domingo, 28 de dezembro de 2014

Bares, obituários e outros assuntos


Aos 42 anos de idade Chiquinho vestiu o paletó de madeira. Faz três meses. Um infarto fulminante o colocou fora de combate. O filho de português bebia em demasia e passou a usar drogas após a morte da mãe.

Quando o conheci contava apenas com ela, que garantia a subsistência graças a uma pensão deixada pelo finado Joaquim. Morava na Rua da Viração, num sobrado maltrato pelo tempo, onde as janelas estavam sempre lacradas. A casa parecia guardar um luto eterno.

Ao contrário dos irmãos, o jovem não concluiu os estudos ou tinha profissão definida. Nos dias de glória Chiquinho e os irmãos contavam com motorista para chegar ao Marista. Com o ocaso econômico da família tudo mudou. Após a partida da genitora foi o comerciante Jósimo quem o acolheu.

O Bar do Jósimo resiste há 26 anos na esquina da Rua do Alecrim com o Pespontão, em São Luís. O comerciante é filho da baixada. Quando jovem o meu nome integrava a lista de um do robusto livro de fiado da casa. Aqueles de dez matérias. Era vip ao lado de outros colegas de rua, praia ou trampo. E nem existia o papo de fidelizar cliente.

Na época eu defendia um troco em condição precária num banco.  Sempre que passo em São Luís faço a descortesia em aparecer no local. Saber do obituário e coisa e tal. Não vi a Rosa, filha do poeta Bandeira Tribuzi.

Nem outros colegas de tempos atrás, que chegavam a perder uma grade de cerva nas tardes de sexta em jogo de palito.  

Criolo resiste. Beira a casa dos 80 verões. Toma pinga com limão quase todo dia.  Já morou na cidade maravilhosa. Sempre anda armado com um bom humor de prima.

Espero o reencontrar em outras ocasiões.  
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Boteco qualquer distante do Centro de São Luís. Um canário faz a trilha sonora. Uma garrafa plástica da cachaça 51em tamanho de Itu ocupa o centro do teto de um casa simples. O território é dominado pela falange cabeça branca, sendo a mais alva a do proprietário. Os desinibidos senhores delatam sem premiação os vizinhos agraciados por um par de cornos, como se não pudessem ser agraciados com o mesmo enfeite. Um fala em cessar. É caminhoneiro. Já morou em Parauapebas, sudeste paraense, cidade marcada pelo extrativismo mineral. Narra viagens, aventuras e desventuras. A última recheada de arrebites e cocaína.

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