sábado, 27 de dezembro de 2008

FSM de Belém: a hora das alternativas

O Fórum Social Mundial surgiu como alternativa ao Fórum Econômico de Davos, no auge do neoliberalismo no mundo. Primeiro houve as manifestações anti-Davos, na Suíça, até que os movimentos de resistência ao neoliberalismo - conforme proposta de Bernard Cassen - se propuseram a organizar um Forum Social Mundial, antagônico ao de Davos. Porto Alegre foi escolhida como sede, por estar na periferia do capitalismo – vitima preferencial das políticas neoliberais -, na América Latina – onde se desenvolviam lutas importantes de resistência, como a dos zapatistas, do MST, dos movimentos indígenas na Bolívia e no Equador, entre muitos outros –, no Brasil, pela importância que a esquerda brasileira passou a ter – com forças como o PT, a CUT, o MST, entre outras – e em Porto Alegre, pelas políticas de orçamento participativo.

Os fóruns se caracterizaram pela afirmação de que “Outro mundo é possível”, diante da tentativa do “pensamento único”, do “Consenso de Washington” e do “fim da História”, de que as alternativas políticas deixariam de ter vigência diante de um modelo, que se pretendia incontornável, de “ajustes fiscais”. A adesão de muitas forças políticas – de direita primeiro, depois nacionalistas e social democratas – ao mesmo modelo, poderia induzir à confirmação dessa via única.

O FSM se opunha frontalmente a essa interpretação reducionista, propondo-se a agrupar todas as forças de oposição ao neoliberalismo – cuja abrangência tinha sido confirmada pelas manifestações contra a OMC, começando por Seattle e estendendo-se depois por muitas outras cidades -, intercambiar experiências e coordenar suas lutas.

Numa primeira etapa, se tratou das lutas de resistência à “livre circulação do capital”, à ditadura da economia sobre a esfera social, ao mundo unipolar imperial estadunidense, à devastação ambiental, ao monopólio privado da mídia – entre tantas outras lutas. As mobilizações contra a guerra do Iraque foram o ponto mais alto dessa etapa – mesmo se as ONGs, predominantes na organização dos Fóruns, resistissem sempre à inclusão do tema da guerra e da paz na agenda principal dos encontros.

As sucessivas crises neoliberais – da mexicana à argentina, passando pela asiática, pela russa, pela brasileira – levaram ao esgotamento do modelo neoliberal e começaram a surgir governos eleitos nessa onda – começando pelo de Hugo Chavez, em 1988, sucedido pela impressionante sucessão de presidentes latino-americanos - Lula, Kirchner, Tabaré, Evo, Rafael Correa, Fernando Lugo - que expressavam a disputa pela hegemonia, que se passava a se colocar como central na luta contra o neoliberalismo.

Os Fóruns passaram a ter que enfrentar novos dilemas: que atitude tomas diante desses governos, que passaram a representar a avançada na luta contra o neoliberalismo e pela construção de alternativas a esse modelo? Não estavam preparados, porque tinha se organizado para a fase de resistência, limitando sua ação a uma suposta “sociedade civil”, excluindo a esfera política – e, com ela, os partidos, o Estado, os governos, a estratégia. Nesse marco, os Foruns foram girando em falso, deixando de ser o ponto mais alto na luta anti-neoliberal, transferido para governos, de maior ou menor ruptura com esse modelo.

O próximo Fórum, significativamente realizado na America Latina – elo mais fraco na cadeia neoliberal – tem a possibilidade de superar esse descompasso e redefinir sua esfera de atuação – tanto em relação a restabelecer, de outra forma, as relações entre a esfera social e a política, única forma de disputar uma nova hegemonia, de lutar realmente pela construção do “outro mundo possível”, como na luta contra as guerras imperiais estadunidenses. Seu cenário latino-americano favorece a forte marca continental que deve ter, com análise e balanço dos 10 anos transcorridos desde a eleição do primeiro governo alternativo no continente.

Por isso, serão temas centrais no Forum de Belém, uma nova arquitetura financeira mundial, a definição de plataformas pós-neoliberais, a construção de processos de paz justos nos epicentros da “guerra infinita” – Iraque, Afeganistão, Palestina, Colômbia -, o avanço na organização da imprensa pública alternativa, os caminhos da luta por um mundo multipolar – entre tantos outros. É o momento da construção de alternativas concretas ao neoliberalismo – a nível mundial, regional e local. É oportunidade do Fórum se reciclar e se colocar à altura do maior desafio que se coloca à esquerda na entrada do novo século. A América Latina tem avançado significativamente nessa direção. Resta ao FSM aceitar o desafio e reinsentar-se claramente na construção do “outro mundo possível”, que já começou, neste lado do mundo, justamente onde o FSM escolheu para sua sede privilegiada.

FONTE; blog do Emir Sader

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Acusado da morte da irmã Dorothy é preso em Altamira

Acusação de grilagem de terras leva Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão para a cadeia. A prisão ocorreu na tarde de hoje (26) pela Polícia Federal no município de Altamira, sudoeste do Pará.

Taradão é um dos fazendeiros acusados da encomenda da execução da missionária Dorothy Stang em fevereiro de 2005. A prisão preventiva foi ordenada pelo juiz federal Antonio Carlos de Almeida Campelo, após pedido do Ministério Público Federal (MPF).

Terras em disputa
As terras do lote 55 da gleba Pacajá se configuram como o motivo da disputa entre Taradão e posseiros. Em outubro deste ano Taradão tentou negociar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) de Altamira uma permuta de benfeitorias pelo direito de posse dos 3 mil hectares.


O “fazendeiro” chegou a ficar preso por um ano, mas, foi solto sob a ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 29 de junho de 2006. O relator do caso, ministro Cezar Peluso, em seu voto, considerou “a prisão preventiva absolutamente ilegal”. Seu voto foi acompanhado pelos ministros Sepúlveda Pertence e Marco Aurélio Melo. Votaram contra a concessão os ministros Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Brito.

Crime organizado
Além da acusação de grilagens de terras Taradão responde a processos por fraude na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e é conhecido na região com um dos maiores agiotas e um dos animadores na mobilização de parceiros para a eliminação de desafetos.

A máxima de organização de consórcio de fazendeiros e madeireiros para a eliminação de desafetos é denúncia de velha data dos que se alinham na defesa da reforma agrária, meio ambiente e direitos humanos na Amazônia.

Bida, Vitalmiro de Bastos, o único acusado de mando que chegou a ser preso, julgado e condenado a 30 anos de prisão, foi absolvido num segundo julgamento em maio de 2008.

As execuções dos sindicalistas Ademir Federicci, conhecido como Dema e Batolomeu dos Santos, apelidado de Brasília precederam o assassinato da freira estadunidense na região. A situação de conflito antes concentrada no sul e sudeste do Pará, tem se deslocado para o sudoeste.

A região conhecida como Terra do Meio é hoje um território marcado por agudas disputas, por se configurar como a derradeira reserva de mogno do planeta. A madeira tem elevado preso no mercado.
Um outro quadro considerado delicado diz respeito ao modelo de desenvolvimento agendado pelo governo federal para a região. Um dos pontos que se arrastam por mais de 20 anos é a construção de hidrelétricas, como o caso de Belo Monte, agendada para ser erguida no rio Xingu.

Marujada de Bragança celebra São Benedito há 200 anos

Uma das mais tradicionais festas populares do Pará, a Marujada, em louvor a São Benedito, reúne beleza e música em um espetáculo de cores há 200 anos.


Trata-se de um auto dramatizado, onde predomina o canto sobre a dança. Há uma origem comum entre a Marujada de Bragança e a Irmandade de São Benedito. Quando os senhores brancos atenderam ao pedido de seus escravos para a organização de uma Irmandade, foi realizada a primeira festa em louvor a São Benedito. Em sinal de reconhecimento, os negros foram dançar de casa em casa para agradecer a seus benfeitores.
A Marujada é constituída quase exclusivamente por mulheres, cabendo a estas a direção e a organização. Os homens são tocadores ou simplesmente acompanhantes. Não há número limitado de marujas, nem tão poucos há papéis a desempenhar. Nem uma só palavra é articulada, falada ou cantada como auto ou como argumentação. Não há dramatização de qualquer feito marítimo.
A Marujada de Bragança é estritamente caracterizada pela dança, cujo motivo musical único é o retumbão.
A organização e a disciplina são exercidas por uma "capitoa" e por uma "sub-capitoa". É a "capitoa" quem escolhe a sua substituta, nomeando a "sub-capitoa", que somente assumirá o bastão de direção por morte ou renúncia daquela.
As marujas usam blusa branca, toda pregueada e rendada. A saia, comprida e bem rodada, é vermelha ou branca com ramagens de uma dessas duas cores. À tiracolo levam uma fita azul ou vermelha, conforme ramagem ou o colorido da saia. Na cabeça usam um chapéu todo emplumado e cheio de fitas de várias cores. No pescoço usam um colar de contas ou cordão de ouro e medalhas.
A parte mais vistosa dessa indumentária é o chapéu. Os modernos são de carnaúba, palhinha ou mesmo de papelão, forrado na parte interna e externa. A aba tem papel prateado ou estanhado; na lateral o papel tem várias cores; e em torno, formando um ou mais cordões em semi-círculos, são colocadas alças de casquinhos dourados, prateados ou coloridos e espelhinhos quadrados ou redondos.
No alto do chapéu são colocadas plumas e penas de aves de diversas cores, formando um largo penacho com mais ou menos cinqüenta centímetros de altura. Da aba, na parte posterior do chapéu, descem ao longo da costa da maruja, numerosas fitas multicores. O maior número ou argura das fitas, embora não indicando hierarquia, é reservado às mais antigas.
Os homens, músicos e acompanhantes, são dirigidos por um capitão. Eles se apresentam de calça e camisa branca ou de cor, chapéu de folha de carnaúba revestido de pano, sendo a aba virada de um dos lados.
Os instrumentos musicais são: tambor grande e pequeno, cuíca, pandeiros, rabeca, viola, cavaquinho e violino.
As marujas caminham ou dançam em duas filas. À frente de uma delas a "capitoa", e á frente da outra a "sub-capitoa", empunhando aquela um pequeno bastão de madeira, enfeitado de papel, tendo na extremidade superior uma flor. Atrás e ao centro, fechando as duas alas, vão os tocadores e os demais marujos.
Em fila, a dança é de passos curtos e ligeiros, em volteios rápidos, ora numa direção, ora noutra, inversamente. Assim elas caminham descrevendo graciosos movimentos, tendo os braços ligeiramente levantados para a frente à altura da cintura, como se tocassem castanholas. Dançando obedecem à música plangente do compasso marcado pelo tambor grande.
No dia 26 de dezembro, consagrado à São Benedito, há na casa do juiz da Marujada um almoço, do qual participam todas as marujas e pessoas especialmente convidadas. O jantar é oferecido pela juíza, na noite desse dia.
A 1º de janeiro o juiz escolhido para a festa seguinte é o anfitrião do almoço desse dia. Durante o ágape é transmitido ao novo juiz da festa o bastão de prata com uma pequena imagem de São Benedito, que é o emblema do juiz, usado nos atos solenes da festividade.
FONTE- SEBRAE-PA

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Natal em Belém

Desde reeleito o prefeito de Belém, “Dudu” sumiu. Assim como se esvaziaram as propagandas em todas as mídias da cidade. O mesmo destino marcou o cotidiano dos operários das obras de meia-sola realizadas às vésperas do pleito.

O dito deu as caras somente para a diplomação. Uma “obra” de saneamento numa das principais rodovias da urbe, Augusto Montenegro, encontra-se abandonada. Os bueiros abertos explicitam o desleixo com o erário público.

As águas precipitam sobre a capital. Com elas os buracos abertos foram entupidos pelo lixo e pelos resíduos da construção. Além do saneamento a “propaganda” alardeou a construção de uma ciclovia.

É comum os operários da periferia usarem a “magrela” como veículo de locomoção. Ainda mais com o aumento da tarifa do transporte coletivo, considerado um dos piores do país.

A rodovia Augusto Montenegro liga as comunidades de uma infinidade de bairros ao centro de Belém. Ao lado da Pedro Álvares Cabral e a João Paulo II são as principais artérias da cidade, onde não raro se amargam horas em engarrafamentos.

O caótico trânsito pode pesar como o principal entrave da cidade não ser uma das sedes da copa de 2014.

Enfeites que lembram uma tenda apache de filmes antigos de faroeste estão em alguns pontos da cidade. São os badulaques para o natal.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

MPF quer fazendeiro fora de terras quilombolas no Marajó

Liberato de Castro é acusado de contratar pistoleiros para expulsar moradores e impedi-los de pescar ou caçar. Ele também teria usado policiais para amedrontar a população











O Ministério Público Federal no Pará ajuizou ação civil pública com pedido de liminar (decisão urgente) para impedir o fazendeiro Liberato Magno da Silva Castro de invadir terras quilombolas que ficam entre os Igarapés Murucutu e Caju, em Cachoeira do Arari, na ilha do Marajó, há 75 quilômetros de Belém. Ele é acusado de usar pistoleiros fortemente armados para expulsar as famílias da região onde moram há séculos.
D. Esmeralda, mais de 90 anos, considerada a moradora mais antiga











Além do processo na Justiça Federal, existe também um procedimento aberto na Corregedoria de Polícia Civil do Pará apurando a participação de servidores públicos nas ameaças à comunidade. Vários quilombolas chegaram a ser intimados a comparecer à delegacia ou mesmo presos, para responder a acusações falsas do fazendeiro, que é pai da prefeita de Ponta de Pedras, Consuelo Castro.
A data da fundação da igreja da comunidade é a mesma da "abolição"











Para o MPF, por se tratarem de terras de quilombo em processo de reconhecimento pelo Governo Federal, a Justiça Federal deve obrigar o fazendeiro a se retirar imediatamente. Nos últimos meses, o terreno de um dos moradores foi invadido por homens de Liberato, que cortaram todo o açaizal e depositaram material de construção na área. O procurador da República Felício Pontes Jr, responsável pelo caso, teme pela segurança dos quilombolas. “ Trata-se de uma clara demonstração de que haverá conflito se não houver rápida intervenção judicial”, diz. A ação será julgada pelo juiz Antonio Carlos de Almeida Campelo, da 5ª Vara Federal de Belém.
Homenagem a Lalor durante a apresentação da pesquisa no Marajó no dia 14 de dezembro













O processo se baseia, principalmente, nas denúncias dos moradores, em documentos da Gerência Regional de Patrimônio da União, que comprovam a posse legítima dos quilombolas, e em um relatório científico assinado pela pesquisadora Rosa Acevedo Marin, da Associação das Universidades da Amazônia (UNAMAZ), em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O relatório confirma que as terras quilombolas de ocupação secular somam 12.852 hectares e começaram a ser invadidas há trinta anos pelo fazendeiro.















“A intervenção de Liberato Magno da Silva Castro, suposto proprietário da Fazenda São Joaquim Ltda, provocou clima de terror na região, nos termos dos relatos dos moradores”, registra o pedido do MPF ao juiz, para logo em seguida citar os testemunhos de alguns quilombolas expulsos. “Quando a gente nem bem pensou, eles chegaram lá, a equipe que foi derrubar, com quatro soldados e um oficial de polícia. Chegaram lá e derrubaram a nossa casa. Nós ficamos lá em baixo da árvore com quinze crianças, inclusive a mãe dessa menina aqui ficou de parto dela, embaixo das árvores sofrendo todas as conseqüências ali, quer dizer uma humilhação muito grande que nós sofremos nesse tempo”, contou Augusto Batista, expulso das margens do rio Arari pelo fazendeiro.
O processo de expulsão violenta das famílias foi gradativo. O estudo da Unamaz e do Incra contabiliza que pelo menos 70 delas já tiveram que se retirar das vizinhanças da fazenda São Joaquim. “Merece destaque o fato de que os quilombolas foram alijados de uma de suas mais preciosas fontes de sobrevivência: a pesca, especialmente aquela realizada nos lagos da região”, acrescenta a ação do MPF. De acordo com os comunitários, a proibição de pescar nos lagos foi imposta pelo fazendeiro.
“Ele prefere ver os urubus comendo os peixes mortos do que a gente pescando, denuncia um quilombola que é um dos poucos a resistir até hoje com a sua família ao lado da área da fazenda, sofrendo ameaças e pressões de todos os tipos. Sebastião Lalor se tornou um símbolo para o restante da comunidade e é citado como exemplo pelo MPF do que pode acontecer se não houver rápida intervenção da Justiça.
“Em sua luta pela permanência na área, Teodoro Lalor de Lima já foi preso inúmeras vezes, de forma injusta e ilegal, bem como foi obrigado a atender diversas ocorrências policiais, sob as mais variadas acusações, que vão desde a suposta prática de crime ambiental, em razão do trabalho de manejo do açaí até o suposto porte ilegal de armas, em razão da utilização de apetrechos voltados à caça para subsistência. Tudo porque resiste em entregar o lugar onde vive”, diz o procurador Felício Pontes na ação.
FOTOS: Rogério Almeida, durante a apresentação da pesquisa no dia 14 de dezembro no sítio do Sr. Lalor.
Helena Palmquist
Procuradoria da República no Pará

CARTA DAS COMUNIDADES E ENTIDADES SOCIAIS E RELIGIOSAS DA FOZ DO RIO XINGU

PORTO DE MOZ – PA

Expressamos que o Rio Xingu representa para nós a vida, o bem estar de todos, com seus recursos naturais e sua beleza e que, sobretudo, ele representa a sobrevivência de seus povos com culturas, crenças, costumes, liberdade e tradições milenares. Ele é para nós fonte de trabalho, de lazer, de caminho, locomoção das famílias, de alimentação.


Diante da notícia da possível CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM DE BELO MONTE nos causa preocupações que as experiências com hidrelétrica, principalmente a de Tucuruí, o governo não garantiu os direitos as pessoas, não indeniza as pessoas que não tem titulo definitivo, cuja maioria não possui e moram a dezenas e centenas de anos nesta região.

O nosso Rio é de água baixa, com a Hidrelétrica vai secar, e assim vamos perder tudo o que temos perder a biodiversidade com seus ecossistemas e sítios arqueológicos, pois haverá um crescimento desordenado, com a perda da flora e da fauna e principalmente da vida aquática.

Nesta região há também um grande abandono aos moradores por parte dos governos. Haverá uma perda da água potável, rios vão secar, casas vão desaparecer, inúmeras agressões as florestas e a natureza se sucederão.

Outros lugares as águas vão subir e alagar casas gerando fome e doenças as populações, haverá um desequilíbrio social e ambiental na região. Haverá muita gente vindo de fora, aumentará a prostituição, a marginalização e a violência.

Por isso, QUEREMOS DIZER AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA QUE NÃO QUEREMOS BARRAGEM NO RIO XINGU, porque vai ser a destruição das nossas vidas. Pedimos que o presidente venha conhecer a nossa realidade e o futuro que nos espera. Que nos escute, é o que pedimos. Respeite as nossas decisões comunitárias. Que olhe com mais carinho para o nosso Pará. Que Hidrelétrica não trás futuro para o povo do Pará. O Que queremos é asfalto e recuperação da transamazônica e suas vicinais para escoamento da produção.

Em vez de construir hidrelétrica que faça bons hospitais, excelente escolas e invista em agricultura familiar sustentável. Discuta novas fontes de energia sustentável para a nossa região em vez da utilizar a água como fonte de energia. Queremos lembrar que o nosso Rio Xingu é um Rio caudaloso e que o período de estiagem dura até 6 meses.

Queremos dizer a você Presidente que em vez de barragem queremos a legalização das terras indígenas, das terras da margem direita do Rio Xingu, das comunidades dos remanescentes de Quilombolas do Rio Xingu e a consolidação dos PAs e UCs existentes já que os mesmo não conta com 30% naquilo que esta contido no programa de reforma agrária, pois entendemos que reforma agrária não se dar em apenas distribui as terras. Que olhe pelo social, cultural e ambiental das pessoas especialmente dos educandos do Rio Xingu.

Queremos dizer que votamos em você Presidente para ser lembrado e não esquecidos e abandonados. Que tenha mais respeito pela população do Rio Xingu. Por isso, NÃO QUEREMOS A BARRAGEM DE BELO MONTE E SIM QUEREMOS O XINGU VIVO PARA SEMPRE.
Assim reafirmamos o nosso compromisso com o Rio Xingu e GOSTARIAMOS QUE O XINGU FOSSE melhor ainda, cheio de peixe, liberto, sem poluição, sem barragem, com recurso maravilhoso.

Que permaneça a floresta que ainda existe, com ar puro, como fonte de vida, como melhoria das futuras crianças. Que deixe o Rio como Deus nos deixou. Preserve as matas, igapós, igarapés e vázeas.

Que os governos garantam recurso para trabalhar a conscientização e capacitação sobre a água potável e energia para todos com a conscientização dos próprios movimentos sociais.

Que os governos, especialmente o municipal tenha recurso para fazer campanhas de preservação do meio ambiente e fiscalização nos barcos sobre a coleta e o destino do lixo. QUEREMOS o Rio Xingu preservado, como futuro da humanidade, como riqueza que faz parte e sustento de nossas vidas.
ABAIXO ASSINADO
Nós moradores e entidades Sociais de Porto de Moz, da Foz do Rio Xingu, aqui representados pelas comunidades: Seguidores de Cristo, Santa Luzia, Espírito Santo e São João do Rio Majari, Vilarinho do Monte, Vila Nazaré, Vila Tapará, Vila São Tomé do Maripi, Tauerá, Buiuçu, São Raimundo do Taperu, Espírito Santo e Nossa Senhora Aparecida do Rio Açaí, comunidades do Gloria, São Domingo e Teruçu margem esquerda do Rio Xingu, comunidades Sagrado Coração de Jesus do Rio Turu, Santa Ana do Mutuncaia, São João Batista e Sagrado Coração de Jesus do Rio Maruá, comunidade São Raimundo Nonato do Maxipanã, Santa Luzia de Veiros, do Tacanaquara, comunidade do Paraíso, do Por ti meu Deus, Associação da Pedreira, Associação São Francisco de Assis do Rio Jaurucu, Movimento da Pastoral da Juventude da Igreja Católica, Movimento Jovem, comunidade Jesus de Nazaré do Rio Jaurucu, comunidade do Carmelino, Associação do Rio Majari, São Sebastião da Praia Grande da cidade, Colônia de Pescadores Z-64, Associação dos Pescadores Artesanais de Porto de Moz – ASPAR, Associação do Rio Arimum, Associação de Mulheres do Campo e Cidade de Porto de Moz – EMAMUELLA, Associação da Casa Familiar Rural, comunidade do São Pedro do Aquiqui, EMATER– escritório local, sítio Pedralzinho, Sindicato dos Professores de Porto de Moz, Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Porto de Moz, Associação de Remanescentes de Quilombolas do Xingu, Associação do huna, comunidade Maria de Matias da beata da cidade, Paróquia de São Braz, comunidade São Sebastião do Juçara e Associação Comunitária do Juçara, comunidade da Vila Bom Jesus, Associação de Deficiente de Porto de Moz – ADPM, Fundação Viver, Produzir e Preservar, Associação do Mutuncaia, FETAGRI Regional Transamazônica e Xingu, Associação do Acaí, MAB-Movimento dos Atingido Por Barragem, Associação do Teruçu, SAGRI Regional Transamazônica e Xingu, IDEFLOR Regional Transamazônica e Xingu, Movimento de Mulheres Urbana e Rural de Souzel, Comunidade Maria de Mattias Rio Quati, Comunidade São José Colônia Majarí, Associação do Baixo Xingu, Movimento de Trabalhadoras de Altamira Campo e Cidade, Movimento Xingu Vivo para sempre e Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz.

domingo, 21 de dezembro de 2008

MST Pará forma primeira turma de Agronomia

A cerimônia de conclusão da primeira turma de Agronomia do MST ocorreu no dia 19, com a realização de um seminário no município de Marabá, sudeste do Pará. 37 pessoas dão vida à denominada Turma Cabana, uma referência ao movimento revolucionário paraense.

O seminário marcou o encerramento do curso de graduação em Agronomia da turma ‘cabanos’. Nele foram apresentadas e debatidas as pesquisas e monografias realizadas pelos educandos desta turma, voltadas para a reflexão sobre a realidade agrária regional.

A turma ‘cabanos’ de agronomia, composta por camponeses de diferentes assentamentos da região amazônica dos estados do Pará, Maranhão e Tocantins, insere-se no Movimento Nacional pela Educação do Campo. Localmente, ela é parte do esforço coletivo da Universidade Federal do Pará, através da Faculdade de Ciências Agrárias de Marabá e do NEAF, do INCRA—PRONERA e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra—MST de garantirem aos sujeitos que vivem, produzem e constroem o campo na Amazônia o acesso ao ensino superior.

Como parte da educação do campo, no entanto, esse curso caracterizou-se não apenas pela garantia do acesso à Universidade aos camponeses. Mais que isso, o curso foi uma construção político- pedagógica inovadora, adaptando a formação superior à realidade específica dos educandos do campo.
A alternância de tempos e espaços educativos, a valorização da realidade e dos saberes do campo, a pesquisa sobre os assentamentos como um instrumento da construção acadêmica foram elementos inovadores incorporados pelo projeto.

Além das inovações pedagógicas, também na matriz técnico-produtiva que embasa o ensino agronômico procurou-se reforçar as concepções que fundamentam os cursos de ciências agrárias da UFPA: a agroecologia e a abordagem sistêmica como formas de ruptura com a matriz cartesiana e produtivista da Revolução Verde e do ensino agrícola das últimas décadas.

A turma, composta por 37 educandos foi dividida em 03 grupos, que abordaram em suas pesquisas, cada um, diferentes temáticas relacionadas à realidade agrária. Cada grupo apresentará uma síntese desse conjunto de trabalhos que será debatida por pesquisadores convidados e pelo conjunto dos participantes do seminário.
Enviado por Maria Suely Ferreria - Marabá-PA