quarta-feira, 14 de julho de 2021

Violência no campo no Pará: dados apresentados pela CPT na última quarta feira sinalizam para aumento de situações de conflitos

Os números apresentados pela CPT indicam a equivalência com os anos de 1985, considerado o mais sangrento na luta pela terra no Pará.  


A História de “conquista” da Amazônia é uma história de violências.  Ela é estruturante no processo de integração da região aos principais circuitos econômicos, dentro e fora do país.  

Neste sangrento capítulo, cabe ao estado do Pará a maioria das páginas, onde a década de 1980 é considerada a mais pujante. Nela ocorrem as execuções de inúmeros dirigentes sindicais, a exemplo de João Canuto, “Gringo” (Raimundo Ferreira Lima), Expedito Ribeiro, dos religiosos padre Jósimo, irmã Adelaide, além de chacinas, prisões, espancamentos e expropriações.

Foi nela que os ruralistas criaram a União Democrática Ruralista (UDR). A instituição é considerada o braço armado do setor, que hoje ocupa cargos estratégicos na composição do governo federal.  Coube a Ronaldo Caiado, novamente governador do estado de Goiás, a animação da sigla.

Quase quatro décadas depois, os números sobre conflitos no campo no Pará registram indicadores equivalentes aos dos anos de 1980. Os dados foram apresentados em live na última quarta feira, dia 13. Veja AQUI

O elemento recente seria a criminalização dos defensores dos direitos humanos, como é o caso da prisão do advogado José Vargas Junior. Vargas é advogado do caso do Massacre de Pau D´arco, ocorrido em 2017.

Outra questão relevante tem sido as violências contra indígenas e outras populações consideradas como tradicionais na Amazônia.  Casos que vão de execuções a invasões por diferentes sujeitos de seus territórios, a exemplo de grileiros, madeireiros e garimpeiros. 

O episódio protagonizado por policiais militares e civis redundou na morte de 10 camponeses  ligados ao movimento Liga dos Camponeses Pobres (LCP).  

Leia os dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) sobre o Pará AQUI

A geografização da poesia de Charles Trocate - a educadora Flora Pidner cartografa a intervenção do cabra dos Carajás

Para refletir sobre a poética de Trocate, a educadora mobiliza Drummond, Belchior e Chico César entre outros. 
 


O texto resulta de um projeto protagonizado pelo poeta no mês de abril (mês do Massacre de Eldorado), que contou com inúmeras intervenções, dentre elas, a da educadora Pidner. Charles é cria das fileiras da luta do MST no Pará, bandas das terras dos Carajás. É um eloquente intelectual e poeta.

Além do MST tem se notabilizado como linha de frente do Movimento pela Soberania na Mineração (MAM). É um ser andante. Por conta de sua militância, para além das curretelas das quebradas da frente de expansão do grande capital em solo amazônico, já correu meio mundo a refletir sobre as realidades que ocorrer nas margens do rio que corre em sua aldeia.

Flora Pidner

Drummond está vivo em muitas pessoas e em muitos lugares, para muito além do seu busto de bronze que ocupa Copacabana. Drummond está vivo em Charles. A poesia imortaliza o estado do poeta – ou o “estado de poesia” como afirma Chico César. A poesia torna memória a relação com os lugares, com mundo e com pessoas – ou seja, relações intersubjetivas mediadas pelo mundo – o que nada mais são do que as relações que o poeta trava consigo mesmo. 

Muitos poemas e os próprios livros de Charles são dedicados a quem o significa – significa o próprio poema, ao mesmo tempo em que significa o poeta. Essa é uma expressão da multidão que habita Charles: uma parte é ancestralidade, uma parte se foi na luta, uma parte são corpos ainda erguidos:  


as lutas calejaram meus camaradas

-os que se foram sorrindo

os que suspiram fuligem polindo teorias


E se Belchior não estava interessado em nenhuma teoria – ou em polir teorias –, tombado pela “alucinação de suportar o dia a dia” e pelo “ delírio da experiência com coisas reais”, Charles entrelaça todos esses campos, porque a verdadeira teoria e a verdadeira poesia não se desconectam da realidade: são poéticas e são políticas. Para mim, Belchior não negava as teorias, mas as teorias que estão ao avesso da realidade. É como se Charles falasse junto com ele ao colocar que “anda avesso ao inútil e medroso”. Teoria inútil e medrosa realmente não interessa. O ponto de partida de Charles são, sem nenhuma dúvida, as coisas reais de Belchior: Leia o texto na íntegra AQUI