O jornalista paraense perdeu a batalha para um câncer no pulmão. O Cadete e o Capitão (sobre a vida militar de Bolsonaro) foi o último livro investigativo
“Resistir é o primeiro passo”, sob tal
palavra de ordem circulou em Belém, capital do Pará, o Jornal Resistência. A
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) serviu-lhe de ventre para
que o mesmo viesse ao mundo num sombrio 1978. A SDDH somava apenas um ano de vida.
Na vizinhança
latina a esquadra Argentina levantava o troféu de campeã de futebol do Mundo.
Cinco anos antes Allende era assassinado no Chile e Pinochet chefiava a ditadura
no país. No Brasil respirava-se o ocaso
do milagre econômico. Uma tal de integração física da Amazônia ao resto do país
regia a vida e a morte na taba. Com a proteção do guarda chuva do Estado, o
capital adentrou na selva sem quase nenhum desconforto. Literalmente, sentou
praça.
O boletim Resistência
se constituiu como um marco da comunicação considerada alternativa no Pará, e
circulou de forma regular entre 1978 e 1983. O advogado Luiz Maklouf Carvalho
foi seu editor, falecido aos 67 anos, neste ultimo sábado, 16. A importância do
boletim por ele editado consta na obra de Bernardo Kucinski, Jornalistas e
Revolucionários (1991). Por divergências políticas, Carvalho polemizou com o
autor em vários artigos.
O jornalista
paraense migrou para São Paulo ainda na década de 1980, anos de grande
recrudescimento da luta pela terra no estado do Pará. Neste combate o jornalista perdeu o amigo, e
um dos fundadores da SDDH, o advogado Paulo Fonteles.
A reportagem
investigativa sobre o caso rendeu o
livro Contido à bala. Sobre o movimento de
resistência armado à ditadura, escreveu sobre as mulheres que se engajaram,
onde entre outras, trata da ex-presidenta Dilma.
Além dos
principais veículos de comunicação do eixo Rio-São Paulo, o jornalista contribui
com o jornal Movimento, que há pouco foi agraciado com um livro sobre a sua
trajetória. Iniciativa que o Resistência ainda aguarda.
Na década de
1990, quando terminava a graduação em São Luís, enviei via fax à redação da
Folha de São Paulo, um resumo do meu trabalho de conclusão de curso na UFMA aos
cuidados de Gilberto Dimenstein. Um escândalo do governo Roseana Sarney sobre
um projeto de instalação um complexo de confecções com a China, denominado Chao-i,
no município de Rosário, perto de São Luís era a pauta.
Maklouf foi o
escalado para a matéria, que foi publicada com direito à chamada de capa numa
edição de domingo. O jornalista chegou a fazer contato via telefone para o
local onde eu prestava serviço, mas, a secretária esqueceu de repassar o
recado. Celebramos a cobertura com um vinho barato.
O Cadete e o
Capitão foi o derradeiro livro do paraense. Ele trata das peripécias do militar
em processo militar cheio de reviravoltas, quando o militar projetou um ataque
terrorista.
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