sábado, 13 de dezembro de 2008

Terras de Daniel Dantas no Pará Seriam para lavar dinheiro

O banqueiro Daniel Dantas teria outros objetivos além da criação de gado, quando comprou terras no Estado do Pará. É o que afirma o delegado federal Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha, onde prendeu Dantas, o investidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, acusados de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha.Protógenes esteve ontem, em Belém, para uma palestra na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA), à convite do senador paraense José Nery (Psol), para tratar do tema ‘A Atualidade da Luta pela Ética na Política e contra a Corrupção no Brasil’.

Para ele, o banqueiro comprou as fazendas Maria Bonita, Cedro e Espírito Santo, localizada em Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, que possuem mais de 100 mil cabeças de gado, para lavagem de dinheiro e também atrás da riqueza que estaria no subsolo das terras. O delegado disse que o Pará tem participação importante nas ligações obscuras do banqueiro.


“Existe indícios que essa compra de fazenda é para apenas esconder a real finalidade, que seria lavar dinheiro”, explicou Protógenes. “E também, existe uma situação maior, uma suspeita, que essas terras sejam ricas em minério no seu subsolo”. Para ele, as fazendas foram compradas estrategicamente. “Por isso essa velocidade e essa voracidade dele chegar e escolher determinadas fazendas, em determinadas regiões estratégicas com intenção, não no solo, mas no subsolo”, afirmou.


OPERAÇÃO Sobre a operação Satiagraha, Protógenes disse que foi uma das mais complexas que ele já participou, pois está cercada de discussões políticas. Ele chegou a participar das investigações de casos como a do deputado Hidelbrando Paschoal e investigou o ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf. “Na Satiagraha, são pessoas poderosas, que estão nos círculos de poder há mais de 20 anos”, explica. “Por causa disso, sofri pressões antes, durante e depois das investigações”.


Hoje, Protógenes está afastado das suas funções na Polícia Federal e é investigado pela própria PF por quebra de sigilo funcional, desobediência, usurpação de função pública, prevaricação, grampos e filmagens clandestinas. “Estão tentando desqualificar o trabalho que foi feito na primeira fase das investigações e tirar o foco do principal alvo, que é Dantas”, afirmou. “Existe um poder que dá suporte para ele, mais a população evoluiu e não pode mais ser tratada como idiotas”, diz.


O delegado afirmou que ainda acredita que a justiça condene o banqueiro. “Ele foi condenado pelo crime de corrupção, e ainda responde por uma segunda investigação dos crimes financeiros dele, de tamanha gravidade, que é gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, que estão sendo investigado”, opina. “A sentença do doutor Fausto de Sanctis (juiz que condenou Dantas) foi bem recebido pela sociedade”.
Diário do Pará-12-12-2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário