A mineradora processa o professor
Evandro Medeiros cível e criminalmente por conta da participação dele em
manifestação em solidariedade aos atingidos pelo crime que a Vale cometeu em
Mariana/MG em 2015. O ato de solidariedade ocorreu em Marabá, sudeste do Pará.
No começo do mês
de maio a Vale teve mais um recurso contra a vitória dos advogados do professor
Evandro Medeiros negado. Na decisão do procurador do Ministério Público do Pará,
Hezedequias Mesquita da Costa, ele sublinha a ausência de materialidade dos
crimes que a mineradora imputa ao professor da Universidade Federal do Sul e
Sudeste do Pará (Unifesspa), onde realça que “Observa-se que o acervo
probatório foi vastamente analisado pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Pará,
que concluiu pela inexistência de provas da materialidade do crime e indícios
suficientes de autoria contra EVANDRO COSTA DE MEDEIROS.” Veja a íntegra do documento
AQUI
A Vale processa cível e criminalmente o professor pelo fato dele participar dele participar de um ato em solidariedade às pessoas atingidas pelo crime da Vale em Mariana, Minas Gerais, ocorrido em 2015.
Após mais uma
derrota a mineradora resolveu mobilizar esforços no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A sanha da Vale contra o
professor Medeiros iniciou em 2015. O processo teve impacto da saúde do
educador, e acarretou em obstáculos quando o mesmo cursava doutorado, além de
constrangimentos dos filhos.
Sobre as acusações
da Vale contra o professor Evandro Medeiros leia mais AQUI.
Vale processa
quase 200 pessoas - Espionar movimentos sociais,
dirigentes, educadores e processar quem denuncia os abusos que a mineradora
promove em seus locais de operação tem sido um modus operandi da Vale. O total beira a casa de duas centenas, conforme
reportagem da Agência Pública de 2017.
Posseiros, sem
terra, lavradores, quilombolas e educadores de pequenas
cidades e vilarejos da área de influência da Estrada de Ferro de Carajás (EFC)
são alguns dos alvos preferências da mineradora.
A ferrovia de
aproximadamente 900 km, liga o sertão do Pará, a região de Carajás, sudeste do
Pará, ao litoral do Maranhão, São Luís. A EFC foi duplicada por conta do maior
projeto da Vale, o S11D, que explora ferro na cidade de Canaã de Carajás. As cifras
do projeto são de bilhões de dólares.
O mercado asiático
é o maior consumidor do minério extraído no Pará. As duas cidades de Carajás, Parauapebas
e Canaã juntas exportam mais que o município de São Paulo. No ano passado o Pará
contou com o maior saldo na balança comercial do país. Tudo por conta da exportação
de minérios. Situação que não se reflete na melhoria de indicadores socioeconômicos
da região e do estado.
O economista e professor
da UFPA, Gilberto Marques, alerta que a se considerar os indicadores do último
censo do IBGE de 2010, o Pará ocupa a antepenúltima colocação em Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), apesar de toda contribuição do PIB nacional, e do
fato de ter superado o estado de Minas Gerais na exportação mineral.
Um quadro que
alerta sobre o cenário marcado pela pilhagem, saque e violências, estas
traduzidas com assassinatos e chacinas de camponeses, ambientalistas, defensores
dos direitos humanos, trabalho escravo, desmatamento e grilagens de terras.
Sobre grilagens
de terra em Carajás, vale a pena a leitura da tese em Geografia apresentada na
USP do professor Marcelo Terence, do IFSP. Baixe AQUI
Espionagem de
movimentos sociais – o mesmo site do jornalismo independente
alertava em 2013 para o serviço de espionagem que a Vale mantinha contra movimentos
sociais, educadores, ativistas, religiosos, e mesmo jornalistas.
Segundo a
reportagem, constavam na lista de espionados o educador Raimundo Gomes,
radicado em Marabá/PA, o militante do Movimento pela Soberania na Mineração
(MAM), Charles Trocate, residente em Parauapebas/PA, padre Dário, missionário
Camboniano, na época morador da cidade de Açailândia/MA e um dos animadores da rede
Justiça nos Trilhos, além do reconhecido jornalista especialista em Amazônia Lúcio
Flávio Pinto. Leia AQUI
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