O voto é obrigatório. Meia
dúzia de famílias controla os meios de comunicação. A concentração de renda tem
indicadores similares a países africanos. O direito não é universalizado.
Figuras de coronéis impregnam
a cena política por mais de quatro décadas. Morre-se em cadeias, unidades de
saúde e ruas de Norte a Sul. Estranha democracia.
No ano de eleição casado
com a Copa do Mundo de Futebol, o eleitor é obrigado a passar pelo processo técnico
de biometria.
Recurso que deve
acelerar ainda mais o exame eleitoral. A parada não é em todo país.
Duas horas sob um sol
inclemente até alcançar o ar do prédio do TRE da cidade de Ananindeua. O município
é o segundo mais importante do estado do Pará.
O herdeiro do Barbalho,
Helder, que deve sair candidato a governo desmandou no município em duas
ocasiões.
No Pará o cacique é o
fiel da balança. Bem sabem o PT e o PSDB.
Brasileiro que é
brasileiro tem de deixar tudo para a derradeira hora. A missão do TRE no
município encerra daqui a uma semana.
Pelo menos perto de 50
pessoas atendem os eleitores. Assinatura eletrônica e foto da criatura integram
o rito.
Imagina o semblante de felicidade
após mais de duas horas de fila....
A fila é a instituição
mais séria da nação? As intimidades são trocadas
como se as pessoas se conhecessem há décadas.
A parte mais legal são as
tiradas politicamente incorretas, como uma sugestão de uma senhora ao meu lado.
Saiu com a pérola que a pessoa podia alugar bebês para furar a fila. Entrar como
prioridade. Taxa de R$10,00. Metade para a cesta básica da criança e a outra
para a cerveja.
À porta do prédio vende-se
de tudo: água, água de coco, plastificação do documento, picolés e coisa e tal.
Faltou sombrinha.
A fila tem forma de
caracol. Gente de tudo que é jeito. Ninfetas, moçoilas, senhoras serelepes,
outras nem tanto.
Senhores magros,
gordos, nanicos, negros, pardos, clarinhos, cabeludos, calvos, desgrenhados e
os assépticos.
A diferenciação de
classe é estampada nas grifes. Nos badulaques eletrônicos.
A fila do TRE converteu-se
num verdadeiro fest food para a Antropologia. Moças enfeitadas como se fosse a
um evento com algum glamour.
Algumas excessivamente
coloridas. Enfeitadas. Mais felizes que uma tela de Romero Brito.
E tome foto e redes
sociais. Sadomaso geral.
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