As Brigadas Populares de Marabá analisam parte das consequências do golpe para a Amazônia.
Os
países capitalistas imperialistas que saíram fortalecidos com a guerra de
rapina (I Guerra Mundial) se sentiram ameaçados com a força da Gloriosa
Revolução Proletária de Outubro de 1917 na União Soviética, muito mais ainda
com o papel que teve a União Soviética, dirigida por Stalin, durante a II
Guerra Mundial, pela capacidade de construir uma valiosa unidade para derrubada
do fascismo imposto por Alemanha, Itália e Japão. E também, com a revolução
proletária na China (1949) e a revolução em Cuba(1959).
Os Estados Unidos (EUA), logo após a segunda
Guerra Mundial desenvolve seu aparato econômico, político e militar, no sentido
de submeter países do mundo inteiro a seus interesses. Assim como seu aparato
bélico-militar cria a ONU-Organização das Unidas, Banco Mundial (BIRD), Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Fundo Monetário Internacional (FMI),
para impor aos países, principalmente da América Latina a condição de semi-colônias,
dependentes e subjugados, a partir de dividas contraída.
As
forças revolucionárias brasileiras, embora pressionadas por contradições
internas não resolvidas, avançavam diante do governo de João Goulart para fazer
serem implantadas reformas fundamentais para construção de um país democrático
e soberano, rumo a uma revolução socialista, como no caso da Reforma Agrária,
com a tomada das terras dos latifundiários e distribuídas aos camponeses pobres
sem terra.
Esta
movimentação contrariava em muito o gigante imperialista estadunidense, como
também a grande burguesia latifundiária e compradora brasileira fortemente
atrelada e a serviço do imperialismo. Portanto, para estas forças reacionárias
contrarevolucionárias o caminho que mais lhes agradava para conter o avanço
democrático e revolucionário, era o Golpe. Que foi dado em 31 de março de 1964,
no Brasil.
De
1964 a 1985 temos no Brasil uma ditadura militar dirigida por governos
militares com participação de civis coniventes com o modelo. Como o
imperialismo ianque já havia mapeado a Amazônia, principalmente os recursos
minerais do Sul e Sudeste do Pará, através da United States Steel Corporation (US
Steel), atuando no Brasil desde 1920, a partir de Conselheiro Lafaiete, em
Minas Gerais, faz com que seus lacaios brasileiros tracem uma geopolítica para
a Amazônia capaz de possibilitar o brutal saque de suas riquezas.
Em
1966, o governo começa suas reformas estruturais para facilitar a penetração e
avanço do Capital na Amazônia, como forma de saque, degradação ambiental e
desterritorialização dos povos amazônidas e destruição de suas culturas, como
forma de desempendimento para o avanço da Era dos grandes projetos, com
apropriação, principalmente, do potencial hídrico, mineral e madeireiro, sem
que nem a tal burguesia local pudesse opinar, mas como submissos acumular a
partir das sobras.
Sob
o manto de medidas ”protecionista” a Amazônia era colocada sob a Doutrina de
Segurança Nacional, tudo deveria ser decidido de fora, assim a SPEVEA foi
transformada em SUDAM-Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia, o
Banco da Borracha é transformado em Banco da Amazônia S.A, as terras são
federalizadas através de um decreto de 1971, que determina que a 100 km de cada
margem das rodovias federais passariam a jurisdição da União, o caso da
Transamazônica, Perimetral Norte e a Santarém/Cuiabá.
Em
1967, o Código Mineral, que foi criado em 1940, é reformulado, para melhor
possibilitar o saque, dando poderes absolutos às empresas mineradoras
detentoras de concessões minerárias sobre as populações possuidoras de direitos
sobro o solo acima das jazidas, como também as grandes dificuldades para
fazer-se interditar um projeto em fase de lavra. Que digam os Xicrins do Cateté
que estão com suas águas poluídas pelas atividades minerárias desenvolvidas
pela mineradora Vale, no projeto Onça Puma, em Ourilândia do Norte, sul do
Pará.
A
manobra é sempre tão bem planejada que a partir da reformulação do Código
Mineral (1967) até o ano de 1985, é dado por descoberto na Amazônia trinta e
uma enormes jazidas minerais, sendo vinte e sete no Estado do Pará, duas no
Amazonas, uma no Maranhão e uma no Amapá. Os componentes destas jazidas, são:
Ferro, Manganês, Caulim, Titânio, Estanho, Bauxita metalúrgica, Níquel,
Gipsita, Cobre, Nióbio, Estanho-urânio-terras raras, Ouro, Gás natural,
Estanho-criolita, Wolframita e Cromita. Quatorze destas jazidas estão
localizadas na região de Carajás, onde a US Steel, através de sua subsidiária,
a Companhia Meridional de Mineração, atuou da década de 1950 a 1970.
O
imperialismo ianque também se fez e faz presente através do financiamento de
diversos grandes projetos, como: a pavimentação da BR 364, nos Estados do Mato
Grosso, Rondônia e Acre(bastante criticado na época por Chico Mendes, devido ao
grande impacto para a floresta amazônica); Projeto Carajás(mina, ferrovia e
porto); Bauxita em Oriximiná; o complexo Albrás/Alunorte, em Barcarena; a
Barragem de Tucuruí; Prodeagro-Programa para desenvolvimento da Agropecuária e
Planafloro -Plano Agropecuário e
Florestal de Rondônia, em Rondônia e Mato Grosso. O Brasil chegou a estar
dentre os cinco países maiores tomadores de empréstimos junto ao Banco mundial,
para possibilitar a implantação de infraestruturas para viabilizar o saque e
para elevar o robusto tamanho da dívida externa do Brasil.
Se
faz necessário lembrar que tudo isso aconteceu e vem acontecendo diante de um
estado de enorme repressão a índios, quilombolas e camponeses pobres sem terra
ou com pouca terra, através de tomada de territórios, torturas, assassinatos,
chacinas e massacres, assim como também foi a ação de milhares de militares das
Forças Armadas brasileira contra dezenas de jovens revolucionários que no final
da década de 1960 e inicio da década de 1970 se propunham a organizar uma
guerrilha na região do Araguaia/Tocantins, para se oporem ao regime militar,
conhecida com Guerrilha do Araguaia.
Portanto,
o golpe militar de 1964 foi diretamente apoiado pelo imperialismo estadunidense, os governos militares
cumpriram seu papel de capachos e lacaios, a grande burguesia brasileira
serviçal do imperialismo continua entregando a nação e oprimindo os povos, os
governos que sucederam ampliaram o leque de entreguismo e submissão, e a
Amazônia, vem permanentemente passando
por um processo de saque com seus povos tendo que usar de suas resistências
para conter o avanço do processo de
destruição, principalmente agora que o atual governo usa das mesmas formas para
reprimir índios, quilombolas e camponeses pobres sem terra ou com pouca terra,
vejamos a repressão que está acontecendo hoje contra camponeses do Acampamento
Manoel Ribeiro, em Rondônia.
Uni-vos
as forças revolucionárias e nos coloquemos em lutas, antes que seja tarde![
Brigadas Populares, Marabá/PA, 31/02021
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