Fotos cedidas pelo Polo São Pedro - Odiléia Lima
Nove e tantas da manhã. Alcindo Cacela. Campus da Universidade da Amazônia (UNAMA). Sábado de sol causticante. Todos chegaram no horário estabelecido. Os professores Marcus Dickson e Rogério Almeida são os responsáveis pela trupe de discentes de jornalismo e publicidade: Daniel, Karol, Riba e kleverson. Maria de Nazaré, professora do serviço público e estudante de mestrado em Letras da UFPA acompanhou a viagem.
Na captação de imagens, o auxílio luxuoso de Ismar, 30 anos de praia como cinegrafista. A registrar alegrias e dores em Belém. Confessa que deseja escrever um livro assim que se aposentar.
A empreitada de extensão que aproximou a Agência Unama pelos Direitos da Criança e Adolescente e Agência de Marketing e Publicidade foi batizada de Traços Amazônicos. Um laboratório que visa conhecer algumas das muitas realidades que existem em locais da periferia, em particular as voltadas para luta pela cidadania de crianças e adolescentes.
“O delírio poético” consiste em produzir audiovisual, ensaio fotográfico, programa de rádio e texto jornalístico. Terra Firme foi o ambiente escolhido. Trata-se de bairro estigmatizado pela violência.
A reportagem para o site paulista Agência Carta Maior nasceu primeiro. Umas seis laudas assinadas pelo estudante Daniel Leite e o professor Rogério Almeida.
Estamos ficando íntimos do bairro da Terra Firme, e em particular, dos personagens que agitam a cena cultural do lugar considerado de risco na cidade de Belém. A maioria da população sobrevive com meio salário mínimo.
Estão ali migrantes, negros, em particular do Nordeste, com ênfase no estado do Maranhão. A informalidade nubla a realidade.
A violência é o principal estigma. O bairro é cortado por inúmeros canais. Palafitas e pontes de madeira em algumas partes configuram a paisagem. Hoje vai rolar o Tambor de Crioula na Rua dos Pretos. A rua dos maranhenses. A parada é uma homenagem a Nossa Senhora da Guia, que inicia os festejos de São Benedito, agendado para agosto.
Amanhã é a vez do Arrastão Cultural do Boi Marronzinho, na trincheira há 19 anos. Tem ainda o Instituto Amazônia Cultural (IAC). São jovens que compartilham experiências no campo da cultura nas escolas do bairro.
Eles promovem oficinas nas escolas e fomentam a criação de espaços onde os artistas locais possam ser os protagonistas. Tem gente de tudo que é idade e gerações. No mesmo quilombo pulsa ainda a iniciativas de jovens locais e migrantes que agitam o Coletivo Casa Preta e Polo São Pedro.
Este último tem vínculo com a Igreja de Gusmão. Lá os jovens de oito a oitenta anos convivem com oficinas de percussão, violão, canto, dança e teatro. Odiléia e Edson Lima são os animadores.
Alguns estudantes hoje são instrutores, a exemplo da jovem karolina, que nos concedeu uma entrevista. Além dela compartilharam a experiência na busca pela cidadania na Terra Firme: Don Perna e Lamar (Casa Preta), Steve Nascimento (Boi Marronzinho), Eliezer Aviz (IAC), Otávio Freire (Teatro) e Odiléia Lima (Polo São Pedro).
otávio Freire é um veterano de guerra. Soma quarenta anos de militância em teatro. Ele narra que é um amador da arte que dirige um táxi. Figuraça. Daria livro, documentário, uma grande reportagem a trajetória dele.
Agora a missão é decupar e editar o material, e organizar um retorno a comunidade para apresentar os produtos.