Celebrar, é assim que tem de ser, já dizia Chico Science
No
fim da tarde de ontem Mainha ligou toda serelepe. Estava risonha e eufórica. Toda
feliz. Desejava contar as peripécias que havia realizado no dia anterior, o
dedicado às mães pelo deus mercado. O Dia das Mães sucedeu o aniversário de
9.0, celebrado no dia 03.
Desde
o dia 03 ela faz festa. Afinal de contas são nove décadas em mundo que a todo
momento passa por uma abissal metamorfose, infelizmente, para um quadro nada
animador.
A
missa na Igreja do bairro da Alemanha foi o pontapé inicial de um dia entupido
de andanças. Havia tempos que não dava um rolê na cidade. Ela risonha conta que
se aprontou toda. Colocou até colar de contas.
A
turma toda danou a rezar. Todas as mães da casa, além dela, a filha Cristiane e
a neta, Isabela. Todas mães. Na casa o mais devotado à religião é o neto
Jonatan, que anima a celebração com violão e canto.
Ah, o mascote da trupe também foi, Franklin, o
bisneto. Por conta da fofura ele ganhou a alcunha dada por mim de Rabicó. Simpático
personagens de Monteiro Lobato.
Delza e Franklin, o bisneto fofo
Na
missa ela foi a atração principal. “O padre me chamou, desceu do púlpito para
falar comigo. Era tanta gente querendo me abraçar e eu com medo”, narra
esfuziante e risonha.
“Olha,
recebi tanta mensagem de feliz aniversário e de Dia das Mães de gente que nem
conheço”, festeja a sã senhora que não é muito lá de missa.
Delza
narra que recebeu um monte de flores, e que elas não param de chegar. Fez
questão de guardar os enfeites da festa surpresa do dia do natalício. Mostrou
como se criança fosse os balões e mimos que recebeu.
Após
a missa a trupe correu praias. São Luís é uma ilha. É água por todos os lados.
O neto a levou para um monte de lugar. “Eu andei tanto de carro que fiquei
tonta” rememora. Tudo entre risos e feliz.
Eles correram praias, dente elas, a mais popular. O neto exibiu o quanto a Ponta D´areia mudou. Como a especulação foi corrosiva e segregacionista. O capital especulativo se territorializou e renomeou arrogantemente uma parcela do espaço como Península. Ponta D´areia um dia foi a praia mais popular. A praia mais preta da Ilha. A praia dos regueiros.
“Comi
de tudo que eu gosto, bebi cerveja e vinho, não sei como não senti nada. Tá
tudo bem. Nenhum desmantelo no fígado”, dispara em êxtase.
Em
uma das paradas, da Igreja do Carmo, no Centro da Cidade, no estacionamento, um
dos antigos flanelinhas a identificou. Tocou na cabeça grisalha dela e danou-se
a chorar ao lembrar da mãe que havia perdido.
“Muita emoção no meu aniversário e Dia das
Mães. Olha, como chorei. Recordei da infância, da minha mãe, do trabalho, de
tudo que passei para criar vocês”, recupera, mas, tudo entre risos.
Segue
o fluxo festivo. Ganhou do namorado da filha (Valdir) uma garrafa de vinho. E
sempre beberica um cadinho.
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