Cor cinza. Automática ponto
45 no cós. O negro de meia idade exibe a arma para o colega também policial
num boteco desprovido de atrativos na Cidade Velha, no município de Marabá.
Nestes dias o rio Tocantins expulsa as pessoas das casas das baixadas.
Risonhos, os policiais
da PM tramelavam feitos e desfeitos. O sol era escaldante e exigia mais
cerveja. A conversa não cessava. “Fui da Vale. Um dia passei no concurso da
PM e deixei a empresa. Maior burrice que fiz”, avaliou o PM da pistola.
Meu caro, ainda
cheguei a receber várias cartas da empresa sugerindo que voltasse, optei pela
estabilidade. E estou aqui fudido”, fala em tom melancólico o PM prestes a aposentar.
Conforme ele, tudo na vida piorou ainda por conta de ter participado da chacina
de Eldorado dos Carajás. Foram mais de
10 anos sem promoção.
O amigo dele não exibe
arma nenhuma. Apenas reclama o fato de estar na burocracia por conta de ter
executado uma pessoa em Piçarra. Não tarda chega mais um PM. Todos estão de
folga. O derradeiro tem patente, é subtenente.
Assim como alguns
garimpeiros contam vantagens disso e daquilo. Falam com orgulho dos abusos
cometidos. As chantagens protagonizadas, dos espancamentos e das mulheres. A infidelidade
é festejada como se fosse uma medalha por grande feito alcançado.
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