quarta-feira, 28 de março de 2018

Professor de Gestão Pública aprova projeto de impressão de livro em edital de Patrocínio do Banco da Amazônia.


Trata-se do primeiro volume da série institulada Arenas Amazônicas, que também enfocará grandes projetos, em seu segundo volume e comunicação popular, no derradeiro. 
 Capa do vol I do Arenas Amazônicas - Arte: Luciano Silva e Roger Almeida/RL2design

O projeto para impressão do livro “Arenas Amazônicas: negros, mulheres, periferia, cultura e resistências” assinado pelo professor Rogerio Almeida do curso de Gestão Pública e Desenvolvimento Regional concorreu com mais de 800 propostas no Edital de Patrocínio do Banco da Amazônia para o ano de 2018.

Os jornalistas Lilian Campelo e Daniel Leite Junior assinam o conjunto de reportagens que iluminam parte das múltiplas realidades das periferias da cidade de Belém e região metropolitana. Boa parte do material foi publicado no site de jornalismo paulista da Agência Carta Maior.  

Sete textos dão vida ao livro. Os mesmos sublinham diferentes formas de associações e ações afirmativas de negros/as, mulheres, jovens e adultos nas baixadas de Belém. As periferias da insular da cidade, a exemplo da Pedreira, Icoaraci, Terra Firme e Guamá, e região metropolitana, caso do bairro da Guanabara são notados fora do esquadro comum dos meios de comunicação da cidade, que preferem o aspecto policialesco.
Grafiteiros, DJs, educadores, professores, estudantes, biscateiros, aposentados e desempregados são personagens dos textos, que a partir de inúmeros coletivos se impõem como protagonistas de sua própria História, onde afirmam suas identidades coletivas ou individuais como negros, artistas, cidadãos das “quebradas”, que em Belém são conhecidas como baixadas.
Rios serpenteiam a cidade cortada por canais. Num deles, o dos Mundurukus, à Rua dos Pretos, migrantes maranhenses oriundos do município de Cururupu, Baixada Maranhense a partir do Tambor do Crioula e da Escolinha do Reggae delimitam seus territórios como migrantes negros do vizinho estado. Assim, tambores de crioula, danças, canções, manifestações religiosas e ocupação de espaços públicos e ações em mídias digitais são alguns dos recursos usados.

Na Pedreira, bairro do amor e do samba, à Rua Álvaro Adolfo, o Coletivo Rádio Cipó germinou. O mesmo aglutinou gerações diferentes. O grupo hoje extinto, ganhou o mundo nos anos 2000. A vedete Dona Onete segue carreira com boa aceitação no país e fora dele. Os diferentes artífices continuam a atuar, a exemplo do DJ Montalvão, que segue em sua carreira autoral. 

As mulheres ocupam lugar de destaque do volume um da série. Thiane Neves e Nega Suh são jovens ativistas do movimento negro, que em certa medida seguem os exemplos das pioneiras Zélia Amador e Nilma Bentes. Diferentes gerações ocupam a mesma trincheira. 

Outra experiente ativista incensada no livro é a professora Hecilda Veiga. Histórica militante pela defesa dos direitos humanos do estado encerra a obra.  A professora da Universidade Federal do Pará (UFPA) e o seu companheiro, o advogado Paulo Fontelles, assassinado na década de 1980 por defender camponeses na luta pela reforma agrária foram fundadores da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH). 

Nos anos de exceção, a professora foi presa e torturada nos porões dos quartéis das forças armadas nacionais. Veiga estava grávida. Mesmo assim não houve complacência. Em diferentes momentos econômicos, históricos e políticos, apesar do cenário, sempre ocorreram formas de resistências. É esta a angulação desta série que ora se apresenta. A série é inspirada em educadores e ativistas comprometidos com as causas e lutas coletivas dos considerados vencidos.

Em fase de nova revisão, o livro deve ser lançado em Belém e Santarém, e pode ser baixado em formato de PDF na internet. 
 

O segundo volume, em fase de revisão, enfocará a peleja das populações locais e suas formas de enfrentamento aos grandes projetos, que cimentam a trilha da condição colonial da região. O terceiro e último buscará tratar dos meios de comunicação populares. Nele jornais e rádios do campo democrático serão sublinhados.


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