Há 22 anos na estrada Machado venceu o Líbero Badaró e Vladmir Herzog, e concorre no Esso e Abdias Nascimento
Há 22 anos Ismael Machado iniciou a carreira no Diário da
Serra, jornal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Em Belém passou pelos
principais jornais, Província do Pará, O Liberal, e pelejou em assessorias. Já foi
correspondente de O Globo e do glorioso JB. Entre os frilas constam as
publicações Veja, Bravo e Caros Amigos. Também passou por TV em Rondônia e
Cultura em Belém. Em 2013 abocanhou prêmios regionais e vários nacionais (Líbero
Badaró e Vladmir Herzog), e é indicado entre os três concorrentes para outros, entre
eles, Abdias Nascimento e Esso. O novo livro
aborda a ditadura na Amazônia, foi laureado com o Prêmio Euclides “Chembra”
Bandeira, na categoria livro reportagem. Graduado em Turismo, com mestrado em
literatura, Machado é repórter especial do jornal do senador Jader Barbalho, o
Diário do Pará, que recentemente enfrentou uma greve histórica, e já iniciou a
caça às bruxas com algumas demissões. Como os experimentados jornalistas,
defende que o principal é sujar os sapatos na estrada. No terceiro casamento Machado
é pai de dois filhos. O mais velho cursa jornalismo em Vitória, Espírito Santo.
Nesta entrevista ele argumenta sobre o diploma de jornalismo e avalia os
prêmios que tem recebido.
Furo - Quem é Ismael Machado?
Ismael
Machado - Nasci em Icoaraci. Comecei a
trabalhar em 1991, em dezembro, um dia depois do meu aniversário, no jornal
Diário da Serra, em Campo Grande (MS). Passei por todas as editorias possíveis
lá, um grande aprendizado. Sou mestre em Literatura, com MBA em Comunicação e
Semiótica e Bacharelado em Turismo, além de especialização em Metodologia da
Comunicação e Aperfeiçoamento em Jornalismo.
Já trabalhei em jornais como O Alto Madeira
(RO), Província do Pará (PA), O Liberal. Fui correspondente do Jornal do Brasil
e de O Globo. Fui repórter de TV em Rondônia e na TV Cultura, em Belém. Fiz
diversos trabalhos de assessoria de comunicação, e muitos frilas (Folha, Veja,
Bravo, Caros Amigos etc).
Furo – Quais as principais influências?
IM - Influências são diversas. Nem tudo no campo do
jornalismo. Ana Maria Bahiana, Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Eliane
Brum, Ricardo Kotscho, Lázaro Magalhães, Paulo Silber, o novo jornalismo etc,
tudo são influências profissionais.
Furo - O que é a Amazônia
para o profissional Ismael?
IM - O melhor local para um profissional da reportagem estar.
Furo - Como você chegou ao O Globo?
IM - Durante o julgamento de Eldorado dos Carajás, cobri para o
Liberal e para o Jornal do Brasil, concorrente do Globo. Dois anos depois,
creio que o repórter Rodrigo Taves, enviado a Belém para cobrir o julgamento
pelo Globo, deve ter me indicado ou sugerido o nome. Numa tarde recebi um
telefonema me propondo fazer matérias para o jornal. Isso foi em 2001. Fiquei
no Globo até 2007.
Furo - Líbero Badaró, Herzog (duas vezes), Esso, Abdias
Nascimento, IAP, indicação para o da Fiepa, tudo numa lapada, o que significa
para você esse reconhecimento?
IM - Esso e Abdias são indicações como finalista. Não sei se
ganharei. Mas de qualquer forma estar entre os finalistas já é um baita
resultado. A leitura que faço é que o trabalho desenvolvido está no caminho
certo. A minha aposta é sempre no texto solto, livre de amarras, buscando a
influência do Jornalismo Literário. E na tentativa de construção de boas
histórias. Acho que isso tem obtido um retorno positivo. Nesse sentido me
parece que estou conseguindo um amadurecimento textual interessante,
conseguindo dizer exatamente o que planejei na apuração.
Furo - Machado já sabe o que fazer com esse capital
simbólico?
IM - Não. De certa forma, em muitos aspectos não tenho muita
noção da ‘ficha caída’, o que isso representa. No fundo também, o que se tem
que ter é pé no chão. Não se achar melhor do que se é, nem pior do que podem
achar.
Furo – Essa “bamburação” de prêmios é uma iniciativa
pessoal ou da empresa?
IM - É uma iniciativa pessoal, no sentido de que, muitas vezes,
a empresa nem sabe em quais prêmios inscrevi matérias. Mas ao mesmo tempo, não
se pode esquecer que o resultado dessas premiações é conseqüência da abertura
dada pelo Diário do Pará na ‘compra’, digamos assim, das ideias de pauta. Todos
sabemos que fazer reportagens na Amazônia não é nada fácil. Custa caro, é
complicado. O Diário abraça essas ideias, compra a briga. E depois, tem ousadia
suficiente para fazer páginas diferenciadas, de ampliar as reportagens em
séries, de usar espaços amplos. Em resumo: se o processo inicial é quase
solitário (pensar as pautas, produzi-las e apurar) o que vem depois é um trabalho
bem feito de diagramação e de edição. Nesse ponto, por exemplo, a interação com
os fotógrafos é total e o trabalho de editores como Lázaro Magalhães, a edição
de fotografia, o trabalho do ‘artista’ (gosto de chamá-lo assim) Alvarenga, na
arte, enfim, tudo o que vem depois da matéria escrita, é um alicerce precioso
para que haja interação total no produto final. O Diário possibilita
experimentações, ousadias gráficas, grandes reportagens. E isso é uma postura
editorial, vale ressaltar. Todos os repórteres têm essa abertura, essa
possibilidade de arriscar voos maiores em termos de reportagem.
Furo– O livro reportagem do Prêmio IAP agrupa que matérias?
IM - Na verdade é uma releitura única de tudo o que armazenei a
respeito do período da ditadura militar no Pará. Peguei todas as reportagens
feitas nesse sentido até aqui e fiz uma costura, transformando tudo numa grande
reportagem.
Furo – Quanto ao diploma para exercer a profissão, você tem
uma opinião formada?
IM - Eu não concluí o curso de Jornalismo. Pergunte ao Collor o
motivo (heheheh), portanto sou plenamente a favor da formação aberta, ampla. E
do talento e vocação. Na verdade, com exceção das formações mais especificas,
como medicina, engenharias etc, penso que o mundo de hoje não pode mais ser
estanque. Vejo isso na academia, esse engessamento, essa limitação de
possibilidades. Os historiadores rejeitam jornalistas fazendo o trabalho de
historiadores, os jornalistas não querem que formados em Letras exerçam a
função. Não gosto muito desse universo fechado. Quando fui fazer o meu primeiro
teste numa redação, havia abandonado no último ano o curso de Psicologia. Numa
entrevista de emprego a responsável pelo teste disse que eu estava no lugar
errado e me indicou para um amigo, editor de Economia do Diário da Serra. Fiz o
teste junto com uma recém-formada em Jornalismo. Ele me disse depois que minha
materinha havia sido muito superior a dela. Sei que quando entrei a primeira
vez numa redação, descobri ser ali o meu lugar. E aqui estou até hoje
Rogério almeida neste texto faz um mergulho em águas barrentas e consegue mostrar aspectos da situação socioeconômica de Cachoeira do arari imbricadas com a alegria e vontade de viver e de redesenhar seus destinos das gentes que habitam este território das águas.
ResponderExcluirParabéns...