O mundo dos Carajás é
um emblema na história nacional no que tange à luta pela terra. Ali, como em
outros cantos amazônicos, há milênios, indígenas dominam a arte em manejar os
recursos naturais, desenvolver tecnologias e uso comunal do território.
Solo a todo momento ameaçado
pelas grandes obras de infraestrutura, que visam dinamizar o saque das riquezas
locais.
A aura colonial se
mantém, bem como as insubordinações em sentido oposto, a exemplo de ocupações
de latifúndios, edificação de escolas, novas formas de educação e
re-existências em múltiplos flancos.
Na terra dos Carajás a
diversidade social agrega camponeses, devidamente territorializados,
garimpeiros, peões do trecho em busca de um punhado de dignidade. Carajás é
terra de migrantes. É terra de tensão constante pelo controle e uso da riquezas
ali existentes. Um paraíso do enclave.
Nas terras dos caudalosos
rios Tocantins-Araguaia jovens sonharam em irradiar uma revolução socialista.
Nelas o Festival Internacional
de Cinema de Fronteira (FIA CINEFRONT) alcança a segunda edição. A iniciativa é
da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), a partir da Diretoria
de Ação Intercultural, em associação com os movimentos sociais e a Secretaria
Municipal de Cultura de Marabá.
O indigenista e jornalista Felipe Milanez é o
curador. O festival ocorre entre a 11 a 15 de abril, em Marabá e em outros campi
da Unifesspa. O longa Osvaldão [2015,
80 min], considerado a maior expressão entre os guerrilheiros do Araguaia, dos
diretores Fabio Bardella e o
André Michiles abre o festival, às 19h, do dia 11 de abril, no Campus da Unifesspa, em
Marabá. O ativista Paulo Fonteles, membro da Comissão da Verdade, e os diretores do filme debaterão sobre a luta popular no Araguaia após a exibição.
O FIA Cinefront
contempla sessões gratuitas, seguidas de debates, a partir das realidades que
fazem parte das regiões da periferia e de fronteira, inclusas de forma
subordinada e tardia aos principais centros do capitalistas, a exemplo da
Amazônia.
Conforme a coordenação
do evento, o festival é um momento de celebrar as lutas sociais e a re-existência
popular que fazem da fronteira front de batalha por direitos, igualdade,
justiça e dignidade.
Em sua segunda edição, o
festival coloca em foco as lutas travadas por indígenas, guerrilheiros e
camponeses e a realidade de violações de direitos constituída pelo processo de
ocupação da Amazônia, no contexto da Ditadura Militar no Brasil. As obras
selecionadas contemplam o protagonismo de camponeses, indígenas e guerrilheiros
num horizonte anti- colonial.
Homenagem - Vincent Carelli é o
homenageado do Cinefront. O realizador é indigenista, documentarista, fundador
do Vídeo nas Aldeias. Carelli assina filmes como "Ninguém come
carvão" [1991] e "Corumbiara"
[2009], que, respectivamente, denunciam a destruição da floresta pelas
siderúrgicas no Pará e Maranhão e o massacre de
índios na Gleba Corumbiara, em Rondônia.
Em 1969 Carelli esteve
pela primeira vez em Carajás. Visitou os Xikrin do Catete. Por meio de concurso
ingressou na Funai. Durante a ditadura civil-militar abandonou a instituição
para somar forças junto as resistências e lutas do movimento indígena e
indigenista.
Na condição de fotografo realizou uma das primeiras grandes coberturas jornalísticas sobre a Guerrilha do Araguaia junto aos jornalistas Palmério Dória, Sérgio Buarque e Jaime Sautchuk. O material foi revelado na revista História Imediata, dando visibilidade ao que a ditadura gostaria de ocultar, o massacre do Araguaia.
Na condição de fotografo realizou uma das primeiras grandes coberturas jornalísticas sobre a Guerrilha do Araguaia junto aos jornalistas Palmério Dória, Sérgio Buarque e Jaime Sautchuk. O material foi revelado na revista História Imediata, dando visibilidade ao que a ditadura gostaria de ocultar, o massacre do Araguaia.
Conheça a programação
Para mais informações
Instituições Parceiras
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Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – UNIFESSPA
Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis - PROEX
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB
Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas - CECULT / UFRB
Rede Europeia de Investigação de Ecologia Política - ENTITLE / Universidade de Coimbra
Universidade Pontifícia Católica do Peru - PUCP
Grupo Interdisciplinar Amazônia / GIA – PUCP
Secretaria Municipal de Cultura - SECULT/Prefeitura de Marabá
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Trama Teia Produções
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