segunda-feira, 4 de março de 2024

Raimundo Gomes da Cruz Neto, manifesta suas impressões sobre o livro Crônicas sobre o trecho.

 A cultura, a arte, a revolução: um passo adiante.

 

Bar da Ana e do Orlando, Cabelo Seco.  Lançamento do livro Crônicas sobre o trecho. Gilberto Leite, no primeiro plano e o educador Raimundo Gomes, no plano de fundo. 



Rio Tocantins, Marabá/PA. .Foto: Eric Belém

Esta noite de sábado, segundo dia do mês de março, do ano de 2024, não deverá cair no esquecimento tão cedo. Noite de poucos barcos navegando no rio Tocantins, de poucas estrelas, sinais de chuva, uma brisa leve, um calor amazônico tolerável, no cabelo seco, “bar da Ana”(da Ana e do Orlando).  Ali chegavam pouco a pouco, professores, estudantes, militantes históricos das lutas populares para prestigiarem o glorioso lançamento do recente livro do companheiro Rogério Almeida. Um dia após o lançamento do belíssimo livro do companheiro Ceará, intitulado: A destruição da Amazônia pela besta fera do capital e outros cordéis.

Sob o som de músicas de diversos gostos aos arredores de nossa concentração, com prazerosos goles de cerveja, cachaça, refrigerante, água,  acompanhados de tira gosto à moda da casa, servido pela sorridente companheira Ana, transeuntes movimentando a noite daquele trecho, a companheira Rose Bezerra com precisas palavras fez a abertura do que foi o lançamento do livro AMAZÔNIA: crônicas sobre o trecho, bulinações e alguns afetos.


Como em 2012, quando do  Lançamento do Pororoca Pequena, os educadores Rose Bezerra e Raimundo Gomes  foram fundamentais para o nosso encontro. Foto: Eric Belém

O autor, com sua simplicidade que lhe é peculiar, discorreu sobre a simbologia do lançamento ser naquele trecho, bairro que mesmo com todas as influências do avanço devastador do capital, não perdeu muitas de suas características de onde inicia a cidade, pelos idos de 1898. Bairro composto de grande maioria de negros e negras, que em lutas procuram manter tradições do trecho onde surgiu o boi bumbá, o rouxinol, as lendas como a “porca de bobe” e a primeira escola de samba de Marabá.

Tratou sobre a construção do livro, das influências e sugestões brotadas das encruzilhadas e trincheiras de dias e noites vividas entre desprazeres e prazeres, próprios de quem se propõe a “cair no trecho” sem se perder nos impostos limites do cotidiano, mas ter como princípio norteador para a vida de labor e afeto, o horizonte.


Bar da Ana e do Orlando, por ocasião do lançamento Crônica sobre o trecho. No primeiro plano, Gilberto Leite, amigo de Almeida, desde os tempos de república, na década de 90; e Raimundo Gomes, ao fundo.Foto: Eric Belém 

É como diz Rogério Almeida: “O Trecho nasce no caldo do desmatamento, da floresta que sucumbe em nome do saque, colocando sob ameaça todos os seus encantados e saberes ancestrais com os quais ela conflui. Saque permanente: vidas, terra, floresta, minério, água, energia...”

Usando da possibilidade de fala, o militante das Brigadas Populares, em nome da equipe do CEPASP (Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular), Raimundinho, agradeceu por mais uma contribuição que Rogério Almeida para a região de Carajás, com a entrega pública de mais um livro com grandioso  conteúdo, depois de nove anos atrás ter lançado o valioso Pororoca Pequena, não mais e nem menos maior que o de agora.

Enfatizou a tamanha perspicácia com que Rogério Almeida trata o cotidiano, na forma de observar, registrar e relatar, dando visibilidade às pessoas, aos gestos, aos tratos com solidariedade, que se somam e se dividem no trecho. Próprio de um militante, marxista, revolucionário, que avança fronteiras convivendo e compartilhando saberes necessários para os grandes saltos rumo a humanidade, rompendo as amarras impostas pela ideologia burguesa.

Pausamos com a poesia, pag. 149, Alguém Mandou. No morro, entre rimas, lágrimas, zincos e madeiras/Balas, balas, balas, aos montes/Como se fossem nuvens e gafanhotos/Balas, balas, balas em toneladas/A cada instante, todos os dias, durante todo o ano/Balas, balas, balas de todos os calibres/Sobre o alvo do corpo negro/Balas em crianças, balas em adultos e balas em velhos/A bala mata toda a família com único disparo/A bala abala a quebrada inteira/O surdo/Cansado, silencia velório das derradeiras crianças alvejadas/Flor da idade/Morte à queima roupa/Alguém mandou.../Mandou matar de bala, de raiva e de fome...

Recomendamos a imediata aquisição e leitura dos valorosos livros. Como disse o próprio Rogério, no lançamento: “não tem fins econômico, o que for arrecadado é para tomarmos de cerveja e cachaça, passem a grana ao companheiro Eric.”

Marabá 02 de março de 2024.

Brigadas Populares

Nenhum comentário:

Postar um comentário