Perto de casa
tem um terreiro. Sempre que há foguetório calculo que é dia de festa. Parece
que hoje é dia de Santa Bárbara. O vento faz chegar o rufar dos tambores na
casa em que passo algumas horas. Fica na fronteira de Belém com Ananindeua.
Os tambores do
terreiro assanham as lembranças da cidade de São Luís. Os sons dos terreiros
dos bairros da Camboa e Liberdade. Uma terra de preto. Inundada de sotaques de
bumbas, tambor de crioula e blocos de carnaval. Além do ruído dos motores das
embarcações.
Um cortejo
cortou a rua onde fica a casa em que passo algumas horas. Todas as pessoas
trajam branco. Desço e puxo prosa. Um caminhante informa do que se trata. Uma
camionete carrega uma imagem. Alguém explica que é Santa Bárbara. Quero saber
onde fica o centro. Após o jantar dei um pulo no espaço.
A área é grande.
Ajeitada para o ritual. Parece que aglutina várias moradas. Um par de vira-latas
descansa. A mesa é farta de comida. Jovens batucam para o entôo dos cantos. O mar
de São Luís não parece tão distante. A casa é de mina. Assim explica o ente da
mesma.
Não tenho a compreensão do assunto. Apenas fico encantado
com a ancestralidade. Ali. Vizinha. Pertinho. E tão longe. Um mar que não tenho
braçadas para vencer.
Fotos - M Quino
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