Em espaço inóspito para os setores populares da sociedade, Câmara escutará filhos/as e viúvas de camponeses executados durante a ditadura no Pará.
Filhos e filhas de dirigentes camponeses assassinados durante a ditadura participam da audiência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, no dia 01 de julho, a partir das 10h.
Elias Sacramento, professor de História da UFPA em Cametá, Luzia Canuto, a mestre em História e professora da rede pública em Rio Maria, sul do Pará, Raimundo Junior e os filhos do gatilheiro Quintino Lira, Arlete e Alquides participarão da oitiva.
Todos tiveram familiares mortos durante a ditadura civil-militar, em particular nos anos de 1980, considerado o mais letal na luta pela terra no Pará. Junior é filho de Raimundo Ferrera Lima, "Gringo", agente da CPT e dirigente sindical. Gringo foi o primeiro líder camponês assassinado no sul do Pará.
Além dos filhos/as de dirigente
executados por grileiros, pistoleiros e em muitos casos por agentes públicos da
segurança pública do estado, participa da audiência o advogado da Comissão
Pastoral da Terra (CPT) de Marabá, José Batista Afonso.
Viúvas, filhos/as, irmãos/as
entre outros parentes e amigos das pessoas que tombaram por lutarem pela reforma
agrária, meio ambiente e direitos humanos no Pará estão empenhados há alguns
meses em buscar reparações às famílias que perderam os seus entes queridos.
O derradeiro encontro ocorreu no fim de maio, em Redenção, por ocasião da audiência pública que discutiu o trabalho
escravo na fazenda da Volkswagen, no município de Santana do Araguaia, nos anos
de 1980.
A empresa alemã é acusada de
empreender trabalho análogo à escravidão no Pará e a ceder seus espaços em São
Paulo para a realização de tortura de sindicalistas opositores ao regime. O caso
tido atenção para imprensa internacional.
Execuções de dirigentes, chacinas
de camponeses, execuções de apoiadores, onde constam advogados e religiosos,
grilagem de terras, desmatamento são alguns dos desdobramentos dos projetos
desenvolvimentistas empreendidos pelos militares e o grande capital na
Amazônia, em particular no estado do Pará, com ênfase na região sudeste.
O conjunto de crimes perpetrados
contra camponeses e outros sujeitos, a exemplo e indígenas e quilombolas é
ungido pelo manto da impunidade, como esclarece a obra recente A lua pela terrana Amazônia: mortos na luta pela terra! Vivos na luta pela terra!.
Resultado de projeto de extensão da UFOPA em dialogo como os movimentos sociais e instituições de defesa dos direitos humanos, a obra de quase 800 páginas, registra boa parte dos crimes realizados contra os camponeses. Professores, pesquisadores, militantes, advogados, filhos, viúvas e sobrinhos entre outros assinam os trabalhos.
O livro foi lançado pela ocasião
da passagem dos 40 anos do advogado Gabriel Pimenta. Quatro décadas foram necessárias para o EstadoBrasileiro fosse responsabilizado pelo crime e algumas compensações aos
familiares e à memória do defensor de direitos humanos efetivadas.
A responsabilização resulta de inúmeras
mobilizações em escalas nacional e internacional. Pimenta foi executado em via
pública por volta de meio dia na cidade de Marabá, após sair de um congresso
partidário.
Paulo Fonteles e João Batista,
ambos parlamentares estaduais e igualmente advogados de posseiros tiveram o
mesmo destino de Gabriel. Todos eles foram executados em via pública. O que
desnuda a certeza de impunidade.
Sobre o Gatilheiro Quintino Lira,
a jornalista e pesquisadora sobre o tema Lilian Campelo acaba de defender uma dissertação
no programa de pós graduação de Comunicação Social, da UFPA.
O trabalho foi aclamado com
louvor e recomendado para publicação. Quintino atuou na fronteira do Pará com o
Maranhão, região do Gurupi. Enfrentou grileiros e pistoleiros em defesa de
camponesas em refrega na Gleba Cidepar, até ser morto pelos policiais.
Sobre a audiência saiba mais AQUI
O evento terá transmissão online.
Mais informações - Elias Sacramento - (91) 99176-8821


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