Pe Amaro - Agente Pastoral da CPT no Xingu
A canção de Caetano
invoca: “ O império da lei há de chegar
no coração no Pará. [...] Quem matou meu amor tem que pagar/E ainda mais quem
mandou matar/.
Triste constatar que a poética
é difícil de se materializar em solo encharcado de sangue de trabalhadores e
trabalhadoras rurais, seus apoiadores e simpatizantes. As execuções e chacinas continuam.
Assim como os atentados
de toda ordem, via a mão do estado ou dos latifundiários. Ações aditivadas pelo
adubo da impunidade e a parcialidade da justiça. O caso recente foi a Chacinade Pau Darco, no mesmo conturbado sudeste paraense. A PM executou 10
trabalhadores rurais em maio de 2017. Não há ninguém preso.
Já na direção em criminalizar
a luta pela reforma agrária, meio ambiente e os direitos humanos, o tijolo mais
recente na edificação da catedral de injustiças, temos a prisão preventiva do
Pe Amaro, ocorrida na cidade de Anapu, no último dia 27, as vésperas da semana
santa. Como de praxe, no rosário de acusações constam: formação de quadrilha,
esbulho possessório ameaça a ordem, etc.
Amaro é ativista da
Comissão Pastora da Terra (CPT). Trabalhou com a missionária Dorothy Stang apoiando
a luta pela terra na região do Xingu, onde é pároco.
O caso ocorre no contexto
de dias depois da execução da missionária Stang completar 13 anos, e a execução
dos militantes do MST, Onalício Araújo Barros e Valentim Silva Serra. Fusquinha
e Doutor, respectivamente, como eram conhecidos, somar duas décadas de
impunidade. E, o Massacre de Eldorado do Carajás contabilizar 22 anos, no
próximo dia 17 de abril.
No contexto de grande avanço do capital sobre as terras e as riquezas da Amazônia, os parcos direitos adquiridos na Constituição Federal de 1988 estão na mira da desregulamentação da pauta do Congresso Nacional, onde a ordem é azeitar a “lei” para facilitar a circulação do grande capital. E, em direção oposta fragilizar a reprodução econômica, cultural, política e social das populações ancestrais.
Neste caleidoscópio de
violências, consta ainda um rosário imenso de agentes políticos de toda ordem
sendo processados por grandes corporações do quilate da Vale, entre outras, e o
próprio estado. Fazendeiros sitiam ocupações. Tocam o terror. Incendiam
roçados, disparam tiros, jogam agrotóxico, ameaçam de morte.
Parece que ninguém está a
salvo. Vide a truculência ocorrida em Belém, no auditório da UFPA, em novembro
do ano passado, quando o prefeito do município de Senador José Porfírio, e
Dirceu Biancardi (PSDB) e o deputado estadual Fernando Coimbra (PSD),
comandando um grupo de cerca de 30 pessoas, impediram a apresentação de estudos
sobre os impactos da mineração na Volta Grande do Xingu.
A pesquisa coordenada
pela reconhecida professora Rosa Acevedo Marin sobre a mineração da empresa
canadense Belo Sun teve de ser adiada por conta da ação do bando comandado
pelos políticos, que mantiveram pesquisadores em cárcere no auditório. Isso, em
plena capital do estado, no auditório de uma universidade pública, onde o
governador do estado Simão Jatene (PSDB), foi professor.
Diante deste cenário,
indaga-se: o império da lei há de chegar no coração do Pará????
Leia a nota da CPT AQUI
Mais um defensor dos direitos humanos atingido pelo escudo do Estado em defesa do capital!..Não esmorecer, é passar a sua frente!
ResponderExcluirBom dia Rosa. Somente a Vale processa civel e criminalmente mais de 150 pessoas nos estados do PA e MA. E ainda tem no Congresso projeto de lei que deseja chancelar movimentos sociais em grupos terroristas. Só resta a luta!
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