Inspirada em fatos inverídicos
(Be3Al2(SiO3)6) é
a composição química da gema esmeralda. É preciosa. Incide no Brasil, Zimbábue
e Afeganistão. É tida como rara. Os esotéricos a consideram a pedra do amor e
da estabilidade financeira. A corda e a caçamba.
Desprovida de grana e de amor, Esmeralda correu o Nordeste
para a cidade grande. Baixou São Paulo. Tom Zé defende que São Paulo é a maior
cidade nordestina fora do Nordeste.
A nordestina Esmeralda trabalhava na casa de branco. Fazia de
tudo: limpar casa, lavar e passar a roupa e preparar o rango. Trabalhava para
um povo que se dizia de Portugal. Bandas da Água Rasa.
O cabra fazia contabilidade, trambiques e afins. Tinha como
deleite os braços da agiotagem. Uma valsa aqui. Outra ali. De pinote em pinote
levava a vida perdulária. Quando as tramas rodavam a favor juntava o povo para
passear em litorais do país. O insano pelo Corinthians fez a cabeça da filha. Todavia,
o caçula bandeou Barra Funda.
O velho infartou no dia em que o menino declarou o seu amor
ao Porco. E, pior, na ocasião em que o muleque vibrou com gol do rival em plena via
pública...garoto sem coração....nem ligou para o pai tombado ao chão...
A mulher do portuga era da Educação. Havia sido miss ou
rainha de alguma coisa no interior. Achava-se
a Marilyn por conta dos zoio. Não devotava
trabalho. Passava mais tempo no estaleiro. Acumulava licenças. Por milagre conseguiu aposentadoria. Sabe Deus
como...
A dona era uma verdadeira comédia. Após se apartar do Portuga
virou habitue de bailes da melhor idade. Curtia uma birita com o mesmo afã em
que fugia do trabalho. Num dos bailes furou blitz.
Ao ser alcançada pela viatura tentou carteirada. Tretar era a
sua especialidade. Para a guarda de baixa estatura disparou: “Oh baixinha, tu
sabes com quem está falando? Eu sou professora....se a memória não trai, coube
ao torcedor do Porco acudir a dona educadora na delegacia...vexame? Mas qual o
quê....
A dona educadora tinha como esporte a mudança da cabeleira. Amontoava
perucas em todo canto do quarto. Em um tobogã de parque aquático durante deleite de fim de semana familiar,
perdeu o adereço capilar. Ao se certificar da perda durante a descida, convocou
o amasio: oh Manoel, ache a minha peruca....oh homi emprestável...gritava...para
a alegria dos convivas
Um dia atrás do outro. Até que, certo dia, Esmeralda acordou
com a pá virada. Danou-se que não batia bem da cachola. Incorporou tanto o
personagem que acabou no Juqueri. Tomava remédios e choques na cabeça. Por conta da encenação, passou a receber pensão,
e o Cinema Novo perdeu uma estrela. Oh Glauber....
O portuga ficava ressabiado com a secretária. Temia que ela
tivesse um acesso e colocasse vidro moído em sua vitamina afrodisíaca. Além da “conge”,
o sujeito enfileirava outros amores. Tomar o “elixir do amor” fazia parte da
rotina do Manoel. Uma espécie de
obrigação de cardíaco. Remédio de uso contínuo..
A inquilina do
Juqueri teve um enlace com um indígena. O originário tinha habilidades de corte
e costura. Assim como Lampião. Só não metia peixeira em bucho alheio. Quando Esmeralda bateu as botas, ninguém sabia
o que fazer. Menos ainda para onde mandar o corpo.
Todos desconheciam
parentes. Esmeralda não era ninguém. Ninguém sabia quase nada da gema de
coloração esverdeada. A pedra preciosa da estabilidade financeira e do amor.