sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Danação em dia de chuva em rede de algodão

 



Dias. Tudo bem contigo? Espero que sim. Sonhei que a gente se bulia numa rede algodão. Havia apreensão em seus olhos. O risco da chegada inesperada de alguém. O desassossego de interrupção do rito amoroso. Um flagrante. Crime passional. Gritos, insultos, soco, faca e bala. Corpos nus desprovidos de vida. Um sobre o outro. Um dentro do outro. Angu de sangue. Notícia de jornal.

A tarde estava tomada de chuva.  Céu de amor em casa avarandada. Passarinhos em revoada. Vento suave. Folhas e frutos ao chão. Rede de algodão. Cheirosinha. Amaciante de bulinação. Você a judiar do meu corpo e da minha alma. O cego forte. Rijo. Qual um sorvete de doce algodão a enfrentar vento de praia no litoral do Maranhão. Touro de São Sebastião. 

Ecumênico ateu a rogar por forças a Jesuscristinho, Nossa Senhora de Nazaré, e aos tambores do candomblé. Mautiner atômico em maracatu aperreado em ladeira da Cidade Velha. Danação dos diabos em ebulição. Arrebatação. Arrebentação. Tensões. Tesões. Muro de arrimo em ruínas. Só ruínas.....

Sonhei que a gente se bulia numa rede de algodão. Um forró fora da quadra de São João abençoado pelas maldades do deus Baco.  Capitães da areia em capoeira. Um combate de bocas e pernas.

Bulinação de rede. Pressas e desassossegos. Agonia e lentidão. Suspiros profundos entregozos.  Tempestade tropical. Beira de rio.  Amores líquidos. Café forte. Cuscuz de arroz em forma de coração. Cochilo profundo. Sem forças. Moribundo do amor sob laje de grande cidade. Sem pernas para fuga, acorrentado aos braços de uma deusa de ébano à espera do juízo final... o sol...há de brilhar mais uma vez....

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