sábado, 22 de novembro de 2008

Exploração madeireira é a principal ameaça nas terras indígenas no Maranhão

No mês de setembro o estado Maranhão ficou em terceiro lugar no ranking de desmatamento na Amazônia, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As derradeiras áreas de florestas estão em reservas florestais e terras indígenas. A terra indígena Bacurizinho perdeu a cobertura 27,8 quilômetros quadrados, enquanto na Porquinhos a floresta perdeu 10,2 km².

O debate sobre a revisão de terras indígenas tem acelerado a pressão sobre as mesmas. A devastação na Porquinhos é um exemplo.O anúncio da revisão da terra indígena fez com que os pequenos agricultores, que moravam na área, comercializassem lotes para grandes produtores. A mata tem sido devastada na prática conhecida como correntão.
A pressão de madeireiro sobre as terras indígenas é considerada a questão mais grave nas terras indígenas do Maranhão. A ausência do Estado empurra para que o próprio índio seja um facilitador da exploração ilegal da madeira. Ana Amélia Miranda, militante do Conselho Indigenista Missionário (CMI) do Maranhão pinça um pouco sobre o delicado quadro em entrevista para o blog FURO.

FURO- Como é a configuração dos povos indígenas na trilha da exploração dos grandes projetos e dos madeireiros?

CIMI – Grajaú tem a terra do Povo Guajajara, terra indígena Bacurizinho e Cana Brava. São duas áreas. Eles se auto-denominam de Tenthehara. Depois tem terra indígena dos Porquinhos que é o povo Canela, Roedor, aldeia do Ponto. É um povo bem diferenciado. A aldeia é circular. As assembléias são no pátio. As reuniões sempre ocorrem pela manhã e a tardizinha. É uma característica bem marcante deles. Tem o povo Timbira subdividido em dois troncos, Crepunkateye e o Crenier. O segundo estava disperso. Eles estão se reagrupando e exigindo o reconhecimento da Funai. No município de Amarante vive o povo Gujajara, terra de Araribóia que também alcança o município de Arame. Tem ainda o povo krikati,Canela, Kaapó e Timbira.

FURO - Qual a principal tensão nas terras indígenas?

CIMI- O Maranhão ocupa o segundo lugar no ranking de violência contra os povos indígenas. Perde apenas para o Mato Grosso do Sul. O nosso maior problema hoje é com o madeireiro. As terras indígenas e as áreas de reserva são as mais pressionadas. São nelas que ainda se encontra madeira. Temos ainda problemas com fazendeiros e caçadores.

FURO- Qual é a agenda de luta?

CIMI- Temos o grande desafio de buscar a regularização de várias áreas e lutar contra o medida que deseja rever as áreas já demarcadas.

FURO- Como é a relação com a sociedade envolvente?

CIMI- Ainda é ruim. A sociedade não indígena ainda é muito preconceituosa. Há violência no campo simbólico e físico. Em maio mataram uma criança na terra indígena de Araribóia. Este ano já foram assassinadas cerca de 10 lideranças indígenas. A gente avalia que o governo é muito lento ou não se posiciona.

FURO - A senhora pode exemplificar melhor?

CIMI - As madeiras que são apreendidas pela fiscalização do IBAMA costumam voltar aos criminosos através de uma operação que os coloca como fiés depositários da madeira apreendida. Temos ainda o caso grave da saúde dos índios que a FUNASA não corresponde com um atendimento mínimo. O direito à educação é outro assunto delicado.

FURO - A proximidade com as cidades é um problema?

CIMI- Em Amarante e Grajaú há aldeias bem próximas das cidades. No município de Grajaú, por exemplo, a aldeia Morro Branco fica entro da cidade. Eles constroem elementos de resistência, em particular culturais através da língua e as manifestações religiosas.

FURO- Essa proximidade não afeta a qualidade de vida na aldeia?
CIMI – Os valores da cultura não indígena acaba se chocando com as formas de resistência e provoca tensões. Eles são afetados pela cultua do consumismo. Há casos de alguns indígenas que passam por crise de identidade e aderem ao álcool.

FURO-Onde a situação é mais delicada?

CIMI-Na terra indígena Araribóia. Quando se trata da questão da madeira o problema é em todo canto.

FURO - Ainda há povos isolados no Maranhão?
CIMI- O povo Awa Guajá, A exploração da madeira prejudica esse povo. Ele perambula pelas matas em busca de fontes de proteínas animal e vegetal. Com a derruba da floresta a situação de segurança alimentar deles fica prejudicada.

FURO- Como o CIMI atua?

CIMI- A gente funciona como mediador, passando informações sobre questões de direitos à terra, educação e saúde, colaboração em mobilizações e no incentivo ao protagonismo.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Militantes pelo direito à moradia são soltos após cinco meses de detenção


Após cinco meses de detenção três militantes do movimento dos Sem Teto, do município de Parauapebas foram soltos na última quarta feira (19). Os militantes pelo direito à moradia tinham sido presos no dia 20 de junho. Os sem teto foram presos sem mandado judicial.

O pedido de hábeas corpus foi solicitado pelos advogados da Sociedade Paraense de Defesa de Direitos Humanos (SDDH). Como reza a praxe, os militantes foram acusados, entre outras coisas de formação de quadrilha e esbulho possessório. A área ocupada é requerida pelas empresas BURITI IMÓVEIS e por GABRIEL AUGUSTO CAMARGOS.

Assim como no caso dos sem teto, tem havido no estado uma ação sistematizada em criminalizar ações dos movimentos sociais e dos defensores dos direitos humanos. Por conta da ocupação da Estrada de Ferro de Carajás (EFC) militantes do MST e dos garimpeiros foram condenados a pagar uma multa astronômica à Vale.

Tais ações de criminalização no judiciário e por alguns segmentos da imprensa, mobilizou um conjunto de mais de 70 organizações dos movimentos sociais na coinstrução de um dossiê que deverá ser apresentado durante o Fórum Social Mundial, que ocorre em Belém entre janeiro e fevereiro de 2009.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

MPF pede investigação urgente de ameças contra ribeirinhos em Barcarena

Polícia Federal deve abrir inquérito sobre atuação da Codebar na região

O Ministério Público Federal enviou hoje (20 de novembro), ofício ao superintendente da Polícia Federal solicitando abertura urgente de investigação sobre ameças aos ribeirinhos da comunidade de Burajuba, em Barcarena. A denúncia foi feita aos procuradores da República

Felício Pontes Jr e Ubiratan Cazetta, que solicitaram a intervenção imediata da PF. Integrantes do setor de segurança do MPF estão em Burajuba acompanhando a situação.A comunidade em questão é formada por ribeirinhos extrativistas que vivem até hoje da agricultura e da coleta de frutos e oleaginosas.

Os relatos dos comunitários colhidos pelo MPF chegam a mostrar ocupação desde 1894.Em 1980, quase 100 anos depois de chegarem à região, os moradores estavam em festa porque iriam receber títulos de posse definitivos do Instituto de Terras do Pará. Mas não receberam, porque o Iterpa mudou a história e alienou todos os lotes para formar o Distrito
Industrial de Barcarena.

Com a chegada das indústrias, os conflitos se intensificaram durante todo o final do século XX, com ameaças constantes de expulsão das famílias e diminuição do perímetro da comunidade a medida que a Codebar avançava sobre as terras. Em abril desse ano, a Companhia, que é ligada ao Ministério do Meio Ambiente, já tinha tentado leiloar uma parte dos terrenos de outra comunidade tradicional, a de Boa Vista, mas foi impedida por uma liminar da Justiça Federal de Belém.De acordo com a Política Nacional dos Povos e Comunidades

Tradicionais, instituída pelo decreto nº 6.040, a comunidade da Boa Vista é exemplo dos grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.

Procuradoria da República no Pará
Assessoria de Comunicação

Agrobidoversidade na Amazônia – movimentos sociais apontam práticas agroecológicas como forma de desenvolvimento

A disputa pela terra e os recursos nela existentes coloca ao centro a disputa pelo projeto de desenvolvimento em que estão em oposição grandes corporações do setor do agronegócio, mineradoras, construtoras de barragens, base de lançamento de foguetes de Alcântara, empresas de cosméticos e farmácia; e no outro extremo camponeses, indígenas e quilombolas e demais modos de vida considerados tradicionais na Amazônia. No setor de sementes os mastodontes são a Monsanto, Dupont e Syngenta, que controlam próximo de 40% do mercado mundial.

A diferença de força e do poder político e econômico entre as partes envolvidas foi um dos pontos de reflexão do Seminário Agrobiodiversidade da Amazônia, ocorrido nos dias 17 e 18, na ilha de São Luís, Maranhão. Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA), Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) foram os organizadores do evento.
R.Almeida - abertura do Seminário sobre agrobiodiversidade da Amazônia
A ensolarada cidade recebeu cerca de 130 pessoas de todo o canto da Amazônia e de outras regiões do país para refletir sobre a questão e expor produtos numa feira dedicada à riqueza de variedades da natureza e do artesanato. Cachaça, licores, mel, comidas típicas, geléias, compotas foram expostos, entre outros itens. Na semana que reflete sobre a Consciência Negra, num estado de grande contingência afro, o Tambor de Crioula do Mestre Felipe fez as honras da casa.

A consolidação de ações em rede a partir de frentes que alternem mobilização política de pressão nos níveis locais e nacionais e a potencialização das iniciativas locais de agroecologia, fortalecimento da troca de experiências foram algumas sugestões de enfrentamento com a conjuntura que favorece as grandes corporações.

Quilombolas, camponeses, indígenas e assessores partilharam práticas baseadas nos princípios da agroecologia e que ainda carecem de maior visibilidade como possibilidades concretas de desenvolvimento que contemple o saber e os modos de produção das populações da terra firme, várzea, ilha, estuário, cerrado, áreas de colonização consideradas antigas e as áreas de colonização mais recentes na Amazônia.

Grandes projetos em questão
Nice Tavares, uma negra quebradeira de coco babaçu do Maranhão e integrante do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), reflete que a manutenção da agrobiodiversidade representa a garantia da vida. A militante arremata que o desenvolvimento baseado nas grandes empresas só traz destruição ao povo que vive mo campo.
R.Almeida- Nice Tavares reflete sobre os grandes projetos na Amazônia

A interpretação da Tavares comunga da fala dos depoimentos de militantes de outras regiões, como no caso do José Maria, do Baixo Parnaíba, mesorregião leste maranhense (Chapadinha, Coelho Neto, Caxias, Codó e Chapada do Alto Itapecuru), onde proliferam monoculturas de soja e cana.

No contexto de expansão de grandes grupos sobre áreas de populações consideradas tradicionais é comum a lógica da violência em diferentes níveis: expulsão da família camponesa, grilagens de terra, corrupção do poder público, destruição ambiental, condições análogas a trabalho escravo, prostituição e violência urbana. O militante indicar que o Grupo João Santos é um dos protagonistas. José Maria informa ainda para o elevado índice de poluição dos recursos hídricos por conta do uso intensivo da monocultura da soja.

R.Almeida- José Maria apresenta os pontos de conflito no Baixo Parnaíba
Marly e Santinha são índias Makuxi da área da Raposa Serra do Sol, em Roraima. Além do povo Makuxi a reserva registra os povos Ingarikó, Patamona, Taurepang e Wapixana. As simpáticas índias informam que o processo da presença dos sulistas na região teve início lá na década 1960 e foi se aprofundando com o passar dos anos. Elas festejam o fracasso eleitoral do prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero, o mais voraz opositor da demarcação continua da reserva.

A ação contra a União que visa o esquartejamento da reserva Raposa Serra do Sol foi movida pelos senadores Augusto Afonso Botelho Neto (PT/RR) e Francisco Mazarildo de Melo Cavalcanti (PTB/RR), com o endosso do governador do estado, Ottomar Pinto (PSDB).

As indígenas relatam que os grandes produtores de arroz expulsam os homens da região e cometem todos os tipos de violência contra crianças e mulheres. As mulheres são estupradas, ressalvam com revolta as índias. As Makuxi pontuam que a monocultura do arroz destrói os mananciais e os buritizais, palmeira comum na região. Uma artemanha corrente para a composição de latifúndios tem sido a compra de lotes em projetos de assentamento da reforma agrária. Além do arroz registra-se a introdução da leguminosa Acácia Manja, uma planta exótica.
R.Almeida- Marly e Santinha- mulheres Makuxi de Roraima
Dinâmicas agroecológicas
O seminário alternou dois momentos distintos. O primeiro dedicado para reflexão e o segundo para a apresentação de experiências locais. Silenciosamente homens e mulheres do campo fazem uma pequena revolução. A oeste do Maranhão a ONG, que tem como caráter ser dirigida por trabalhadores/as rurais tem consolidado uma prática em agroecologia que contempla inúmeras dimensões, como gênero, geração, educação e tecnologias baratas. Trata-se do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural (CENTRU), que tem entre os integrantes o histórico militante da luta camponesa Manoel Conceição Santos.

Ainda no Maranhão, na região do Mearim, região marcada pela proeminência de palmeiras de babaçu, a Associação de Assentamentos no Estado do Maranhão (ASSEMA), incentiva uma prática em agroecologia que já alcançou o mercado internacional e tem na linha de frente mulheres camponesas.

Já na região do Baixo Tocantins, onde predomina uma dinâmica de estuário, onde a vida se condiciona às oscilações das marés, a Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC) anima uma rede de agricultores/as em agroecologia em três municípios locais.

Experiências em agroecologia
ASSEMA é uma organização dirigida por trabalhadores rurais e quebradeiras de coco babaçu que tem atuação no Médio Mearim, região central do Estado do Maranhão, situado no Meio Norte do Brasil. Seu trabalho envolve famílias de 17 áreas de assentamento dos municípios de São Luiz Gonzaga do Maranhão, Lima Campos, Lago do Junco, Lago dos Rodrigues, Esperantinópolis e Peritoró, todos situados na referida região, com uma população entre 10 e 20 mil habitantes.

Comercio solidário, produção agroecológica norteiam a atuação da organização. No município de Lima Campos 11 famílias da Associação dos Agricultores da Gleba Riachuelo participam da experiência consorciando o plantio de banana, abacaxi, caju, jaca e mamão com leguminosas, árvores madeireiras da região e a palmeira do babaçu.
Em Lago do Junco, a ASSEMA assessora uma escola familiar agrícola que atende atualmente 42 jovens entre 12 e 18 anos de oito comunidades. Lá, os jovens aprendem técnicas de produção diversificada, no sistema integrado que inclui o plantio de roças, criação de pequenos animais, hortas medicinais e alimentícias.

R.Almeida - seminário de agrobiodiversidade em São Luís
O CENTRU tem na década de 1970 a sua semente e se estruturou em 1980 no Maranhão e Pernambuco. No Maranhão tem uma ação diversificada em agroecologia em múltiplas linhas que passa pela formação de núcleos de base familiar, fomento a organização de cooperativas, fábricas de beneficiamento de castanha de caju, centro de difusão de tecnologias e escola técnica de agroecologia voltada para filhos/as de agricultores/as.

O Centro de Estudos do Trabalhador Rural (Cetral) recebe visitas de trabalhadores rurais de outros estados do país e do exterior, além de professores e pesquisadores. É nele que funciona a Escola Técnica de Agroecologia e onde há mais de uma década se desenvolve um sistema agroflorestal em dez hectares.

Nos 10 hectares são cultivados horta, trinta e nove espécies de frutíferas, entre elas, acerola,caju,banana, abacaxi, coco, jaca, goiaba, cupuaçu, murici. Entre as madeiras podem ser encontradas, cedro, ipê, inharé, copaíba, mogno, paricá e nim. No caso das leguminosas usadas para adubação verde, existe farta produção de feijão guandu, mucuna preta e sabiá. A estrutura do Cetral conta com alojamento e auditório.

A modelagem da experiência CENTRU encontra-se no Projeto de Desenvolvimento Sustentável e Solidário (PDSS) – O Cerrado é vida! Uma espécie de orientador das ações da organização.
Uma das pernas fundamentais é a CCAMA (Central de Cooperativas Agroextrativistas do Maranhão), que reúne sete cooperativas nos municípios de Amarante (Cooprama), João Lisboa (Coopajol), Imperatriz (Coopai), Montes Altos (Coopemi), São Raimundo das Mangabeiras (Coopevida), Loreto (Coopral), Balsas (COOPAEB).

A CCAMA é o resultado de mais de dez anos de atuação do Centru junto aos trabalhadores/as rurais no oeste e sul do Maranhão. São 1.935 famílias, conforme os dados do projeto. Se multiplicarmos por cinco, a média de pessoas por família, teremos 9.675 pessoas envolvidas.

Experiência de agroecologia da APACC no Baixo Tocantins
Faz oito anos que a APACC atua na região do Baixo Tocantins desenvolvendo atividades voltadas para a transição do modelo de agricultura tradicional para o modelo baseado na agroecologia. Ao longo desse tempo a APACC fomentou um pouco mais de 1.000 experimentos baseados na agroecologia, em aproximadamente 130 comunidades, que envolveu cerca de 2.500 pessoas nos município de Cametá, Oeiras do Pará e Limoeiro do Ajuru.

A caminhada incentivou canais de diálogo com uma diversidade de sujeitos sociais regionais, nacionais e internacionais, entre eles universidades, associações e cooperativas de produtores rurais, Casa Familiar Rural, sindicatos de trabalhadores rurais, colônias de pescadores e inúmeras instituições dos governos municipais, estadual e federal.

Um pouco da vasta experiência encontra-se registrada em artigos na Revista Agriculturas - experiências em agroecologia, em citações de trabalhos científicos de pesquisas universitárias, nos relatos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais em participação de vários encontros dentro e fora do Pará.

Em novembro a APACC lança o livro que recupera um pouco da História da experiência. A produção contextualiza os elementos econômicos, políticos e sociais do Baixo Tocantins e sinaliza para a metodologia de trabalho que alterna o diálogo e produção de experimentos na área de produção e saúde preventiva de forma integrada. O livro registra ainda os desdobramentos positivos e limites da experiência.

Avaliação em regra geral é positiva e entusiasmada sobre a intervenção da APACC nos mais diversos níveis do diálogo da instituição. A avaliação positiva pode ser encontrada nos relatórios de observadores externos, na esfera nos financiadores e principalmente depoimentos do sujeito social que é o principal parceiro da APACC, o trabalhador/a rural, que efetivou uma Rede de Multiplicadores em Agroecologia.

R.Almeida - a dirigente sindical Valdirene fala sobre a experiência de agroecologia no Baixo Tocantins.
O reconhecido e inovador trabalho do APACC tem como pontos positivos a diversificação da produção camponesa do Baixo Tocantins. A inovação se reflete que antes da intervenção da APACC o produtor mantinha uma ou duas linhas de produção, com após a troca de conhecimento com a equipe multidisciplinar da ONG a unidade produtiva mantém entre quanto a seis linhas de produção. Isso possibilita segurança alimentar e renda durante todo o ano. O manejo do açaí é uma das praticas com maior repercussão no aumento da produção.

Movimentos sociais debatem hidrelétricas na Amazônia em Marabá

R.Almeida - obra da hidrelétrica de Estreito-MA/2008
Formular uma agenda de mobilização contra os grandes projetos na Amazônia, fazer uma contextualização da região de Carajás política, econômica e culturalmente, analisar o modelo energético baseado em hidrelétricas são alguns pontos do seminário Em Defesa a Amazônia e das Comunidades Atingidas, que ocorre no Centro de Formação Cabanagem, no núcleo habitacional Nova Marabá, município de Marabá, no sudeste do Pará, entre os dias 22 e 23 de novembro, sob a animação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

A geração de energia com base em hidrelétricas é um dos produtos primários produzidos na Amazônia, em particular no Pará, que tem a maior hidrelétrica originalmente nacional, a de Tucuruí, no sudeste do Pará. A hidrelétrica planejada no regime militar para garantir o funcionamento das indústrias de produção de alumínio no Pará e Maranhão, da Vale e da Alcoa.

O Pará exporta 75% da produção da energia que produz. A bacia do Araguaia-Tocantins é a de maior potencial de geração de energia nessa modalidade. Nos anos recentes o estado do Tocantins tem construído várias obras no setor, entre elas as hidrelétricas de Lajeado, Peixe Angical e São Salvador. Na fronteira do Tocantins com o Maranhão, no município de Estreito, do lado maranhense e Aguiarnopolis, tocantininse, ergue-se desde o ano passado, o maior empreendimento do setor no Brasil, a hidrelétrica de Estreito.



PROGRAMAÇÃO

Data: 22 e 23 de novembro de 2008.
Local: Centro de Formação Cabanagem – Nova Marabá, Marabá/Pa


22 de novembro – manhã - início: 9 horas
- Mística de abertura
- Contextualização social, política, cultural e econômica da região ameaçada pela barragem de Marabá. Entender a região.
Emanuel Wambergue (Mano-Cooperseviços)
Dr. William Assis – UFPA/LASAT

- Uma análise sobre o modelo energético brasileiro e o contexto sobre a construção da barragem de Marabá (Rogério – MAB)

- Debate em plenária

Tarde: (14 as 18 horas)
- Troca de experiências: relato sobre as experiências das barragens de Estreito, no Tocantins e a de Tucuruí, no Pará.
Roquevan – MAB e Cirineu – MAB

- Debate e relato sobre a realidade nos municípios ( se conjunturar sobre a ação da empresa nos municípios e o que está sendo debatido: qual a perspectiva atual da população frente a esse projeto).

Noite (20 horas): Filme: O chamado do Madeira

23 de novembro – 8 as 12 horas
Mística de abertura
Trabalho em grupos:
- que tipo de ofensiva que as empresas tem feito sobre nosso território – principalmente ligadas a construção de barragens;
- Construir nosso plano de ação para 2009 em diante: o que vamos fazer conjuntamente frente a essa situação. O que fazer??

- Socialização em plenária e construção de um plano de ação unitário para 2009 em diante.

DETALHES

MAB

ROGÉRIO OU DAIANE

9136 2422
3324 5530

Crise econômica reduz fluxo de navio no Porto do Itaqui


A crise econômica que abala o pólo de gusa de Carajás também afeta a outra ponta da cadeia de produção dos produtos primários e semi-elaborados da região, os portos de São Luís, no Maranhão.

Antes aqui na baía de São Marcos, registrava-se de 17 a 20 navios a espera dos produtos primários e semi-elaborados que regem a economia na Amazônia, em particular minério de ferro, lingotes de alumínio e soja. Hoje temos um ou dois.

A informação é de um funcionário do Porto do Itaqui, capital do Maranhão. O mesmo técnico explica que o temor do desemprego ronda o lugar. Um prático, responsável pela condução do navio pelo canal que leva ao porto, chega a faturar 25 mil reais por embarcação.

O funcionário explica que mesmo entre os operários menos qualificados é comum uma boa remuneração. Não é raro encontrar funcionários de ocupações mais simples chegarem ao local de trabalho com carros ou motos.

Atualmente o porto registra cinco navios atracados. Sendo três para coletar gusa, farelo de soja e petróleo e dois para descarga de petróleo, informa o site do porto.
O porto de São Luís é o principal canal de escoamento do minério de ferro da mina de Carajás da Vale, situada no sudeste do Pará. O minério de ferro do Pará chega ao Maranhão através da Estrada de Ferro de Carajás (EFC).

Ministério Público discorda de licença ambiental para construção de termoelétrica no Pará

Leandro Martins


O Ministério Público do Pará discorda da licença ambiental concedida à Vale para construção de uma usina termoelétrica, no município de Barcarena, e poderá entrar com uma ação na Justiça solicitando a sua suspensão. A licença foi liberada pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente do Pará, COEMA, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente.

Para o promotor Raimundo Morais, a usina termoelétrica de Barcarena representa uma ameaça ambiental por causa da grande quantidade de carbono que será despejada na atmosfera. "São mais de dois milhões e meio de toneladas de carbono por ano, o que significa um volume equivalente à emissão de todos os carros do Rio de Janeiro durante um ano", disse.

A Vale informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que os padrões adotados nos estudos de emissão de gases da futura usina estão de acordo com critérios do Banco Mundial e do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). A empresa diz ainda que a termoelétrica vai utilizar tecnologia limpa e moderna que reduzem, em mais de 90%, as emissões de carbono.


O promotor Raimundo Morais discorda das explicações da Vale sobre a tecnologia que será usada na termoelétrica para reduzir a emissão de gases de carbono. "As melhores tecnologias são muito mais eficientes do que essa que a Vale está apresentando. Como ela é mais cara, a Vale optou pela mais barata, que é mais suja. É muito fácil você gerar energia, gerar riqueza, transferindo para a sociedade os custos desse processo" disse.


FONTE- www.radiobras.gov.br,19/10/2008

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Marina Silva vai debater desafios na Amazônia em fórum de agroecologia no Maranhão.


Biodiversidade na Amazônia – Caminhos e desafios nomeia a palestra da senadora (PT/AC) e ex-ministra do meio ambiente, Marina Silva, a ser realizada durante o Seminário Agrobiodiversidade da Amazônia, que ocorre em São Luís, MA, nos dias 17 e 18 de novembro no auditório Gonçalves Dias, na sede do Banco do Brasil, na Praça Deodoro, centro da cidade.
Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA), Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e ANA Amazônia promovem o seminário. A agrobiodiversidade é a temática central que orientará todos os debates. O seminário vai ser uma oportunidade para lançamentos de livros, exposição de saberes e sabores da região e reflexões sobre os direitos das populações consideradas tradicionais ante a expansão de varias frentes sobre os seus territórios: mineradoras, agronegócio e obras de infra-estrutura.
É através dos portos da ilha de São Luís que o minério da Serra de Carajás ganha o mundo. A cidade padece de crônico problema de abastecimento de água e tem uma das maiores plantas industriais de produção de alumínio da estadunidense Alcoa. A Vale em convênio com empresa chinesa a construção de uma aciaria, que verticaliza a produção do ferro gusa.

Programação
1º DIA - 17/11/2008
8:00 – Mística de Abertura
8:15-9:00 – Palestra de Abertura: Qual a importância da Agrobiodiversidade da Amazônia?
Expositores/as:
1) Maria Emília Pacheco – FASE / ANA Nacional
2) Representante– GIAS / ANA Amazônia
9:00 -11:00 - Grito da Floresta: Sessão de depoimentos dos povos das Amazônia
11:00-12:30 - Mesa de Encaminhamento do Debate: Analise e Síntese dos Depoimentos
- Debate
12:30 – Almoço
14:00 -16:00– Palestra – Construção de Política para Agrobiodiversidade: Programa Nacional de Agrobiodiversidade
Expositores/as:
1) Representante do DCBio / MMA
2) João Intini - SAF/MDA
3) Paula Almeida – AS-PTA/GT Biodiversidade da ANA
Coordenadora: Maria Emília Pacheco – FASE/ ANA
16:15-17:15 - Debate
17:20 – Feira de saberes e sabores (exposição de produtos, apresentação teatral e panfletagem)
Lançamento de Livros:
RAMA em parceria com a SEAGRO – Experiências Agroecológicas nol Maranhão ;
Fórum Carajás em parceria com CPT/Balsas e Fundação Heinrichl Boell - Cerrado é chão
19:00 – Jantar
20:30 – Programação Cultural: Apresentação de tambor de Crioula
2º DIA - 18/11/2008
8:00 – Mística de Abertura do 2º Dia
8:30-11:30 – Alternativas da Floresta: Apresentação de experiências da Agrobiodiversidade da Amazônia
11:30 – Debate
12:30 – Almoço
14:15–16:45 - Mesa II – Direito dos povos e comunidades tradicionais a Agrobiodiversidade
Expositores/as:
1) Henry Novion – ISA
2) Larissa – Terra de Direitos
3) Noemi Porro – UFPA
4) Pedro Buzzoni – CTA/AC
Debatedora: Paula Almeida – AS-PTA / GT Biodiversidade da ANA
16:45 – 17:45 - Debate
18:00 – 18:30 – Palestra de Encerramento do evento : Biodiversidade da Amazônia – Caminhos e Desafios
Palestrante:
Excelentíssima Senhora Senadora Marina Silva
19:15 - Encerramento
19:30 – Jantar
Realização: Rede de Agroecologia do Maranhão-RAMA
Promoção: Articulação Nacional de Agroecologia-ANA
ANA Amazônia
Local - Auditório Gonçalves Dias, 4 andar (Banco do Brasi-Deodoro), Centro-São Luís/MA

Apoio: CESE, CONAB, MMA
www.forumcarajas.org.br