quinta-feira, 10 de março de 2016

Tapajós - o bar-boutique de Virginia


As pernas são torneadas. As nádegas generosas. Parecem ocultar a idade. Sonegar a raça de Virginia (homenagem a Wolf). Apesar das ancas de negra, a comerciante é clara. O acanhado comércio é um hibrido de boutique popular e botequim. Fica na orla de Santarém. Metá-metá, com se diz por aqui.
O botequim, que também vende refeição, ocupa o espaço menor.  O interior acomoda três mesas de forma apertada. Pela manhã, quando faz sombra, a comerciante espalha mesas e cadeiras na calçada.
Minúsculo também é o banheiro, que fica próximo ao local onde a refeição é preparada. Vírginia, que adota shorts que lhe valorizem as formas, possui três funcionárias.
Uma cozinha, a outra atende a clientela, e a terceira fica na loja. Estivas, marítimos e comerciantes frequentam a casa, cravada em uma travessa à beira do rio Tapajós, que corre em paralelo ao Amazonas.
No perímetro do empreendimento do comercio de Vírginia, predominam lojas que vendem máquinas e equipamentos de barcos, e de insumos para a atividade de pesca ou lavoura. É possível encontrar ainda pequenos mercados, padarias e outras boutiques igualmente populares.
A lavoura não deu boa este ano. Tempo de seca. Nesta época do ano, em anos considerados normais, o rio Tapajós já teria avançado sobre a avenida. Alcançado as lojas. Nas feiras, abacaxis e bananas são comercializados mesmo que nanicos.   

Uma caixa de papelão serve de depósito dos CDs piratas do bar. A sofrência é a trilha sonora, entrecortadas por causos de garimpos e viagens da região. Noutro dia, um senhor desprovido dos membros superiores, sorvia cerveja como se o mundo fosse findar daqui a segundos.

O garimpeiro de estatura pequena, gaba-se em ser bom de tiro. Por 15 anos peregrinou em garimpos do Pará, Mato Grosso e das Guianas. Atualmente é dono de loja de roupas. Com um amigo agenda visita ao puteiro assim que  a loja fechar.

Espero voltar ao local,  outros causos conhecer. E, quem sabe contemplar as formas de Virginia ou a ternura dos rios.

Protesto contra instalação de portos no Lago de Maicá marca dia da mulher em Santarém
















Um conjunto de empresários do setor de grãos agregados na empresa Embraps, pleiteia instalar um conjunto de portos no Lago do Maicá, na cidade de Santarém, no oeste paraense.
 
O complexo integra um portfolio de grandes obras, que visa incrementar um corredor de exportação de commodities na região, com predominância da soja e de minérios.
 
Pescadores, ribeirinhos e quilombolas fazem parte da sociodiversidade do Lago do Maicá. Eles já compartilham impactos do projeto, como o assédio do setor imobiliário. Parte destas populações não tem sido considerada pelos estudos de impactos ambientais.
 
Além dos portos, hidrelétricas, incremento da BR 163, ferrovias  e hidrovias fazem parte da agenda de "desenvolvimento" para o Baixo Amazonas, onde a ampliação da monocultura de soja é um dos vetores.
 
Outro problema nos planos governamentais, é a ausência de avaliação de forma integrada dos passivos sociais e ambientais que os empreendimentos poderão provocar no sensível bioma, e no conjunto da sociedade.  

Fotos: Ellen Pessôa

Vila de Alter do Chão - celebra aniversário de 257 anos insubordinada


Na peleja entre as grandes empresas, que se apropriam das riquezas da (as) Amazônia (s), e as populações locais, a dimensão simbólica também faz parte da disputa.
 
Ao celebrar o aniversário de 257 anos, na derradeira sexta feira, no dia 6, moradores da Vila de Alter do Chão, em Santarém, externalizaram opinião sobre a empresa Cargil, que financiou o convescote.  
 
Bancar atividade na área de cultura ou social, faz parte da cortina de fumaça tratada por alguns pela marca de responsabilidade social.   
 

quarta-feira, 9 de março de 2016

A Jari faliu, outra vez?

Em dezembro do ano passado a PF realizou busca e apreensão contra a empresa por fraudes no sistema florestal
  
Empate de extrativistas organizada no natal de 2014/R.Almeida
Não se sabe ao certo. Mas, nestes dias Sérgio Amoroso, dono do Grupo Orsa, foi visto no rincão, em Monte Dourado, distrito da cidade de Almeirim, no estado do Pará.

Cogita-se que o mesmo tenha vindo negociar pessoalmente com os funcionários da Jari Florestal. Desde 2014 funcionários realizaram inúmeras paralisações em protesto contra a empresa, e em dezembro do ano passado a empresa teve o selo verde cassado e foi alvo de grande operação da Polícia Federal.

Jari Nebulosa -  Operação da PF, no dia 04 de dezembro, caçou agentes públicos do estado do Pará, Secretaria do Meio Ambiente e Instituto de Terras do Pará (Iterpa), funcionários da Jari, envolvidos em fraudes no sistema de comercio florestal.  .

A ação envolveu buscas e apreensões em 41 endereços ligados a cinco empresas no Pará, São Paulo e Curitiba. Duas pessoas tiveram prisões preventivas decretadas, outras 16 ficaram em prisão temporária e 10 foram conduzidas coercitivamente para prestar esclarecimentos. Leia no MPF

Faturamento bilionário - Um bilhão de reais era a expectativa de faturamento do Jari em 2015. O empreendimento criado pela mega, ultra, multimilionário estadunidense Daniel Ludwig, em 1967, período da ditadura civil-militar, foi turbinado com generoso recursos do poder público.

A Jari, empresa que controla de forma questionável fatia significativa do território amazônico, -1,7 milhão de hectares - numa faixa entre os estados do Pará e Amapá, produz celulose.

Nos dias atuais o controle é do Grupo Orsa, com sede em São Paulo. Sérgio Amoroso é o cacique principal. Amoroso, nascido na cidade de Birigui, tem orgulho em ter começado como auxiliar de almoxarifado.

O sobrenome do “bandeirante” contradiz com a ação do empresário com a comunidades locais na região do Jari, em particular com a Comunidade de Pilões, que no natal de 2014 reeditou uma tática de resistência criada pelos seringueiros do Acre, o empate.

A ação é uma prática de enfrentamento contra o grande capital, que historicamente tem espoliada e expropriada o as populações locais. As rusgas entre as partes terá uma audiência de instrução no próximo dia 15.
As partes disputam território. A comunidade alega que mora reside há mais de cem anos, em área pleiteia pela empresa.  

Saiba sobre o Empate no Jari em reportagem investigativa publicada no site da Agência Pública AQUI

Crime ambiental de Barcarena completa seis meses sem solução

 O crime ambiental de crime ambiental de Barcarena, que matou quase cinco mil bois, somou seis meses ontem.
Os resíduos dos animais e o óleo do navio impactaram a vida das populações locais e dos comerciantes da praia da Vila do Conde, onde fica o Porto da Companhia das Docas do Pará, local onde  a embarcação afundou com a carga viva.
Alguns moradores receberam uma pequena compensação financeira, que não chega a dois mil reais. Um morador local informa que o fluxo de banhistas na praia não voltou ao normal, o que prejudica os comerciantes locais.
No jogo de irresponsabilidades entre exportadores de gado e empresas de navegação, a parte mais vulnerável continua a pagar o pato.