Rogério Dias intermediário da morte de Dezinho foi condenado a 16 anos de prisão. Dias é irmão do pistoleiro Wellington, foragido de Justiça, junto com Igosmar, primo e também mediador da execução do sindicalista.
Morosidade, negligência em investigação, quando não conivência com
os acusados são elementos que integram o contexto sobre os assassinatos contra
os defensores da reforma agrária, meio ambiente e direitos humanos na Amazônia.
Uma permanência constitutiva nos projetos de desenvolvimento impostos à região.
Assim, no mesmo dia da condenação Rogério de Oliveira Dias a 16
anos de prisão, em Belém, no dia 13, por ter intermediado a execução do
sindicalista José Dutra Costa, o Dezinho, morto em novembro de 2000, no Bico do
Papagaio (fronteira do Maranhão, Tocantins e Pará) o militante do MST, Raimundo
Nonato Silva Oliveira era assassinado. Rogério estava foragido, e foi preso em
2020.
Como no caso de Dezinho, o ativista do MST foi morto em casa. O Bico do Papagaio é a região considerada a
mais letal na luta pela terra no País. A certeza da impunidade incentiva a
continuidade das mortes.
A morte de Dezinho poderia ter sido evitada. Assim tantas
outras. O nome do sindicalista constava em
uma lista de ameaçados de morte por grileiros, madeireiros e pecuaristas da região.
As autoridades tinham conhecimento do fato. Nada fizeram para evitar. Os crimes sucederam, chacinas e execuções. A
exemplo da morte do casal de extrativistas na cidade de Nova Ipixuna, nas proximidades
de Marabá, José Cláudio e Maria, em 2011, e a chacina de Pau D´arco, em 2017, e
em seguida o assassinato da principal testemunha do caso, Fernando Araújo, em
2021.
Maria Joel assumiu a bandeira do marido Dezinho. E desde sempre
anda com escolta policial por conta das constantes ameaças de morte. Por ocasião do lançamento do livro Luta pela terra
na Amazônia: mortos na luta pela terra! Vivos na luta pela terra!, em julho, na
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), em Marabá, sudeste
do Pará, dois PMs a acompanhavam a sindicalista. Dona Joel assina junto com a
filha Joélima um relato sobre Dezinho. A
obra é de acesso livre. Acesse AQUI
Caso Dezinho
O sindicalista foi assassinado na porta de casa no município de
Rondon do Pará, sudeste do estado no dia 21 de novembro de 2000. 2 mil reais era
o valor estipulado para missão conferida ao pistoleiro Wellington, então com 19
anos, vindo da Bahia por encomenda do consórcio de fazendeiros organizado na
cidade. A mobilização em consórcio para diluir custos e responsabilidades, e a estratégia
em orquestrar inúmeros mediadores é recurso em dificultar as investigações
policiais sobre a cadeia criminosa que mata os defensores da reforma agrária,
meio ambiente e direitos humanos.
No caso do Dezinho, além de Rogério e o irmão Wellington, que
disparou três vezes contra o sindicalista, foi preso por populares logo após o evento
por conta de Dutra, ainda que baleado, ter brigado com o pistoleiro, que caiu
em um buraco. Consta ainda na cadeia do
baixo clero do crime Igosmar, primo dos citados acima, e o capataz de fazenda
Domício Souza Neto, absolvido em 2013. Wellington
e Igosmar estão foragidos da Justiça.
Os fazendeiros Lourival de Souza Costa ao lado Décio José Barroso
Nunes são acusados de mando do crime contra Dezinho. O primeiro foi absolvido
em 2013, já o segundo foi condenado a 12 anos de prisão em 2019. Todavia,
responde em liberdade. Delsão, como é notabilizado o fazendeiro e
madeireiro Barroso é conhecido como o mais violento na cidade de Rondon. Sobre
ele pesam outras acusações de morte.
Operaram na acusação contra o intermediário Rogério pelo Ministério
Público do Pará, o promotor Edson Augusto Souza, auxiliado pelos advogados Marco
Polo, da Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos do Pará (SDDH), José
Batista Afonso, Comissão Pastoral da Terra (CPT), de Marabá e Rogério Silva. O
júri foi presidido pela juíza Sarah Rodrigues, que proferiu a sentença por volta
das 16h.
Veja o documentário sobre Dezinho produzido pelo cineasta e
professor Evandro Medeiros AQUI
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