Na
última sexta-feira, dia 9, dia em que a Justiça (TSE) nacional, sob a direção de Gilmar Mendes acenava a favor do crime
organizado como comandante nacional, no auditório da Faculdade de Saúde, Maria
da Graça, uma quilombola do município de Alcântara, Maranhão, roubava a cena na
mesa de encerramento do Seminário Internacional sobre a Amazônia (FIA),
organizado pelo Núcleo de Estudos Amazônicos (Neaz) da Universidade de
Brasília (Unb).
O
evento comemorativo pelos 30 anos do núcleo, tinha à mesa o notório economista
londrino, autor de cinco livros sobre temáticas amazônicas, o professor Anthony
Hall. Entre as publicações, a mais referenciada, trata sobre o programa Grande
Carajás, publicada na década de 1990.
Mas,
foi Maria da Graça que tomou conta do território. Ela alertou sobre a
perspectiva de desenvolvimento das populações locais da Amazônia. “Para nós a
referência sobre desenvolvimento é a beleza da natureza. É poder abrir a janela
e contemplar o sol, o rio, a floresta. É poder pescar, coletar frutos,
cuidar da roça, compartilhar com o vizinho um punhado de arroz ou farinha”,
falou em seu discurso.
Na
mesma pegada, a maranhense criticou o esvaziamento de ações dos movimentos
sociais durante os governos petistas, e a necessidade de se reorganizar a luta
no atual cenário marcado pelo desmonte das conquistas asseguradas na
constituição de 1988. “ O cenário é de fragilidade. Não temos representação no
Congresso, tomado de assalto pelo agronegócio, pastores e militares” argumenta
Graça.
A
ativista chamou atenção ainda para as inúmeras medidas provisórias que colocam
em xeque a reprodução econômica, política e social dos camponeses na Amazônia,
bem como as comunidades tradicionais em sua diversidade. Sobre a chacina de Pau
D´arco, ocorrida no dia 24, do mês passado, onde 10 camponeses foram mortos
pelas policiais do estado do Pará, sinalizou pela necessidade de não se
naturalizar tais fatos.
Outra
questão na agenda de inquietações da quilombola é o novo projeto do governo
federal para a base de Alcântara. “Não somos contra a ciência, mas aquilo não serve
pra gente. O ministro (Justiça) Jungmann esteve lá, e os moradores não possuem
a menor ideia do que o governo planeja. Não fomos ouvidos, denuncia Graça.
FIA
– O Fórum Internacional sobre a Amazônia (FIA) contou com mais de 800
inscrições com representação de todos os estados da Amazônia Legal, e ocorreu
entre os dias 06 a 09 de junho, com três mesas, apresentação de trabalhos,
oficinas e rodas de conversa.
Ao
fim do vento, uma carta sublinha sobre a necessidade da defesa das populações tradicionais da Amazônia, e contra a agenda de desenvolvimento
marcada pela presença de grandes projetos foi lida e acatada pela plenária.
O documento final, que deve ser traduzido para inúmeros idiomas, repudiou o governo Temer, considerado golpista e ilegítimo. Vale uma ressalva sobre as mesas de debates. Em todas elas as populações locais tiveram assento.
O documento final, que deve ser traduzido para inúmeros idiomas, repudiou o governo Temer, considerado golpista e ilegítimo. Vale uma ressalva sobre as mesas de debates. Em todas elas as populações locais tiveram assento.
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