A principal insurreição popular do período regencial do Brasil somou 180 anos este ano. É considerada por alguns autores como uma revolução social, onde indígenas, negros, tapuios e brancos empobrecidos insubordinaram-se contra o domínio português e de outros colonizadores.
A revolução dizimou boa
parte da população da época, e pela vez primeira vez, segmentos marginalizados
alcançaram o poder, sendo o ápice a aclamação do dirigente Malcher como o
primeiro governador Cabano.
O raio de abrangência
transbordou as fronteiras amazônicas, alcançou praias do Nordeste, e mesmo
regiões limítrofes com outros países. Novos
estudos desnudam outras nuances sobre o movimento, iluminam a relevância do
Baixo Amazonas na empreitada.
Neste mesmo ano, uma das
páginas mais sangrentas da História recente da luta pela terra na Amazônia soma
duas décadas, o Massacre de Eldorado, ocorrido na Curva do S, no município de
Eldorado do Carajás, no sudeste paraense, no dia 17 de abril.
A ação ordenada pelo
médico – que em tese deve guardar a vida – Almir Gabriel, que na época governava
o Estado, ordenou que o secretário de segurança da Paulo Sette Câmara encerasse
a qualquer custo uma ação de ocupação da rodovia estadual, PA 150, pelos sem-terra.
As tropas da PM executaram
19 trabalhadores rurais sem terra. Mais de 150 policiais militares participaram
da chacina que chamou a atenção do mundo. Conforme laudos, muitos foram
executados com tiros à queima roupa disparados na cabeça ou no rosto.
A violência física, o
autoritarismo do Estado, a espoliação e a expropriação constituem elementos que
estruturam o avanço do capital sobre a terra e as riquezas cá existentes.
Na contramão, como nos
tempos da Cabanagem, sempre ocorreram formas de (re) existência populares. Uma
delas tem sido a educação.
Assim, no conturbado
contexto dos anos 1990, marcado pela avanço da agenda neoliberal, que teve o
seu ponto alto a política de privatizações, marcada pela entrega de bandeja a
Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), nascia na terra dos Carajás a Escola Família
Agrícola (EFA) de Marabá, sudeste do Pará.
A EFA aflorou em solo
marcado pela aguda disputa pela terra, para atender, a partir das realidades
especificas dos universos rurais, jovens e adultos do campo. No mundo nacional
marcado pela lógica do privilegio, estudar é mais que um ato revolucionário.
A EFA integrou um leque
de ações geradas a partir do Centro Agroambiental do Tocantins (CAT), experiência
inovadora animada pelo educador natural da Bélgica, Jean Hébette. O centro
era vinculado a UFPA. Constitui-se como um importante mediador no processo
de luta pela terra aliado ao movimento sindicalista do campo da região.
A condição precária
marca a sobrevivência das EFA e das Casas Famílias Rurais (CFR), que operam a
partir do mesmo modelo pedagógico, a alternância, que valoriza vivências a
partir do tempo escola e tempo comunidade. Freire é uma das inspirações, onde o
diálogo e a horizontalidade na relação entre educador-educando ocupam o primeiro
plano.
Damião Santos foi um dos fundadores da EFA e o primeiro monitor. Tem formação em Pedagogia da Alternância, e graduação em Pedagogia, com especialização em Educação do Campo. Atualmente cursa metrado de Desenvolvimento Socioespacial e Regional (UEMA).
Santos é técnico da Emater. É ele quem tem animado a celebração. Mas que se transformou numa articulação coletiva. A celebração ocorre entre 18 a 20 de março, na EFA Padre Humberto Pietogrande – Marabá.
A EFA está localizada
na Rodovia Transamazônica km 23 (sentido Itupiranga). A programação e comissão
organizadora (estão sendo organizadas).
Mais
informações
Damião
Soledadedsolidade@bol.com.br
Cel/zap: (94) 99149 - 6323
Nenhum comentário:
Postar um comentário