sábado, 28 de junho de 2025

Ditadura na Amazônia: Comissão de Direitos Humanos realiza audiência pública em primeiro de julho

Em espaço inóspito para os setores populares da sociedade, Câmara escutará filhos/as e viúvas de camponeses executados durante a ditadura no Pará. 



Filhos e filhas de dirigentes camponeses assassinados durante a ditadura participam da audiência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, no dia 01 de julho, a partir das 10h.

Elias Sacramento, professor de História da UFPA em Cametá, Luzia Canuto, a mestre em História e professora da rede pública em Rio Maria, sul do Pará, Raimundo Junior e os filhos do gatilheiro Quintino Lira, Arlete e Alquides participarão da oitiva. 

Todos tiveram familiares mortos durante a ditadura civil-militar, em particular nos anos de 1980, considerado o mais letal na luta pela terra no Pará. Junior é filho de Raimundo Ferrera Lima, "Gringo", agente da CPT e dirigente sindical. Gringo foi o primeiro líder camponês assassinado no sul do Pará. 

Além dos filhos/as de dirigente executados por grileiros, pistoleiros e em muitos casos por agentes públicos da segurança pública do estado, participa da audiência o advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Marabá, José Batista Afonso.

Viúvas, filhos/as, irmãos/as entre outros parentes e amigos das pessoas que tombaram por lutarem pela reforma agrária, meio ambiente e direitos humanos no Pará estão empenhados há alguns meses em buscar reparações às famílias que perderam os seus entes queridos.

O derradeiro encontro ocorreu no fim de maio, em Redenção, por ocasião da audiência pública que discutiu o trabalho escravo na fazenda da Volkswagen, no município de Santana do Araguaia, nos anos de 1980. 

A empresa alemã é acusada de empreender trabalho análogo à escravidão no Pará e a ceder seus espaços em São Paulo para a realização de tortura de sindicalistas opositores ao regime. O caso tido atenção para imprensa internacional.

Execuções de dirigentes, chacinas de camponeses, execuções de apoiadores, onde constam advogados e religiosos, grilagem de terras, desmatamento são alguns dos desdobramentos dos projetos desenvolvimentistas empreendidos pelos militares e o grande capital na Amazônia, em particular no estado do Pará, com ênfase na região sudeste.

O conjunto de crimes perpetrados contra camponeses e outros sujeitos, a exemplo e indígenas e quilombolas é ungido pelo manto da impunidade, como esclarece a obra recente A lua pela terrana Amazônia: mortos na luta pela terra! Vivos na luta pela terra!.


Resultado de projeto de extensão da UFOPA em dialogo como os movimentos sociais e instituições de defesa dos direitos humanos, a obra de quase 800 páginas, registra boa parte dos crimes realizados contra os camponeses. Professores, pesquisadores, militantes, advogados, filhos, viúvas e sobrinhos entre outros assinam os trabalhos.

O livro foi lançado pela ocasião da passagem dos 40 anos do advogado Gabriel Pimenta.  Quatro décadas foram necessárias para o EstadoBrasileiro fosse responsabilizado pelo crime e algumas compensações aos familiares e à memória do defensor de direitos humanos efetivadas.

A responsabilização resulta de inúmeras mobilizações em escalas nacional e internacional. Pimenta foi executado em via pública por volta de meio dia na cidade de Marabá, após sair de um congresso partidário.    

Paulo Fonteles e João Batista, ambos parlamentares estaduais e igualmente advogados de posseiros tiveram o mesmo destino de Gabriel. Todos eles foram executados em via pública. O que desnuda a certeza de impunidade.

Sobre o Gatilheiro Quintino Lira, a jornalista e pesquisadora sobre o tema Lilian Campelo acaba de defender uma dissertação no programa de pós graduação de Comunicação Social, da UFPA.

O trabalho foi aclamado com louvor e recomendado para publicação. Quintino atuou na fronteira do Pará com o Maranhão, região do Gurupi. Enfrentou grileiros e pistoleiros em defesa de camponesas em refrega na Gleba Cidepar, até ser morto pelos policiais.  

Sobre a audiência saiba mais AQUI

O evento terá transmissão online. 

Mais informações - Elias Sacramento - (91) 99176-8821

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