segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Movimentos sociais prestam solidariedade ao professor Rogerio Almeida por conta de perseguição judicial

 Mais de 30 instituições assinam manifesto em solidariedade ao professor da UFOPA, Rogerio Almeida, por conta de perseguição judicial

Os movimentos sociais, organizações, pastorais e instituições abaixo repudiam e prestam solidariedade irrestrita ao Prof. Dr. Rogerio Almeida, docente vinculado ao curso de Gestão Pública da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), frente ao processo de criminalização que vem sofrendo em decorrência direta de seu trabalho acadêmico, científico e de extensão na região do Maicá e Ituqui.

 

Desde o começo do mês de outubro o professor é alvo de duas ações judiciais, uma civil por danos morais, e outra criminal (queixa-crime) que lhe imputa o crime de calúnia. Ambas são movidas por representantes da Empresa Brasileira de Portos de Santarém (Embraps), responsável pelo projeto de implantação de um complexo portuário na região do Lago do Maicá, município de Santarém, no Oeste do Pará.

 

Os movimentos sociais e organizações aqui subscritas compreendem que as ações possuem como horizonte a intimidação e a tentativa de silenciamento do pensamento crítico frente aos processos de avanço do grande capital no Baixo Amazonas, que ao longo dos anos, desde a experiência da Ford em Aveiro e Belterra, promovem ganhos à seus defensores deixando um passivo ambiental e social ao conjunto das populações tradicionais. 

 

A motivação dos processos é um artigo em que o professor aborda de forma crítica os processos políticos, econômicos e sociais sobre as disputas territoriais no Lago do Maicá, publicado no fim do ano passado, na revista científica “Estudos, Sociedade e Agricultura”, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).   

 

Amparado em documentos e farta bibliografia, o trabalho reflete sobre as inconsistências nos relatórios de impacto ambiental e à indiferença aos direitos de comunidades indígenas, quilombolas e camponesas, conforme previsto na Convenção nº 169 da OIT, da qual o Brasil é signatário. Tais achados, longe de constituírem ofensa, representam o exercício legítimo da crítica científica, indispensável à função social da universidade pública e um franco alinhamento com os sujeitos historicamente colocados em condições de subalternização. 

 

Neste delicado momento de ataque às universidades e à democracia, reiteradas iniciativas em criminalizar os movimentos sociais, precarização das instituições públicas, é mister a garantia de análises críticas sobre o conjunto de grandes projetos agendados para o Baixo Amazonas. Projetos estes que colocam em xeque a reprodução política, econômica, social e cultural dos povos e populações tradicionais do Baixo Amazonas.

 

O ataque ao trabalho do professor Rogerio Almeida, que ao longo de quase 30 anos como comunicador, colaborador de movimentos sociais e instituições de assessoria sindical e popular e pesquisador, às vésperas da COP 30, reencarna o carcomido autoritarismo da casa grande, merecendo nosso mais absoluto repúdio.

 

Seguiremos firmes na luta por justiça, liberdade de pensamento e dignidade para nosso companheiro Rogério Almeida, e repudiamos veementemente qualquer tentativa de silenciamento, coerção ou intimidação de pesquisadores e pesquisadoras que cuidam de vocalizar as esperanças de segmentos que almejam a construção de um mundo melhor para as futuras gerações, pautado pela solidariedade e partilha do bem comum.

 

Município de Santarém-PA 09 de outubro de 2025.

 

Assinam esta nota:

1.     Frente de Defesa do Maicá/Ituqui

2.     Coletivo Maparajuba

3.     Movimento Tapajós Vivo

4.     Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras -CPP

5.     Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Santarém

6.     Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Santarém

7.     Movimento pela Soberania Popular na Mineração – MAM

8.     Conselho Indígena Tapajós/Arapinus – Cita

9.     Associação de Moradores do Bairro Pérola do Maicá - AMBAPEM

10.  Rede de Notícias da Amazônia – RNA

11.  Associação de mulheres da agroecologia do Tapajós- Coletivo Muvuca

12.  Comissão Pastoral da Terra - CPT

13.  Movimentos dos Pescadores e Pescadoras Artesanais – MPP

14.  Fase

15.  Pastorais Socioambientais da Arquidiocese de Santarém

16.  Conselho Munduruku e Apiaka do Planalto Santareno

17.  Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares no Pará – Renap/PA

18.  Comissão Pastoral da Terra/ Marabá – CPT/Marabá

19.  Najup Cabano

20.  Movimento dos Atingidos por Barragem – MAB

21.  Movimento dos Sem Terra – MST

22.  – Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – SDDH

23.  Terra de Direitos – TDD

24.  Laboratório Terras, Paisagens, Imagens e Histórias - TEPAHI

25.  Co-Laboratório de Antropologia Rural e da Resistência (Co-LaRR)

26.  Sintepp Santarém

27.  Brigada Guardiões kumaruara

28.  Grupo de Estudos de Ecologia Histórica e Política nas Bacias do Trombetas, Tapajós e Xingu (GEHHeP)/UFOPA

29.  Associação de defesa dos Direitos Humanos e Meio Ambiente na Amazônia - ADHMA

30.  Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém – STTR

31.  Instituto Zé e Maria

32.  Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular (Cepaps)

 

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