Apesar de noticificada, a PM não tomou nenhuma providência, acusa nota das Brigadas Populares
imagens retiradas das redes sociais
Com
450 famílias, no ano de 2014 o MST organizou e realizou a ocupação de uma área
denominada fazenda Santa Tereza, no município de Marabá, no sudeste do Pará. A
área havia sido apropriada por membro da família Mutran e há poucos anos
repassada ao grileiro Rafael Saldanha.
Rafael
Saldanha é um dos maiores usurpadores de terras públicas no sudeste do Pará,
membro do grupo que articula policiais, milícias e pistoleiros para atacar
trabalhadores rurais na região, é suspeito de participar da articulação que na década
de 1990 mandou assassinar duas lideranças do MST, Fusquinha e Doutor.
Em
novembro e dezembro de 2017 sob o comando do juiz da Vara Agrária de Marabá e
da polícia militar do Estado, especializada para fazer os brutais despejos no
campo, foram feitos despejos de entorno de 2.000 famílias, de suas áreas, para
atender os interesses dos latifundiários.
Dentre
estas áreas das famílias despejadas foi atingido o acampamento Hugo Chaves, com
450 famílias, que se deslocaram para área próxima onde tem escola que pudesse
as crianças continuarem estudando até o final do período letivo.
No
dia 26 de julho, após o dia de comemoração do trabalhador rural, as famílias
resolveram retomar a área de onde foram despejadas. Na madrugada do dia 28,
quando ainda estavam instalando os barracos do acampamento, as famílias foram
surpreendidas por um contingente de homens que chegaram atirando e gritando
para que todos deixassem o acampamento.
Foram
três horas de terror. As famílias desprotegidas, em desesperos iam abandonando
os barracos ao mesmo tempo em que os pistoleiros derrubavam e ateavam fogo, sem
que as pessoas pudessem tirar seus pertences. Movidos pela fúria de destruição
os pistoleiros atearam fogo também nos veículos que ali se encontravam (carros,
motos...).
A
direção do movimento recorreu à Delegacia Especial de Conflitos Agrários. O Delegado
deixou claro que não iria intervir, segundo relato de uma das coordenadoras do
movimento. Há denúncias da participação de policiais da DECA nessa covardia
contra as famílias acampadas.
Não
temos dúvidas de que esta ação faz parte do plano montado para a região no qual
fazem parte latifundiários, governo do Estado e empresários reacionários, para
destruírem com a luta camponesa no Estado do Pará. É tanto que recentemente o
candidato a presidente da república, Bolsonaro, juntamente com o
ultra-reacionário deputado federal Elder Mauro, fizeram um comício na curva do
S conclamando os fazendeiros a destruírem os movimentos da região.
Curva
do S, símbolo da resistência camponesa da região, onde em 1996 o governo do
PSDB autorizou o grande massacre de militantes do MST, com o assassinato
covarde de 19 trabalhadores. Assim como também, no governo do PSDB, em maio de
2017, 15 policiais, também de forma covarde, assassinaram 10 trabalhadores e
uma trabalhadora, no município de pau D’Arco, no sul do Pará. Os policiais
assassinos estão soltos para mais execuções.
Nós,
das Brigadas Populares, repudiamos esses atos covardes e assassinos! Repudiamos
o papel do Estado em defesa do latifúndio e omissão em defesa dos trabalhadores!
Conclamamos todos os movimentos sociais, sindicatos, estudantes e professores,
para uma grande unidade em defesa da luta camponesa e pelo fim do latifúndio!
Mátria
Livre!
Venceremos!
Marabá,
30 de julho de 2018.
Brigadas
Populares - Pará
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