A cultura, a arte, a revolução: um passo adiante.
Esta noite de
sábado, segundo dia do mês de março, do ano de 2024, não deverá cair no
esquecimento tão cedo. Noite de poucos barcos navegando no rio Tocantins, de
poucas estrelas, sinais de chuva, uma brisa leve, um calor amazônico tolerável,
no cabelo seco, “bar da Ana”(da Ana e do Orlando). Ali chegavam pouco a pouco, professores,
estudantes, militantes históricos das lutas populares para prestigiarem o
glorioso lançamento do recente livro do companheiro Rogério Almeida. Um dia
após o lançamento do belíssimo livro do companheiro Ceará, intitulado: A
destruição da Amazônia pela besta fera do capital e outros cordéis.
Sob o som de
músicas de diversos gostos aos arredores de nossa concentração, com prazerosos
goles de cerveja, cachaça, refrigerante, água, acompanhados de tira gosto à moda da casa, servido
pela sorridente companheira Ana, transeuntes movimentando a noite daquele
trecho, a companheira Rose Bezerra com precisas palavras fez a abertura do que
foi o lançamento do livro AMAZÔNIA: crônicas sobre o trecho, bulinações e
alguns afetos.
O autor, com
sua simplicidade que lhe é peculiar, discorreu sobre a simbologia do lançamento
ser naquele trecho, bairro que mesmo com todas as influências do avanço
devastador do capital, não perdeu muitas de suas características de onde inicia
a cidade, pelos idos de 1898. Bairro composto de grande maioria de negros e
negras, que em lutas procuram manter tradições do trecho onde surgiu o boi
bumbá, o rouxinol, as lendas como a “porca de bobe” e a primeira escola de
samba de Marabá.
Tratou sobre a
construção do livro, das influências e sugestões brotadas das encruzilhadas e
trincheiras de dias e noites vividas entre desprazeres e prazeres, próprios de
quem se propõe a “cair no trecho” sem se perder nos impostos limites do
cotidiano, mas ter como princípio norteador para a vida de labor e afeto, o
horizonte.
É como diz
Rogério Almeida: “O Trecho nasce no caldo do desmatamento, da floresta que
sucumbe em nome do saque, colocando sob ameaça todos os seus encantados e
saberes ancestrais com os quais ela conflui. Saque permanente: vidas, terra,
floresta, minério, água, energia...”
Usando da
possibilidade de fala, o militante das Brigadas Populares, em nome da equipe do
CEPASP (Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular), Raimundinho,
agradeceu por mais uma contribuição que Rogério Almeida para a região de
Carajás, com a entrega pública de mais um livro com grandioso conteúdo, depois de nove anos atrás ter
lançado o valioso Pororoca Pequena, não mais e nem menos maior que o de agora.
Enfatizou a
tamanha perspicácia com que Rogério Almeida trata o cotidiano, na forma de
observar, registrar e relatar, dando visibilidade às pessoas, aos gestos, aos
tratos com solidariedade, que se somam e se dividem no trecho. Próprio de um
militante, marxista, revolucionário, que avança fronteiras convivendo e
compartilhando saberes necessários para os grandes saltos rumo a humanidade,
rompendo as amarras impostas pela ideologia burguesa.
Pausamos com a
poesia, pag. 149, Alguém Mandou. No morro, entre rimas, lágrimas, zincos e
madeiras/Balas, balas, balas, aos montes/Como se fossem nuvens e
gafanhotos/Balas, balas, balas em toneladas/A cada instante, todos os dias,
durante todo o ano/Balas, balas, balas de todos os calibres/Sobre o alvo do
corpo negro/Balas em crianças, balas em adultos e balas em velhos/A bala mata
toda a família com único disparo/A bala abala a quebrada inteira/O
surdo/Cansado, silencia velório das derradeiras crianças alvejadas/Flor da
idade/Morte à queima roupa/Alguém mandou.../Mandou matar de bala, de raiva e de
fome...
Recomendamos a
imediata aquisição e leitura dos valorosos livros. Como disse o próprio
Rogério, no lançamento: “não tem fins econômico, o que for arrecadado é para
tomarmos de cerveja e cachaça, passem a grana ao companheiro Eric.”
Marabá 02 de
março de 2024.
Brigadas
Populares
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