Escola Família Rural (EFA) de Marabá comemora 20 anos

As celebrações ocorrem entre 18 a 20 de março
 

A principal insurreição popular do período regencial do Brasil somou 180 anos este ano. É considerada por alguns autores como uma revolução social, onde indígenas, negros, tapuios e brancos empobrecidos insubordinaram-se contra o domínio português e de outros colonizadores.  

A revolução dizimou boa parte da população da época, e pela vez primeira vez, segmentos marginalizados alcançaram o poder, sendo o ápice a aclamação do dirigente Malcher como o primeiro governador Cabano.

O raio de abrangência transbordou as fronteiras amazônicas, alcançou praias do Nordeste, e mesmo regiões limítrofes com outros países.  Novos estudos desnudam outras nuances sobre o movimento, iluminam a relevância do Baixo Amazonas na empreitada.

Neste mesmo ano, uma das páginas mais sangrentas da História recente da luta pela terra na Amazônia soma duas décadas, o Massacre de Eldorado, ocorrido na Curva do S, no município de Eldorado do Carajás, no sudeste paraense, no dia 17 de abril.

A ação ordenada pelo médico – que em tese deve guardar a vida – Almir Gabriel, que na época governava o Estado, ordenou que o secretário de segurança da Paulo Sette Câmara encerasse a qualquer custo uma ação de ocupação da rodovia estadual, PA 150, pelos sem-terra.

As tropas da PM executaram 19 trabalhadores rurais sem terra. Mais de 150 policiais militares participaram da chacina que chamou a atenção do mundo. Conforme laudos, muitos foram executados com tiros à queima roupa disparados na cabeça ou no rosto.

A violência física, o autoritarismo do Estado, a espoliação e a expropriação constituem elementos que estruturam o avanço do capital sobre a terra e as riquezas cá existentes.  

Na contramão, como nos tempos da Cabanagem, sempre ocorreram formas de (re) existência populares. Uma delas tem sido a educação.

Assim, no conturbado contexto dos anos 1990, marcado pela avanço da agenda neoliberal, que teve o seu ponto alto a política de privatizações, marcada pela entrega de bandeja a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), nascia na terra dos Carajás a Escola Família Agrícola (EFA) de Marabá, sudeste do Pará.

A EFA aflorou em solo marcado pela aguda disputa pela terra, para atender, a partir das realidades especificas dos universos rurais, jovens e adultos do campo. No mundo nacional marcado pela lógica do privilegio, estudar é mais que um ato revolucionário.

A EFA integrou um leque de ações geradas a partir do Centro Agroambiental do Tocantins (CAT), experiência inovadora animada pelo educador natural da Bélgica, Jean Hébette. O centro era vinculado a UFPA. Constitui-se como um importante mediador no processo de luta pela terra aliado ao movimento sindicalista do campo da região.     

A condição precária marca a sobrevivência das EFA e das Casas Famílias Rurais (CFR), que operam a partir do mesmo modelo pedagógico, a alternância, que valoriza vivências a partir do tempo escola e tempo comunidade. Freire é uma das inspirações, onde o diálogo e a horizontalidade na relação entre educador-educando ocupam o primeiro plano.    

Damião Santos foi um dos fundadores da EFA e o primeiro monitor. Tem formação em Pedagogia da Alternância, e graduação em Pedagogia, com especialização em Educação do Campo. Atualmente cursa metrado de Desenvolvimento Socioespacial e Regional (UEMA).
 
Santos é técnico da Emater. É ele quem tem animado a celebração. Mas que se transformou numa articulação coletiva. A celebração ocorre entre 18 a 20 de março, na EFA Padre Humberto Pietogrande – Marabá.
 
A EFA está localizada na Rodovia Transamazônica km 23 (sentido Itupiranga). A programação e comissão organizadora (estão sendo organizadas).


Mais informações
Damião Soledade
dsolidade@bol.com.br
Cel/zap: (94) 99149 - 6323

terça-feira, 1 de março de 2016

Carajás - Festival de cinema celebra lutas populares na Amazônia


 

O mundo dos Carajás é um emblema na história nacional no que tange à luta pela terra. Ali, como em outros cantos amazônicos, há milênios, indígenas dominam a arte em manejar os recursos naturais, desenvolver tecnologias e  uso comunal do território.

Solo a todo momento ameaçado pelas grandes obras de infraestrutura, que visam dinamizar o saque das riquezas locais.

A aura colonial se mantém, bem como as insubordinações em sentido oposto, a exemplo de ocupações de latifúndios, edificação de escolas, novas formas de educação e re-existências em múltiplos flancos.   

Na terra dos Carajás a diversidade social agrega camponeses, devidamente territorializados, garimpeiros, peões do trecho em busca de um punhado de dignidade. Carajás é terra de migrantes. É terra de tensão constante pelo controle e uso da riquezas ali existentes. Um paraíso do enclave.

Nas terras dos caudalosos rios Tocantins-Araguaia jovens sonharam em irradiar uma revolução socialista.

Nelas o Festival Internacional de Cinema de Fronteira (FIA CINEFRONT) alcança a segunda edição. A iniciativa é da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), a partir da Diretoria de Ação Intercultural, em associação com os movimentos sociais e a Secretaria Municipal de Cultura de Marabá.
 
O indigenista e jornalista Felipe Milanez é o curador. O festival ocorre entre a 11 a 15 de abril, em Marabá e em outros campi da Unifesspa. O longa Osvaldão [2015, 80 min], considerado a maior expressão entre os guerrilheiros do Araguaia, dos diretores Fabio Bardella e o André Michiles abre o festival, às 19h, do dia 11 de abril, no Campus da Unifesspa, em Marabá. O ativista Paulo Fonteles, membro da Comissão da Verdade, e os diretores do filme debaterão sobre  a luta popular no Araguaia após a exibição.  

O FIA Cinefront contempla sessões gratuitas, seguidas de debates, a partir das realidades que fazem parte das regiões da periferia e de fronteira, inclusas de forma subordinada e tardia aos principais centros do capitalistas, a exemplo da Amazônia.

Conforme a coordenação do evento, o festival é um momento de celebrar as lutas sociais e a re-existência popular que fazem da fronteira front de batalha por direitos, igualdade, justiça e dignidade.

Em sua segunda edição, o festival coloca em foco as lutas travadas por indígenas, guerrilheiros e camponeses e a realidade de violações de direitos constituída pelo processo de ocupação da Amazônia, no contexto da Ditadura Militar no Brasil. As obras selecionadas contemplam o protagonismo de camponeses, indígenas e guerrilheiros num horizonte anti- colonial.

Homenagem - Vincent Carelli é o homenageado do Cinefront. O realizador é indigenista, documentarista, fundador do Vídeo nas Aldeias. Carelli assina filmes como "Ninguém come carvão" [1991] e "Corumbiara" [2009], que, respectivamente, denunciam a destruição da floresta pelas siderúrgicas no Pará e Maranhão e o massacre de índios na Gleba Corumbiara, em Rondônia.

Em 1969 Carelli esteve pela primeira vez em Carajás. Visitou os Xikrin do Catete. Por meio de concurso ingressou na Funai. Durante a ditadura civil-militar abandonou a instituição para somar forças junto as resistências e lutas do movimento indígena e indigenista.

Na condição de fotografo realizou uma das primeiras grandes coberturas jornalísticas sobre a Guerrilha do Araguaia junto aos jornalistas Palmério Dória, Sérgio Buarque e Jaime Sautchuk. O material foi revelado na revista História Imediata, dando visibilidade ao que a ditadura gostaria de ocultar, o massacre do Araguaia.
 
Para mais informações 

Diretoria de Ação Intercultural
Prof. Evandro Medeiros
(94) 981884746
Instituições Parceiras
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Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – UNIFESSPA
Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis - PROEX
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB
Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas - CECULT / UFRB
Rede Europeia de Investigação de Ecologia Política - ENTITLE / Universidade de Coimbra
Universidade Pontifícia Católica do Peru - PUCP
Grupo Interdisciplinar Amazônia / GIA – PUCP
Secretaria Municipal de Cultura - SECULT/Prefeitura de Marabá
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Trama Teia Produções