambientais nas terras dos Carajás. A expropriação das populações locais foi e continua sendo um dos desdobramentos do processo de inserção do capital na região.
 
Desmatamento, trabalho escravo, execução de camponeses e assessores, situação de vulnerabilidade da população jovem são alguns dos indicadores negativos. Nenhum município tem renda per capita que alcance um salário mínimo por mês. O município vizinho da mina de Carajás, Curionópolis, tem a renda per capita de R$ 108,15, quase a mesma da pequena Palestina do Pará, R$ 106,64.
 
A região vive uma nova inflexão com o inicio do projeto de extração de minério de ferro na Serra Sul (S11D), controlada pela Vale. O empreendimento encontra-se na fronteira das cidades de Parauapebas e Canaã dos Carajás, no sudeste paraense.   
 
Trata-se do maior projeto da Vale ao longo dos seus 40 anos de vida. A extração de minério é o principal item da balança comercial do Pará. Chega a responder por quase a totalidade da balança comercial. A expectativa da Vale é incrementar a produção de ferro em 90 milhões de toneladas por ano, mas com capacidade de multiplicação.
 
A iniciativa inclui mina, duplicação da  Estrada de Ferro de Carajás-EFC, ramal ferroviário de 100 km e porto, está orçada em US$ 19,5 bilhões.
Os recursos estão distribuídos da seguinte forma: a logística consumirá US$ 14,1 bilhões; US$ 8,1 bilhões serão usados na mina e na usina; enquanto US$ 2 bilhões serão usados durante o ano.
 
Como em outros empreendimentos na Amazônia, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES é o responsável por parte dos recursos, ao lado do banco japonês Japan Bank International Cooperation - JBIC. O projeto é maior ou equivalente à primeira versão do Programa Grande Carajás - PGC, iniciado há quase 30 anos.
 
O minério que sairá da Serra Sul é considerado ainda de melhor teor que o extraído da Serra Norte, avaliado como excelente. O teor da S11D é de 66%. A Vale é líder mundial no mercado de ferro, responsável por 310 milhões de toneladas por ano.     Como em outros casos registrados na região, o início do projeto mobiliza uma série de alterações na cidade que abriga a mina e em municípios do entorno.
 
Unidades de conservação, territórios indígenas, projetos de assentamentos e outros territórios já estabelecidos também deverão deixar de existir com a construção das hidrelétricas de Santa Isabel e Marabá.


Mais informações
Evento - Seminário Carajás - 30 anos depois
Promoção: CPT, Cepasp, MST, MAB e MdA.
Onde – Campus I - UFPA - Marabá
Quando - 21 a 23 de março de 2014.
Pessoas de referência
Raimundo Gomes
Celular (94) 91325167 – email egc.neto@yahoo.com.br
Rosemayre Bezerra– Celular (94) 91591819 – email rosemayreb@yahoo.com.br
Thiago Cruz – Celular – (94) 91621757 – email – tmdacruz@yahoo.com.br

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