quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Barcarena - ao celebrar o primeiro mês de aniversário do acidente que matou mais de 4 mil bois, distribuição de água e cesta básica não existe mais


Prestes a celebrar o primeiro mês de aniversário do acidente que matou quase cinco cabeças de gado, a população de Barcarena continua desassistida pelas instituições públicas e as empresas responsáveis pela compra e transporte da carga viva na Vila do Conde.

Conforme informações de moradores da Vila do Conde, a distribuição cesta básica e água não existe mais. “O que ainda estavam fazendo era distribuir arroz”, declara um morador da comunidade.

A ação desordenada entre os diferentes atores públicos marcou a ação reativa do Estado em relação ao acidente. Apesar do polo industrial, a cidade não conta com plano de contingência.  Até o acidente com o navio, não existia defesa civil.  

Barcarena, uma ilha industrial, vive sob o signo de risco de grandes acidentes ambientais. Faz uns 10 anos que acidentes de grandes proporções fazem parte da rotina de moradores tradicionais da cidade e vizinhança. 

Grandes corporações do setor de alumínio da cadeia de alumínio controladas pela norueguesa Hidro, o extrativismo do caulim pela a francesa Ymeris, a estadunidense Bunge do setor de grãos e fertilizantes são algumas estrelas da constelação.

Investigações da UFPA e do Instituto Evandro Chagas atestam o comprometimento dos recursos hídricos da cidade por conta da emissão de rejeitos dos processos químicos e dos acidentes com os transbordamentos da bacias dos mesmos em furos, igarapés e rios.  

Há o comprometimento da saúde de trabalhadores, moradores e das populações rurais. As últimas consideradas as mais vulneráveis, posto, que acabam por socializar os prejuízos causados pelos acidentes, que colocam em risco a segurança alimentar.

No Furo do Arrozal, por exemplo, pescadores compartilham os prejuízos por conta do acidente com o gado e outro com as balsas de soja da Bunge.  

Um antigo ativista ambiental analisa que “as instituições públicas responsáveis pela fiscalização e monitoramento do setor de saúde e meio ambiente não possuem estrutura e quadro de pessoas para fiscalizar de forma séria e isenta as grandes empresas que atuam na cidade”.

“Morar aqui é como dormir no pé de um vulcão ativo”, crava um técnico industrial que prefere não se identificar.

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