quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Entre a PA 150 e nenhum lugar


 

O natal se avizinha. O sol é abrasador na PA 150. Ele carrega em tom laranja por conta das queimadas. Tudo parece mais árido que o habitual. Até o vazio do peito. Coberto por uma poeira que não cessa. Seja dia. Seja noite. O sol, a poeira e o vazio torram a pele. Ardem no olho. Ferem de morte.

“Volta que o caminho dessa dor me atravessa”, a passionalidade da canção de Hooker (Johnny) retumba no oco do ouvido. O asfalto e a cerca integram a tediosa paisagem. Faz dormir e acordar a cada solavanco.

O gosto amargo da cerva consumida antes do embarque domina a boca. Vencida pela ausência de outras bocas, bundas e bucetas.

“Nos bares da Aurora me lamentei” segue a canção parida em terras de Capiba. A viagem teima madrugada a dentro. E já é outra canção antes da bateria do aparelho do celular deixar de respirar.

“Se você acha que a sua indiferença vai acabar comigo...eu sobrevivo..,a solidão será o seu castigo.” A poética de puteiro não cabe num peito. Desde “gitio” em quebradas de Gullar. Na fronteira entra a Camboa e a Liberdade quando Galeno (Bartô) reinava. Mas, poderia ser Lupicínio, para soar sofisticado.   

Em uma curva fechada a queimada arde. Por um instante parece que vai tomar o bus. Tudo muito complicado. Nem adianta ficar mordido.

Os primeiros raios do dia dão sinal de vida. Anunciam a chegada na cidade.  É lindo ver o Tocantins de cima da ponte. Não existe certeza se vale a pena a viagem. Nada pessoal. Fim de linha. Fim de papo.

Os descaminhos transbordam entre as linhas da mão.  Mapa sem destino? O vento é forte. E nada em assanhar a sua cabeleira.
Não haverá chuva neste fim de ano. Não adianta chorar. Alerta o serviço de meteorologia.  

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