O jornalista Ismael Machado assina o argumento do filme, e divide a direção com Glauco Melo. O documentário poder visto no yuotube desde o dia 13
Negra
retinta, Zélia Amador de Deus é plural. Educadora, atriz, diretora de teatro, além de
militante do movimento negro no estado do Pará. Uma das fundadoras do Centro de
Estudos de Defesa do Negro no Pará (Cedenpa).
Trata-se de uma referência nacional. A professora emérita da Universidade
Federal do Pará (UFPA) é filha de Soure, arquipélago do Marajó. Terra sesmarial,
onde os seus ancestrais labutaram em fazendas.
Manuel
Faustino de Deus e Francisca Amador de Deus, avós, foram os responsáveis pela educação
da filha de Xangô e Nanã. Os avós migraram para Belém logo que a mãe, com
apenas 16 anos, pariu Zélia. Até o momento não conheciam moeda. No Marajó o
escambo servia de paga na fazenda. Uma ferramenta
de subordinação, como registra os escritos de Dalcídio Jurandir.
O
teatro e a educação serviram de trilhas para a sua consciência de classe e na
sua formação política, bem como de reconhecimento como mulher, negra e
educadora. Zélia viveu os sombrios anos da ditadura civil militar. Numa escola de freiras conheceu pela vez
primeira o preconceito racial.
Amador
é defensora ferrenha das cotas nas universidades. É linha de frente na
elaboração de políticas públicas no campo da educação sobre a questão racial. Na condição de coordenadora do Grupo de
Estudos Afro-amazônicos foi responsável pela elaboração do processo seletivo
especial direcionado para as comunidades quilombolas.
Nos
anos recentes, diferentes universidades federais no estado adotam o processo
especial. Um importante passo no processo de inclusão. Ainda que pese inúmeros
fatores limitantes que comprometem a permanência de quilombolas nas
universidades e indígenas. Uma outra
barricada a se enfrentar
Na
intenção em recuperar parte da vasta trajetória da professora, a produtora
Floresta Urbana, disponibiliza no youtube desde o último dia 13 o curta
metragem Amador, Zélia. O argumento e direção é assinado pelo jornalista Ismael
Machado, que divide a direção com Glauco Melo, que conta com uma robusta
retaguarda.
A
partir dramatização, colagens e de relatos da própria professora, educadores e
militantes do estado do Pará, e de além riomar, a exemplo da escritora Djamila
Ribeiro, o filme intenciona em valorizar a relevante contribuição da múltipla Zélia
Amador, esclarece o site do projeto contemplado em edital da Lei Aldir Blanc.