Um papel secundário da mulher é o mais comum, quando se tenta recuperar a trajetória da luta pela terra no sudeste do Pará. No entanto, os vinte e sete minutos do documentário Mulheres, mães e viúvas da terra- sobrevivência da luta e esperança na justiça, elucida que não é bem assim.
O documentário foi dirigido pelo professor Evandro Medeiros, do campus de Marabá da Universidade Federal do Pará, e descortina o protagonismo das mulheres na luta pela terra. Na derradeira sexta feira, quando a cidade fervia em “baladas”, num auditório lotado do Instituto de Artes do Pará (IAP), o documento era apresentado e debatido aos interessados no assunto. Coube a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH) a mediação.
As mulheres ocupam o primeiro plano do documentário produzido a partir de um edital do Ministério da Cultura. Geraldina Canuto, Maria Joel, Luzia Canuto e Marina Silva ajudam a elucidar tal papel. Ainda que algumas não ocupassem a linha de frente na direção sindical, eram/são elas as responsáveis para cuidar as crianças, das roças, zelar pela casa e prover, enquanto o marido animava a luta sindical.
O tédio das cercas, o asfalto, o vento, a poeira ...a paisagem é enfadonha para quem viaja por várias horas no sul e sudeste do Pará. A paisagem serve de abra-alas para o dirigente do MST, Charles Trocate, com prisão decretada pelo governo Ana Júlia (PT), empreender a contextualização econômica e política da região. O militante dos sem terra adverte do papel colonial da mesma.
A cerca, o pasto, o asfalto são personagens de um processo de desenvolvimento marcado pelo saque aos recursos naturais, a violência, a impunidade, a banalização da execução de militantes da reforma agrária e seus apoiadores e ao processo de criminalização da luta política dos movimentos sociais.
Geraldina era a matriarca da família Canuto. Faleceu em outubro do ano passado. Antes da finalização do documentário. Além de Geraldina, Maria Joel e Marina Silva protagonizam o registro da luta das mulheres que perderam os seus companheiros no sul e sudeste do Pará, por conta da militância pela reforma agrária. Todos foram executados.
Geraldina era viúva de João. Executado em 1985. Na década de 1990 D. Geraldina perdeu os filhos José e Paulo, no município de Rio Maria. Maria Joel é viúva de José Dutra da Costa (Dezinho), dirigente sindical assassinado em 2000 no município de Rondon do Pará. Marina Silva é esposa de Zé Pretinho, executado na Chacina Ubá, ocorrida em São João do Araguaia, em 1985.
Geraldina Canuto e a filha Luzia ajudaram a criar o Comitê Rio Maria. A frente luta contra a impunidade dos assassinatos contra trabalhadores rurais, em particular os casos ocorridos na década de 1980. Todos os casos que o documentário trata são marcados pela nuvem da impunidade.
Não há mandante preso. E nos crimes ocorridos contra a família Canuto, passaram-se quase duas décadas para que o caso de João fosse a julgamento. Já o da Fazenda Ubá faz 25 anos que não há justiça. Tem sido recorrente o encaminhamento de denúncia contra o Estado brasileiro nas cortes internacionais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), por conta do imobilismo da justiça. No caso da Ubá, há um processo de negociação que visa compensar as famílias que perderam os entes.
O professor Medeiros esclarece que o documentário integra uma trilogia antecedida pelos registros do caso Ubá e do caso de Dezinho. O diretor sinaliza que há o encaminhamento de produção de um registro de parte da história da família Canuto. Um emblema na luta pela terra no sul e sudeste do Pará.
A fita Mulheres, mães e viúvas da terra tem entre outras fontes o livro do jornalista Klester Cavalcante, Viúvas da terra.
O projeto recém lançado integra o repertório da produtora Labour. Além do professor Medeiros integram a equipe Fábio Oliveira, sociólogo, atuandocomo pesquisador e auxiliar de produção, Emersom Mendes, cinegrafistapolicial, com atuação em diversas emissoras da região e WaarlenLourenço, técnico de computação e editor de vídeo e áudio.
Mais informações
agadevirtual@gmail.com
O documentário foi dirigido pelo professor Evandro Medeiros, do campus de Marabá da Universidade Federal do Pará, e descortina o protagonismo das mulheres na luta pela terra. Na derradeira sexta feira, quando a cidade fervia em “baladas”, num auditório lotado do Instituto de Artes do Pará (IAP), o documento era apresentado e debatido aos interessados no assunto. Coube a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH) a mediação.
As mulheres ocupam o primeiro plano do documentário produzido a partir de um edital do Ministério da Cultura. Geraldina Canuto, Maria Joel, Luzia Canuto e Marina Silva ajudam a elucidar tal papel. Ainda que algumas não ocupassem a linha de frente na direção sindical, eram/são elas as responsáveis para cuidar as crianças, das roças, zelar pela casa e prover, enquanto o marido animava a luta sindical.
O tédio das cercas, o asfalto, o vento, a poeira ...a paisagem é enfadonha para quem viaja por várias horas no sul e sudeste do Pará. A paisagem serve de abra-alas para o dirigente do MST, Charles Trocate, com prisão decretada pelo governo Ana Júlia (PT), empreender a contextualização econômica e política da região. O militante dos sem terra adverte do papel colonial da mesma.
A cerca, o pasto, o asfalto são personagens de um processo de desenvolvimento marcado pelo saque aos recursos naturais, a violência, a impunidade, a banalização da execução de militantes da reforma agrária e seus apoiadores e ao processo de criminalização da luta política dos movimentos sociais.
Geraldina era a matriarca da família Canuto. Faleceu em outubro do ano passado. Antes da finalização do documentário. Além de Geraldina, Maria Joel e Marina Silva protagonizam o registro da luta das mulheres que perderam os seus companheiros no sul e sudeste do Pará, por conta da militância pela reforma agrária. Todos foram executados.
Geraldina era viúva de João. Executado em 1985. Na década de 1990 D. Geraldina perdeu os filhos José e Paulo, no município de Rio Maria. Maria Joel é viúva de José Dutra da Costa (Dezinho), dirigente sindical assassinado em 2000 no município de Rondon do Pará. Marina Silva é esposa de Zé Pretinho, executado na Chacina Ubá, ocorrida em São João do Araguaia, em 1985.
Geraldina Canuto e a filha Luzia ajudaram a criar o Comitê Rio Maria. A frente luta contra a impunidade dos assassinatos contra trabalhadores rurais, em particular os casos ocorridos na década de 1980. Todos os casos que o documentário trata são marcados pela nuvem da impunidade.
Não há mandante preso. E nos crimes ocorridos contra a família Canuto, passaram-se quase duas décadas para que o caso de João fosse a julgamento. Já o da Fazenda Ubá faz 25 anos que não há justiça. Tem sido recorrente o encaminhamento de denúncia contra o Estado brasileiro nas cortes internacionais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), por conta do imobilismo da justiça. No caso da Ubá, há um processo de negociação que visa compensar as famílias que perderam os entes.
O professor Medeiros esclarece que o documentário integra uma trilogia antecedida pelos registros do caso Ubá e do caso de Dezinho. O diretor sinaliza que há o encaminhamento de produção de um registro de parte da história da família Canuto. Um emblema na luta pela terra no sul e sudeste do Pará.
A fita Mulheres, mães e viúvas da terra tem entre outras fontes o livro do jornalista Klester Cavalcante, Viúvas da terra.
O projeto recém lançado integra o repertório da produtora Labour. Além do professor Medeiros integram a equipe Fábio Oliveira, sociólogo, atuandocomo pesquisador e auxiliar de produção, Emersom Mendes, cinegrafistapolicial, com atuação em diversas emissoras da região e WaarlenLourenço, técnico de computação e editor de vídeo e áudio.
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