Edeildo e Neiriane celebram
aniversário nesta semana. Eles são educadores na zona rural do sudeste
paraense. O casal integra uma turma de 13 pessoas do curso de Educação do Campo da
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), com sede no
município de Marabá, sudeste do estado.
Hoje a turma confraternizou
com a realização de um almoço coletivo. Cada um trouxe um prato. O principal foi
uma galinha caipira. Tudo vindo dos quintais de alguns projetos de
assentamentos.
O curso é baseado na
Pedagogia da Alternância do programa do Governo Federal Parfor, que visa formar
os professores de zonas rurais.
A metodologia adota
tempos de vivência na escola e tempos de vivência nos locais de moradia dos
educandos. A turma chega a ficar fora de casa aproximadamente dois meses.
Os que não possuem
parentes em Marabá dividem aluguel por temporada em kitnets. O preço é considerado
salgado. O simples pode beirar até R$700,00. Há casos ainda de moradia
solidária.
Em tempos de darwinismo
social a solidariedade promovida pelos discentes soa estranha. Os que moram
mais próximo visitam suas casas em fins de semana.
A educação é uma das
dimensões mais contundentes do processo de territorialização do campesinato da
região, que concentra o maior número de PA´s do país, são mais de 500 projetos.
A territorialização resulta
de inúmeros conflitos, tensões, negociações e acomodações com diversos setores
do poder público e privado.
No mosaico de disputa
desse espaço podem ser encontrados: fazendeiros, madeireiros, grileiros, grandes
corporações de mineração e de construção de hidrelétricas, indígenas e
garimpeiros.
A caminhada do
campesinato da fronteira experimentou vários mediadores que endossaram a ação
dos setores populares do campo, entre eles: fração da Igreja Católica, como a
Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento de Educação de Base (MEB),
Comunidades Eclesiais de Base (CEB´s), partidos políticos, ONG´s, intelectuais,
setores das universidades públicas, entre outros.
Pode-se evidenciar a
radicalização da democracia para uma parcela da sociedade que historicamente tem
sido marginalizada, expropriada e, por vezes, subjugada à condições análogas a do
trabalho escravo.
O processo que soma
mais de 50 anos de luta pela terra, em uma fronteira marcada pela aguda
disputa pelo espaço e riquezas aqui existentes é de um significado
emblemático numa sociedade erguida sob o ethos
do privilégio.
Desde a integração
econômica da região a expansão do capital baseada em exportação de produtos
primários, com ênfase no minério, tem promovido a expropriação das populações locais.
O acesso deste público ao
direito básico da educação significa um relativo avanço num país ainda marcado
pela concentração de poder em mãos de poucos, onde a robusta bancada ruralista no
Congresso é uma evidência dessa concentração.
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