Trata-se do primeiro volume da série institulada Arenas Amazônicas, que também enfocará grandes projetos, em seu segundo volume e comunicação popular, no derradeiro.
Capa do vol I do Arenas Amazônicas - Arte: Luciano Silva e Roger Almeida/RL2design
O
projeto para impressão do livro “Arenas Amazônicas: negros, mulheres,
periferia, cultura e resistências” assinado pelo professor Rogerio Almeida do
curso de Gestão Pública e Desenvolvimento Regional concorreu com mais de 800
propostas no Edital de Patrocínio do Banco da Amazônia para o ano de 2018.
Os
jornalistas Lilian Campelo e Daniel Leite Junior assinam o conjunto de
reportagens que iluminam parte das múltiplas realidades das periferias da
cidade de Belém e região metropolitana. Boa parte do material foi publicado no
site de jornalismo paulista da Agência Carta Maior.
Sete
textos dão vida ao livro. Os mesmos sublinham diferentes formas de associações
e ações afirmativas de negros/as, mulheres, jovens e adultos nas baixadas de
Belém. As periferias da insular da cidade, a exemplo da Pedreira, Icoaraci,
Terra Firme e Guamá, e região metropolitana, caso do bairro da Guanabara são
notados fora do esquadro comum dos meios de comunicação da cidade, que preferem
o aspecto policialesco.
Grafiteiros,
DJs, educadores, professores, estudantes, biscateiros, aposentados e
desempregados são personagens dos textos, que a partir de inúmeros coletivos se
impõem como protagonistas de sua própria História, onde afirmam suas
identidades coletivas ou individuais como negros, artistas, cidadãos das
“quebradas”, que em Belém são conhecidas como baixadas.
Rios
serpenteiam a cidade cortada por canais. Num deles, o dos Mundurukus, à Rua dos
Pretos, migrantes maranhenses oriundos do município de Cururupu, Baixada
Maranhense a partir do Tambor do Crioula e da Escolinha do Reggae delimitam
seus territórios como migrantes negros do vizinho estado. Assim, tambores de
crioula, danças, canções, manifestações religiosas e ocupação de espaços
públicos e ações em mídias digitais são alguns dos recursos usados.
Na
Pedreira, bairro do amor e do samba, à Rua Álvaro Adolfo, o Coletivo Rádio Cipó
germinou. O mesmo aglutinou gerações diferentes. O grupo hoje extinto, ganhou o
mundo nos anos 2000. A vedete Dona Onete segue carreira com boa aceitação no
país e fora dele. Os diferentes artífices continuam a atuar, a exemplo do DJ
Montalvão, que segue em sua carreira autoral.
As
mulheres ocupam lugar de destaque do volume um da série. Thiane Neves e Nega
Suh são jovens ativistas do movimento negro, que em certa medida seguem os
exemplos das pioneiras Zélia Amador e Nilma Bentes. Diferentes gerações ocupam
a mesma trincheira.
Outra
experiente ativista incensada no livro é a professora Hecilda Veiga. Histórica
militante pela defesa dos direitos humanos do estado encerra a obra. A professora da Universidade Federal do Pará
(UFPA) e o seu companheiro, o advogado Paulo Fontelles, assassinado na década
de 1980 por defender camponeses na luta pela reforma agrária foram fundadores
da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH).
Nos
anos de exceção, a professora foi presa e torturada nos porões dos quartéis das
forças armadas nacionais. Veiga estava grávida. Mesmo assim não houve complacência.
Em diferentes momentos econômicos, históricos e políticos, apesar do cenário,
sempre ocorreram formas de resistências. É esta a angulação desta série que ora
se apresenta. A série é inspirada em educadores e ativistas comprometidos com
as causas e lutas coletivas dos considerados vencidos.
Em fase de nova revisão,
o livro deve ser lançado em Belém e Santarém, e pode ser baixado em formato de
PDF na internet.
O
segundo volume, em fase de revisão, enfocará a peleja das populações
locais e suas formas de enfrentamento aos grandes projetos, que cimentam a
trilha da condição colonial da região. O terceiro e último buscará tratar dos
meios de comunicação populares. Nele jornais e rádios do campo democrático
serão sublinhados.
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