O trecho é por
excelência o espaço da desordem, da ilegalidade e da esperteza? Mesmo boteco
sem atrativos na Cidade Velha, cidade de Marabá, sudeste paraense prenhe de maranhense.
A tinta do cabelo de
uma pessoa do sexo masculino destoa das rugas do rosto. O traje é roto com
pretensão a elegante. A fala estridente enche o ambiente. Fala em voz alta, como
se quisesse que todos soubessem do cargo que ocupa como assessor de deputado.
O sujeito foi
comunicador num programa policial da cidade. Desfilava nas praças com carros pegos
no Detran como fiel depositário. O pequeno espaço enche. Perto do meio dia. Um vereador processado por compra de votos na
última eleição aumenta o escrete de “espertos”. Todos fazem galhofa com a possibilidade de prisão
do mesmo.
Eles comentam o “mensalinho”
pago pelo prefeito da cidade. R$ 40 mil reais seria o mimo pago pelo chefe do
executivo para ter projetos e contas aprovadas. Maurino Magalhães, um pentecostal
deixou a cidade em frangalhos. Praticamente saiu fugido do município. Fornecedores
e barnabés passaram o fim de ano à míngua.
O assessor não cessa em
falar. Conta de tramoias e esquemas. E que se faz necessário uma articulação
para garantir a coordenação da UFPA de Marabá. “A intenção do deputado é ganhar
essa direção”, dispara o tagarela.
Ele liga para uma emissora
de rádio. Pede que mandem abraços para o deputado e seus pares. Informa que o
mesmo visita uma vila. Na loteria, num desses recursos de propaganda interna,
uma TV exibia a face do ilustre parlamentar da Câmara Federal.
Ele é de verniz
conservador. Certa vez embriagado numa feira agropecuária vociferou contra o
MST. Intimou que os fazendeiros organizassem milícias e a defesa das
propriedades. E mesmo que matassem os sem terra, caso fosse necessário.
Não conheço ninguém do
espaço. Sempre fico só. Opção para facilitar deslocamento ou ficar um pouco
mais. Tomo a derradeira cerveja. Belisco
uns pedaços de carne de porco. Fico a fitar as moças que passam. Preferência pelas
rechonchudas. Renascentista coração.
Vou espiar o rio
Tocantins, que nesta época do ano toma a cidade. Respiro fundo. E sigo para o
ponto de ônibus. Pego uma espiga de milho verde. Matuto sobre as incertezas.
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