O
desembargador Noronha Tavares suspendeu liminar do Juiz André Luiz Filo-Creão G. da Fonseca, da Vara Agrária
de Santarém, expedida na metade de janeiro, que proibia a Jari Celulose de
extrair madeira de lei no entorno da comunidade de Repartimento de Pilões, no
município de Almeirim, o estado do Pará.
No
fim de dezembro moradores de Pilões, - uma comunidade secular, - decidiram por realizar
um Empate contra a exploração de madeira nativa. Empate foi uma estratégia
criada no estado do Acre por Chico Mendes e outros extrativistas para enfrentar
o grande capital.
A
decisão de Noronha foi publicada no dia 29 de janeiro, e segundo ela, a empresa
apresentou farta documentação que comprovaria a posse da terra, entre elas
Certidão de Autenticidade nº 101, expedida pelo Instituto de Terras do Pará
(ITERPA), em março de 2012.
Terras do Jari - A
decisão de Noronha é mais um capítulo de uma história de grilagem de terras no
estado do Pará. No caso da região do Jari, na fronteira do Pará com o Amapá, o
cearense José Júlio Andrade é tido como o primeiro a se apossar de vasta extensão
de terras na fronteira do Pará com o Amapá. Isso ocorreu no apogeu do ciclo da
borracha, iniciada no fim do século XIX. O cearense era a encarnação do poder econômico
e político da região.
Andrade
passou as terras para um grupo de empresários portugueses, até chegar às mãos
do multimilionário Daniel Ludwig com a anuência do regime militar. Naquele momento
a empresa derrubou mais de 200 mil hectares de floresta densa.
Caos fundiário
- estudo apresentado em 2009 pelas instituições
fundiárias dos governos federal e estadual, ministérios públicos, entre outras,
atesta que o estado tem mais de 6 mil títulos sob suspeita. Existem tantos
documentos suspeitos que daria pra fazer mais um estado do Pará, o segundo em
extensão territorial do país.
A
Justiça do Pará não acatou o pedido de suspensão dos títulos sob suspeita, e
desde então a questão encontra-se no Conselho Nacional de Justiça.
Por
conta do caos fundiário na região do Jari, a Procuradoria Geral do Estado (PGE)
questiona títulos de posse da empresa, e o Ministério Público do Estado pediu em
2013 a suspensão de todos os Planos de Manejo da Orsa
Florestal, Jari Ceulose e a Papel e Embalagens S.A, nos limites das unidades de
conservação integral ESEC Jari, Rio Paru, Jari e Amazonas.
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