Foto - J Seixas
A minha cidade fede. A minha
cidade é suja. A minha cidade é foda. Parece viver em farra e fofoca. Farofa. E
faz de conta que é séria.
Para o fim de ano o
circo tá pronto. Para azeitar os 400 anos de enrabação, festa para todos os
gostos: evangélico, pop, samba e por ai vai. Tudo importado.
O reggae antes marginal
afronta espaços de bacana. O mangue cada vez mais é sufocado pela especulação
imobiliária. A cidade se verticaliza. Tanto mar. Tanta merda a boiar. Bacanas em
exibição em novo point da cidade: Lagoa da Jansen.
Super motos em fileira.
Dondocas em salto alto. Num cantinho casas simples resistem. Perdi as contas de
quantas administrações empreenderam empréstimos para sanear o espaço. Ainda assim
ele fede, tal os salões dos palácios; qual as tramas dos bastidores da políticagem.
Sobram tambores e
regueiros. Falta água todo dia. É o drama da ilha. Num bairro chegou a faltar
por quase um mês. A cidade é cinematográfica. Tanta luz. Tanta propaganda para
atrair turista e não existe água no chuveiro da praia.
É recorrente a
explicação que a falta da água diária é por conta da indústria de alumínio
estadunidense, Alumar, que consome além da água, energia subsidiada. E a gente
ainda paga por isso.
Oh minha cidade
sitiada. Entupida de Ribamares, mas somente um usufrui as benesses do miserável
lugar.
A minha cidade fede. A minha
cidade é suja. E ainda faz festa.
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