Não
é somente os desafios geográficos que tornam a cobertura jornalística na
Amazônia um desafio. O aspecto exuberante e exótico ainda predomina em boa
parte da limitada e precária cobertura sobre a região considerada estratégica
em várias dimensões. Má formação
profissional, distância física entre as regiões, condição de periferia mesmo em
relação ao país, o que poderia explicar o cenário?
Os
principais veículos quando fazem alguma cobertura acabam reeditando a
perspectiva das primeiras narrativas dos colonizadores. E contemplam a região
como algo estranho, atrasado e que necessita ser enquadrada sob os auspícios da
civilização. Há exceções. É certo. Mas,
até entre os veículos considerados “alternativos” a região é
invisibilizada.
Neste sentido a jornalista Marina Amaral
e o fotógrafo estadunidense Jeremy Bigwood ficaram
uns 18 dias percorrendo a região de Carajás, sudeste do Pará, oeste do Maranhão
e norte do Tocantins. Os dias aqui são
de sol extenuante. Uma sensação de mais de 40º. Ambos estão vinculados ao site
Pública, que tem como pauta a defesa dos direitos humanos.
Amaral
foi repórter por uns 10 anos da revista Caros Amigos. E teve o texto lapidado
pelo craque e inventor de publicações Sérgio de Souza, já falecido. Já Bigwood
cobriu guerras em alguns países da América Latina. O conteúdo sobre os grandes
projetos é multimídia. Os jornalistas conheceram entre outras cidades Marabá,
Canaã dos Carajás e Parauapebas no estado do Pará e Açailândia no estado
Maranhão. Ambos são cortados pela Ferrovia de Carajás, que escoa o minério
extraído na serra paraense.
A
dupla percorreu perto de 2.500 km entre rodovias e estradas vicinais. Ouviram
autoridades, militantes de movimentos sociais, assessores de ONG´s e pessoas de
alguma forma impactadas pelos grandes projetos na região, que tem como
principal ponta de lança a mineradora Vale, numa jornada de labuta que durava
até 12h por dia. Horas que os jovens candidatos a jornalistas dedicam ao
cibermundo.
Amaral
conta que foram coletadas mais de trinta
horas em vídeo e trinta e sete em áudio. Um excelente material a ser decupado
num momento em que a região passa por um cipoal de redefinições no plano
econômico e político. É como se outro projeto Carajás estivesse sendo editado:
ampliação do processo de extração mineral na própria região e em outros
municípios, duplicação em quase sua totalidade da Ferrovia de Carajás, projeto
de porto e hidrelétrica em Marabá, duplicação da capacidade da hidrelétrica de
Tucuruí.
Antes
da pauta sobre Carajás o Pública veiculou uma série de matérias sobre educação.
O conteúdo é aberto e pode ser replicado, desde que citada a fonte.
A
dupla agora faz o processo de apuração, e em breve irá disponibilizar o
conteúdo resultado da empreitada.
Aguardemos.
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