Dias. Tudo bem contigo?
Espero que sim. Sonhei que a gente se bulia numa rede algodão. Havia apreensão
em seus olhos. O risco da chegada inesperada de alguém. O desassossego de
interrupção do rito amoroso. Um flagrante. Crime passional. Gritos, insultos,
soco, faca e bala. Corpos nus desprovidos de vida. Um sobre o outro. Um dentro
do outro. Angu de sangue. Notícia de jornal.
A tarde estava tomada de
chuva. Céu de amor em casa avarandada.
Passarinhos em revoada. Vento suave. Folhas e frutos ao chão. Rede de algodão.
Cheirosinha. Amaciante de bulinação. Você a judiar do meu corpo e da minha
alma. O cego forte. Rijo. Qual um sorvete de doce algodão a enfrentar vento de
praia no litoral do Maranhão. Touro de São Sebastião.
Ecumênico ateu a rogar
por forças a Jesuscristinho, Nossa Senhora de Nazaré, e aos tambores do
candomblé. Mautiner atômico em maracatu aperreado em ladeira da Cidade Velha.
Danação dos diabos em ebulição. Arrebatação. Arrebentação. Tensões. Tesões.
Muro de arrimo em ruínas. Só ruínas.....
Sonhei que a gente se
bulia numa rede de algodão. Um forró fora da quadra de São João abençoado pelas
maldades do deus Baco. Capitães da areia
em capoeira. Um combate de bocas e pernas.
Bulinação de rede. Pressas e desassossegos. Agonia e lentidão. Suspiros profundos entregozos. Tempestade tropical. Beira de rio. Amores líquidos. Café forte. Cuscuz de arroz em forma de coração. Cochilo profundo. Sem forças. Moribundo do amor sob laje de grande cidade. Sem pernas para fuga, acorrentado aos braços de uma deusa de ébano à espera do juízo final... o sol...há de brilhar mais uma vez....
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