quinta-feira, 2 de junho de 2022

Esmeralda, a pedra do amor

Inspirada em fatos inverídicos 



(Be3Al2(SiO3)6) é a composição química da gema esmeralda. É preciosa. Incide no Brasil, Zimbábue e Afeganistão. É tida como rara. Os esotéricos a consideram a pedra do amor e da estabilidade financeira. A corda e a caçamba.

Desprovida de grana e de amor, Esmeralda correu o Nordeste para a cidade grande. Baixou São Paulo. Tom Zé defende que São Paulo é a maior cidade nordestina fora do Nordeste.

A nordestina Esmeralda trabalhava na casa de branco. Fazia de tudo: limpar casa, lavar e passar a roupa e preparar o rango. Trabalhava para um povo que se dizia de Portugal. Bandas da Água Rasa.

O cabra fazia contabilidade, trambiques e afins. Tinha como deleite os braços da agiotagem. Uma valsa aqui. Outra ali. De pinote em pinote levava a vida perdulária. Quando as tramas rodavam a favor juntava o povo para passear em litorais do país. O insano pelo Corinthians fez a cabeça da filha. Todavia, o caçula bandeou Barra Funda.

O velho infartou no dia em que o menino declarou o seu amor ao Porco. E, pior, na ocasião em que o muleque vibrou com gol do rival em plena via pública...garoto sem coração....nem ligou para o pai tombado ao chão...

A mulher do portuga era da Educação. Havia sido miss ou rainha de alguma coisa no interior.  Achava-se a Marilyn  por conta dos zoio. Não devotava trabalho. Passava mais tempo no estaleiro. Acumulava licenças.  Por milagre conseguiu aposentadoria. Sabe Deus como...

A dona era uma verdadeira comédia. Após se apartar do Portuga virou habitue de bailes da melhor idade. Curtia uma birita com o mesmo afã em que fugia do trabalho. Num dos bailes furou blitz.

Ao ser alcançada pela viatura tentou carteirada. Tretar era a sua especialidade. Para a guarda de baixa estatura disparou: “Oh baixinha, tu sabes com quem está falando? Eu sou professora....se a memória não trai, coube ao torcedor do Porco acudir a dona educadora na delegacia...vexame? Mas qual o quê....

A dona educadora tinha como esporte a mudança da cabeleira. Amontoava perucas em todo canto do quarto. Em um tobogã de parque aquático durante deleite de fim de semana familiar, perdeu o adereço capilar. Ao se certificar da perda durante a descida, convocou o amasio: oh Manoel, ache a minha peruca....oh homi emprestável...gritava...para a alegria dos convivas

Um dia atrás do outro. Até que, certo dia, Esmeralda acordou com a pá virada. Danou-se que não batia bem da cachola. Incorporou tanto o personagem que acabou no Juqueri. Tomava remédios e choques na cabeça.  Por conta da encenação, passou a receber pensão, e o Cinema Novo perdeu uma estrela. Oh Glauber....

O portuga ficava ressabiado com a secretária. Temia que ela tivesse um acesso e colocasse vidro moído em sua vitamina afrodisíaca. Além da “conge”, o sujeito enfileirava outros amores. Tomar o “elixir do amor” fazia parte da rotina do Manoel.  Uma espécie de obrigação de cardíaco. Remédio de uso contínuo..

A inquilina do Juqueri teve um enlace com um indígena. O originário tinha habilidades de corte e costura. Assim como Lampião. Só não metia peixeira em bucho alheio.  Quando Esmeralda bateu as botas, ninguém sabia o que fazer. Menos ainda para onde mandar o corpo.

Todos desconheciam parentes. Esmeralda não era ninguém. Ninguém sabia quase nada da gema de coloração esverdeada. A pedra preciosa da estabilidade financeira e do amor.

domingo, 29 de maio de 2022

Vale mantém perseguição contra professor no interior do Pará, apesar de duas derrotas na Justiça

A mineradora processa o professor Evandro Medeiros cível e criminalmente por conta da participação dele em manifestação em solidariedade aos atingidos pelo crime que a Vale cometeu em Mariana/MG em 2015. O ato de solidariedade ocorreu em Marabá, sudeste do Pará.

Evandro Medeiros na EFC. Foto: Alexandra Duarte

No começo do mês de maio a Vale teve mais um recurso contra a vitória dos advogados do professor Evandro Medeiros negado. Na decisão do procurador do Ministério Público do Pará, Hezedequias Mesquita da Costa, ele sublinha a ausência de materialidade dos crimes que a mineradora imputa ao professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), onde realça que “Observa-se que o acervo probatório foi vastamente analisado pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Pará, que concluiu pela inexistência de provas da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria contra EVANDRO COSTA DE MEDEIROS.” Veja a íntegra do documento AQUI

A Vale processa cível e criminalmente o professor pelo fato dele participar dele participar de um ato em solidariedade às pessoas atingidas pelo crime da Vale em Mariana, Minas Gerais, ocorrido em 2015. 

Após mais uma derrota a mineradora resolveu mobilizar esforços no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A sanha da Vale contra o professor Medeiros iniciou em 2015. O processo teve impacto da saúde do educador, e acarretou em obstáculos quando o mesmo cursava doutorado, além de constrangimentos dos filhos. 

Sobre as acusações da Vale contra o professor Evandro Medeiros leia mais AQUI.

Vale processa quase 200 pessoas - Espionar movimentos sociais, dirigentes, educadores e processar quem denuncia os abusos que a mineradora promove em seus locais de operação tem sido um modus operandi da Vale.  O total beira a casa de duas centenas, conforme reportagem da Agência Pública de 2017.

 

Posseiros, sem terra, lavradores, quilombolas e  educadores de pequenas cidades e vilarejos da área de influência da Estrada de Ferro de Carajás (EFC) são alguns dos alvos preferências da mineradora.

A ferrovia de aproximadamente 900 km, liga o sertão do Pará, a região de Carajás, sudeste do Pará, ao litoral do Maranhão, São Luís. A EFC foi duplicada por conta do maior projeto da Vale, o S11D, que explora ferro na cidade de Canaã de Carajás. As cifras do projeto são de bilhões de dólares. 

O mercado asiático é o maior consumidor do minério extraído no Pará. As duas cidades de Carajás, Parauapebas e Canaã juntas exportam mais que o município de São Paulo. No ano passado o Pará contou com o maior saldo na balança comercial do país. Tudo por conta da exportação de minérios. Situação que não se reflete na melhoria de indicadores socioeconômicos da região e do estado.

O economista e professor da UFPA, Gilberto Marques, alerta que a se considerar os indicadores do último censo do IBGE de 2010, o Pará ocupa a antepenúltima colocação em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), apesar de toda contribuição do PIB nacional, e do fato de ter superado o estado de Minas Gerais na exportação mineral. 

Um quadro que alerta sobre o cenário marcado pela pilhagem, saque e violências, estas traduzidas com assassinatos e chacinas de camponeses, ambientalistas, defensores dos direitos humanos, trabalho escravo, desmatamento e grilagens de terras.

Sobre grilagens de terra em Carajás, vale a pena a leitura da tese em Geografia apresentada na USP do professor Marcelo Terence, do IFSP. Baixe AQUI

Espionagem de movimentos sociais – o mesmo site do jornalismo independente alertava em 2013 para o serviço de espionagem que a Vale mantinha contra movimentos sociais, educadores, ativistas, religiosos, e mesmo jornalistas.

Segundo a reportagem, constavam na lista de espionados o educador Raimundo Gomes, radicado em Marabá/PA, o militante do Movimento pela Soberania na Mineração (MAM), Charles Trocate, residente em Parauapebas/PA, padre Dário, missionário Camboniano, na época morador da cidade de Açailândia/MA e um dos animadores da rede Justiça nos Trilhos, além do reconhecido jornalista especialista em Amazônia Lúcio Flávio Pinto.  Leia AQUI