Moradora da Praia da Vila do Conde - Barcarena
Em anúncio de meia página no diário dos Barbalhos, neste domingo, 29, a Associação Brasileira de Exportação de Gado (ABEC) defende a retomada do embarque de boi em pé. Em longo texto defende as “benesses” que o setor presta ao estado.
Aos
moldes de um obtuso burguês elenca números da economia, ao menos os que considera
positivo, como o fato da exportação de gado ser o segundo item da balança comercial do estado. Nada é mais colonial que a imagem do boi abarrotado em navios improvisados.
Até o dia de hoje as empresas envolvidas no crime ambiental e a Companhia Docas do Pará (CDP) não apresentaram um plano de retirada das carcaças do gado e do navio.
Os moradores sofrem pela falta de distribuição de água potável e cesta básica, que tão básica não dura mais que um dia.
Omite
que a pecuária é o setor, que ao lado da mineração e obras de infraestrutura,
respondem pelos indicadores do desmatamento na Amazônia.
Relega
ao fim da fila as péssimas condições de sobrevivência das populações que foram
atingidas por um conjunto de acidentes ambientais que a cidade de Barcarena
acumula.
Além
da morte de quase 5 mil cabeças de gado, havia ocorrido dispersão da soja em
rios e furos da cidade em barcas da empresa Bunge.
Ao
longo dos anos os recursos hídricos da cidade estão sendo comprometidos pelos
transbordamentos das barragens de rejeitos das empresas Albras e Alunorte,
controladas pela norueguesa Norsk Hidro, que controla da cadeia de alumínio. E pela francesa Ymeris, que extrai caulim.
Assim
como a Abec, na mesma edição dominical, a Ymeris festejou projetos em caderno especial
dedicado à responsabilidade social.
O
transbordamento da bacia de rejeitos da empresa feriu de morte o rio Curuperé,
e os moradores do entorno.
Os
mesmos estão impedidos de cultivar a terra e usar o rio, e ainda sofrem
processo de expropriação para a expansão da fábrica.
Moradores
informam que a empresa tem se recusado a pagar pelo serviço ambiental prestado
peloso moradores pela manutenção da floresta em pé.
Uma moradora informa que “aqui temos castanheiras e outras árvores seculares e frutíferas, e a empresa não quer pagar por elas, que serão derrubadas. E estão colocando um preço irrisório no metro da nossa terra”.
Boi em queda
Nos últimos
anos a exportação de gado experimenta uma queda. Segundo nota da
Scott Consultoria, com base em indicadores do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC), 27,7 mil cabeças de bovinos foram
negociadas pelo Brasil até junho de 2015. Na
comparação com o mesmo mês de 2014, houve uma queda de 17,2%. O faturamento foi
de US$ 28,3 milhões, 13,7% menos em relação ao mesmo mês de 2014.
O
Pará foi o único estado exportador de bovinos vivos este ano, porém os dados
estaduais também indicaram retrocessos, segundo a Scott Consultoria. Até a metade de 2015 foram exportadas 123,4
mil cabeças, 69,2% a menos do que na primeira metade de 2014. A queda no
faturamento foi de 69,9%. No primeiro semestre de 2014, os ganhos foram em torno
de US$ 401,3 milhões.
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